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E quem disse que ela é SUA Ariel!? #NotMyAriel...

Com a escolha da Halle Bailey como a protagonista do novo #APequenaSereia, aqui vão: OITO MOTIVOS QUE MOSTRAM QUE A ARIEL SER NEGRA NÃO É O FIM DO MUNDO! 🧜🏾‍♀️

Pegue a sua bruguzumba e vamos para o fundo do mar! Segue o fio ⤵️
🧜🏾‍♀️ PRIMEIRO MOTIVO: “Mas a Ariel é BRANCA” 🧜🏾‍♀️

Tudo bem. A Ariel do clássico de 1989 é, sim, branca. Não dá para questionar isso. Ou tudo o que veio depois. As sequências, a série de televisão, as intérpretes da personagem nos Parques...
Mas parafraseando a Cinderela: “Não é porque a personagem de 1989 era branca que a nova versão precisa ser.”

Porque a história da Ariel NÃO depende da cor da sua pele!

E sabe por qual razão não precisa? Porque, primeiro, ela é uma sereia!
Ou seja, ela é uma criatura lendária e fictícia, que ninguém sabe realmente dizer como é, porque existem INÚMERAS VERSÕES no imaginário popular.
Segundo, ela ser branca ou negra não muda EM NADA a trama do filme, que é sobre uma SEREIA curiosa e determinada a conhecer e fazer parte do mundo dos humanos. A premissa funciona se ela tiver a pele azul, amarela, arco-íris! Porque é insignificante dentro da narrativa do filme!
A única coisa que importa é ela ser uma SEREIA. Então, por que ela não pode ser uma sereia negra?
🧜🏾‍♀️ SEGUNDO MOTIVO: “Mas a Ariel é DINAMARQUESA!” 🧜🏾‍♀️

Você ainda não aceitou a escolha da Disney? Ou que o fato da Ariel ser branca não é relevante para o filme, não é?

Que tal analisarmos as outras Princesas, então?
A franquia das Princesas possui 11 integrantes: Branca de Neve; Cinderela; Aurora; Ariel; Bela; Jasmine; Pocahontas; Mulan; Tiana; Rapunzel; e Merida.

Anna e Elsa possuem sua franquia, e Moana não foi coroada oficialmente. Mas também são consideradas, subindo o total para 14.
A cor da pele e/ou local de origem influenciam de modo significativo a construção de SETE personagens, são elas:

1) Branca de Neve, cujo nome é uma referência à cor de sua pele, branca como a neve;

2) Jasmine, que veio de Agrabah, um local fictício de predominância árabe;
3) Pocahontas, uma nativa dos Estados Unidos;

4) Mulan, uma chinesa;

5) Tiana, uma jovem de Nova Orleans, cidade com forte influência da cultura africana;

6) Merida, uma escocesa; e

7) Moana, originária das ilhas da Polinésia.
Embora os filmes das outras sete Princesas tenham características europeias, nenhuma das histórias aponta em qualquer momento um local exato e real como o cenário da trama.
Corona e Arendelle, os reinos onde se passam “Enrolados” (2010) e “Frozen: Uma Aventura Congelante” (2013), respectivamente, são fictícios e apresentam semelhanças e influências de países como Noruega e Alemanha, porém optando por criar suas próprias culturas.
Já “A Bela e a Fera” (1991) estabelece que a trama acontece em algum lugar da França, mas é apenas uma escolha narrativa que causa pouco ou nenhum impacto no desenvolvimento da Bela e da própria história. Podendo ser ambientada em qualquer vila do interior próxima a um castelo.
Por outro lado, a única informação concreta que temos sobre uma localização em “A Pequena Sereia” (1989) é o reino subaquático de Atlântida, que tampouco é real, e nenhum reino terrestre é mencionado por nome na animação.
O imaginário popular acabou estabelecendo a Dinamarca como o cenário da aventura, pois Hans Christian Andersen, autor do conto no qual a animação se baseia, é dinamarquês e há uma estátua da Pequena Sereia no país.
Porém, isso nunca foi especificado no filme da Disney. E se considerarmos as lendas, Atlântida foi afundada pelo Oceano Atlântico, o segundo maior, que banha diversos países, incluindo o Brasil!
A história pode se passar em qualquer cidade litorânea e, ainda assim, o andamento da história não será afetado. A Disney pode ambientar a nova versão em um país litorâneo cuja a população seja predominantemente negra, e isso NÃO fará com que o filme esteja errado!
🧜🏾‍♀️ TERCEIRO MOTIVO: “Mas se mudarem a (INSIRA AQUI UMA PRINCESA MINORITÁRIA), não pode reclamar!” 🧜🏾‍♀️

Ahn!? Cinderela, Aurora, Ariel e demais aparecem como brancas e morando em reinos com ares europeus, mas as suas tramas NÃO dependem da cor da pele ou dos locais para funcionar.
O que não ocorre, por exemplo, se a Pocahontas deixar de ser uma nativa para ser branca, afinal todo o conflito do filme reside na tensão criada entre a tribo da protagonista e os europeus recém-chegados.
Assim como não faz sentido, narrativamente, a Tiana ser loira, pois “A Princesa e o Sapo” (2009) deixa bem claro o abismo existente entre as vidas da Tiana e da Charlotte, que é loira e não passa nem pela metade das dificuldades da Tiana para conseguir o que deseja.
Comparar a escolha de uma atriz negra para viver uma personagem cuja história não depende EM NADA da cor de sua pele ou do seu local de origem com o embranquecimento e exclusão de minorias pouco retratadas no cinema, muito menos em animações, é injusto e discriminatório.
Além de servir apenas para reforçar os diversos preconceitos existentes na nossa sociedade. Ainda mais se considerarmos todos os atores brancos que viveram personagens não-brancos.
🧜🏾‍♀️ QUARTO MOTIVO: “Mas já tem a Diana. Deviam fazer um filme dela!” 🧜🏾‍♀️

Pra começo de conversa, o nome dela é TIANA, com T de Talentosa!

E sim, já existe uma Princesa negra no Universo Disney. Porém, contudo, todavia, entretanto... é UMA negra, enquanto as brancas são NOVE!
Claro, a culpa disso é da Disney. Por ter demorado sete décadas para criar uma Princesa Negra e por não ter criado outras. Ela existe, mas, ao mesmo tempo, é como se não existisse, porque é ignorada por muitos, inclusive a própria Disney.
Sabe quais as chances de “A Princesa e o Sapo” (2009) ganhar uma versão com atores no futuro próximo? Quase inexistentes!

Infelizmente, a animação fracassou nas bilheterias e quase não cobriu os custos de produção e divulgação, apesar de ter recebido críticas favoráveis... ☹️
Há quem culpe o fato de ter sido uma animação produzida do modo tradicional, em vez de computação gráfica, mas...

O filme gerou algumas polêmicas, como crianças beijando sapos e contraindo doenças, e o fato da primeira Princesa negra passar a maior parte do tempo como um SAPO!
O descaso fica mais evidente ao analisar os outros filmes de animação lançados entre 2009 e 2019. Todos tiveram a chance de expandir as suas histórias de uma forma ou de outra. Menos a aventura da Tiana. Não acredita!? Aqui ⤵️
- “Enrolados” (2010): ganhou um curta-metragem e uma série de televisão;

- “Winnie the Pooh” (2011): serviu de base para “Christopher Robin: Um Reencontro Inesquecível” (2018);

- “Detona Ralph” (2012): recebeu uma sequência nos cinemas em 2018;
- “Frozen: Uma Aventura Congelante” (2013): deu origem a um curta, um especial de Natal, e em breve, a uma sequência;

- “Operação Big Hero” (2014): virou uma série de televisão;

- “Zootopia” (2016): vai se tornar uma área temática na Shanghai Disneyland;
- “Moana: Um Mar de Aventuras” (2016): embora nada tenha sido anunciado oficialmente, a Disney deve continuar explorando a história, visto o sucesso de bilheteria e crítica.
Apesar de já existir uma Princesa negra, a Disney não parece interessada em investir nela, muitos menos em arriscar com uma nova adaptação. É errado da parte dela? É MUITO ERRADO! Porque a Tiana merece ser aclamada pelo mundo inteiro. Mas não deixa de ser a verdade nua e crua.
🧜🏾‍♀️ QUINTO MOTIVO: “Mas isso é racismo inverso!” 🧜🏾‍♀️

Oi!? É sério!? Tudo bem que estamos falando de Disney e de Contos de Fadas, mas tudo tem limite.

Ainda acha justo comparar essa situação com os anos de injustiças sofridos pelos negros e outras minorias?
Não precisa nem ir muito longe para ver isso. O tamanho do ódio gratuito e as ofensas que a Halle Bailey (DE 19 ANOS!) recebeu apenas por ter sido escolhida para viver uma sereia que não é real. Mesmo tendo talento e uma voz incrível, além de sua beleza justificar a escolha!
Porque, aparentemente, escolher uma atriz branca e sem talento é uma opção melhor do que apresentar ao mundo alguém extremamente competente e capacitado, apenas por não se parecer com o que as pessoas imaginam ser a versão “verdadeira” 🙄
Escolher uma atriz negra - novamente, para interpretar uma personagem cuja cor da pele não é essencial para a história - não é apenas uma questão de representatividade. É uma questão de reparação histórica!
Porque a Disney possui os seus podres, não vamos negar. E ao longo da sua história representou os negros de forma pejorativa em diversas ocasiões, como os corvos de “Dumbo” (1941), o polêmico “A Canção do Sul” (1946), o embranquecimento temporário da Tiana em “WiFi Ralph” (2018).
E dentro dos filmes da Disney quantos negros existem? Pouquíssimos. Tiana, Naveen, Eudora, Cobra Bubbles... (O Gelado é da Pixar, só lembrando!)
Além do mais, essa pode ser a ÚLTIMA CHANCE (por enquanto) de termos uma negra como Princesa em um filme com atores. As versões repaginadas de Aurora, Cinderela e Bela (todas personagens que poderiam ter sido negras) já foram produzidas e não devem ganhar outras tão cedo!
E Rapunzel, Anna e Elsa ainda estão contando as suas histórias em forma de animação!
🧜🏾‍♀️ SEXTO MOTIVO: “Mas isso é problema da Disney. Quem lacra não lucra!” 🧜🏾‍♀️

Olha, em pleno 2019, mesmo com todos os retrocessos que estamos vendo, esse discurso não funciona mais.

Representatividade importa. E importa muito. Mas também gera dinheiro, muito dinheiro. Quer ver?
- “Pantera Negra” (2018): uma história sobre um herói negro, sendo o primeiro do gênero. Com elenco majoritariamente negro, os personagens são retratadas como figuras complexas, fugindo de estereótipos.
E mostrou que há outros papéis para negros além de escravos e empregados (podendo ser Princesas e Sereias). Arrecadou mais de US$1,3 bilhão nas bilheterias mundiais. Recebeu sete indicações ao Oscar e venceu três delas.
- “Capitã Marvel” (2019): o primeiro longa-metragem do Marvel Studios a ser protagonizado por uma mulher. Apresentando características atípicas, no mundo dos quadrinhos, para personagens femininas e elogiadas quando apresentadas em homens (“Cadê o sorriso?”).
A heroína gerou fúria em alguns, mas acabou por faturar mais de US$1,2 bilhão mundialmente e diversos elogios ao longo do caminho.
- “Com Amor, Simon” (2018): a comédia romântica entrou para a História como o primeiro filme de um grande estúdio, a FOX 2000 Pictures, a ter um protagonista assumidamente homossexual!
Arrecadou três vezes o seu orçamento nas bilheterias e recebeu a aclamação do público e da crítica. E agora com a compra da FOX pela Disney, a casa do Mickey já está trabalhando em uma série para o seu serviço de setraming inspirada no filme.
- “Viva - A Vida é Uma Festa” (2017): primeiro longa-metragem do Pixar Animation Studios com um protagonista latino. Além de vencer em duas categorias do Oscar, conquistou mais de US$800 milhões ao redor do mundo e, como os outros, o coração do público e da crítica.
Então, sim, quem “lacra” consegue lucrar. E ninguém aqui acredita que a Disney escolheu uma atriz negra por pura bondade do coração, mas porque a companhia percebeu o potencial financeiro que representar minorias no cinema pode trazer!
Isso é negativo? De forma alguma. Pois quanto mais representatividade melhor. E quanto mais dinheiro esses filmes trouxerem, muitos outros poderão ser produzidos, até que, enfim, superemos a era dos “primeiros” e tudo isso se torne algo corriqueiro.
🧜🏾‍♀️ SÉTIMO MOTIVO: “Mas eu quero FIDELIDADE!” 🧜🏾‍♀️

Depois de tudo o que conversamos, você ainda não desistiu dessa ideia? Que pena... Porém, quando estamos falando de uma ADAPTAÇÃO o conceito de FIDELIDADE é muito FLEXÍVEL.
A própria animação de 1989 não é igual ao conto do Andersen. Sabia que a Sereia não tem um final feliz nele? Pois é.

E já faz praticamente uma década que a Disney realmente abraçou a ideia de refazer as suas clássicas animações e de dar uma nova visão a elas.
Logo, mesmo que a atriz fosse ruiva e uma cópia perfeita da Ariel do desenho, seria algo diferente. TODAS as readaptações, sem exceção, trouxeram um ou outro elemento diferente, quando não fizeram um filme completamente diferente.
A Alice é adulta; a Malévola não é verde ou a vilã; o Príncipe da Cinderela ganhou mais história; o Dumbo e a mãe dele foram basicamente os únicos elementos restantes da animação. Mesmo “A Bela e a Fera” (2017) sendo quase uma refilmagem cena a cena da animação, há diferenças.
O que importa mais, afinal, a fidelidade ao material original ou a cor da pele ser branca?
Por isso, não faz sentido querer cobrar fidelidade justamente agora. Ou esperar que a Disney gaste rios de dinheiro para refazer algo que já existe. Comercialmente falando, seria mais sensato e barato se o estúdio relançasse as animações no cinema, como fazia há alguns anos.
Não é isso que o público deseja, e sim, a sensação de familiaridade de assistir a algo já conhecido, mas com uma roupagem diferente, novas emoções e surpresas. Se a estratégia da Disney estivesse errada, essas versões teriam acabado logo com “Alice no País das Maravilhas” (2010).
🧜🏾‍♀️ OITAVO MOTIVO: “Mas essa não é a MINHA Ariel e ponto final!” 🧜🏾‍♀️

FINALMENTE! Um pouco de sensatez!

Sim, essa NÃO É A SUA Ariel. Ela pertence a uma nova geração, em especial a uma geração negra, uma que vai se sentir representada como uma das Princesas mais queridas da Disney.
Que vai poder sonhar e brincar de ser sereia, sem ouvir o julgamento de “você não pode ser a Ariel porque a sua pele não é branca,” como muitas infelizmente ouviram.
O que nos resta é pedir para a Fada Azul para que essa nova geração consiga ter um pouco mais de empatia e entender que não é apenas o seu umbigo que precisa ser representado nas telas prateadas, pois há uma infinidade de pessoas diferentes.
Halle Bailey é a NOVA Ariel, quer você queria ou não. São novos tempos e uma nova Disney. Então, nada mais condizente do que apresentar uma nova Ariel, afinal foi ela quem deu início ao renascimento da Disney e abriu portas para novos caminhos!
Mas não se preocupe, o clássico de 1989 vai continuar existindo. Ninguém vai apagá-lo ou diminuí-lo, assim como não aconteceu com “Cinderela” (1950) ou “A Bela e a Fera” (1991)!
Você vai pode assisti-lo quantas vezes quiser, pois, felizmente, não é obrigatório ir ao cinema ver algo que não deseja.

E talvez fazendo isso, você consiga aprender um pouco mais com a Ariel e descobrir que a curiosidade sempre leva a novos caminhos, como Walt Disney dizia.
Porque nós nem estaríamos aqui debatendo esse filme se o Walt Disney não tivesse se lançado rumo ao desconhecido. E se a Ariel não tivesse feito o mesmo, ela não teria crescido e evoluído, muito menos realizado o seu grande sonho.
Ariel é muito mais do que uma cor de pele. Ou um cabelo. É uma personagem que merece ser apreciada e servir de exemplo para muitas crianças, adolescentes, adultos... E fique feliz por outras pessoas poderem ter a chance de crescer e se espelhar nela, assim como você teve.
Vale mesmo a pena se prender ao passado, quando você pode encontrar um futuro brilhante, ainda que seja diferente?

E se a gente quebrar a cara e tudo der errado? Bom, nas sábias palavras do Walt Disney: “Continue seguindo em frente!” ✨
P.S.: O Sebastião que estava certo. O mundo humano é uma bagunça...
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