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Não interesse se o Bolsonaro fala aquilo que o homem comum acredita. Se o homem comum acha normal debochar do assassinato de alguém, o homem comum está errado. Simples assim.
A gente tá há meses - na verdade há anos - aceitando essa mitologia do homem comum, da sabedoria natural do trabalhador, e vamos ficando passivos, envergonhados de dizer coisas erradas são erradas, e ponto.
"A universidade, a elite intectual, todos estão descolados da realidade". Ok, é verdade -- em partes. Mas isso não transforma preconceito, deboche e autoritarismo em posições corretas ou defensáveis. Pensar com o estômago não é régua moral.
A legítima (e, até certo ponto, correta) crítica das elites virou um adesismo bocó e estúpido aos piores preconceitos do tal "homem comum". Não é que querem melhorar a vida e dar voz a essas pessoas. Querem repercutir seus piores preconceitos.
E é isso que esse discurso supostamente anti-elite esconde: ele não está refletindo os legítimos anseios do povo. Ele está procurando e estimulado no povo as crenças dos novos governantes autoritários.
