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A história é farta em exemplos que mostram que as maiores atrocidades muitas vezes são cometidas em nome das melhores intenções. Por trás de uma motivação nobre pode existir um meio de ação equivocado, ineficiente, ou mesmo contrário à finalidade que supostamente deseja atingir.
A estratégia é simples: cria-se um meio de ação que não corresponde ao objetivo anunciado, forçando o adversário a aceitar o meio de ação, quando na verdade este queria aceitar apenas o objetivo. É a confusão entre meios e fins.
Um dos estratagemas da erística de Schopenhauer, denominado por Olavo de “técnica do pré-silogismo”, consiste precisamente em fazer o adversário admitir determinadas premissas de forma confusa ou inadvertida, para colher dele posteriormente alguma conclusão que nunca admitiu.
Segundo Olavo, essa é uma das técnicas mais sofisticadas de manipulação da opinião pública, valendo-se da dificuldade que as pessoas geralmente têm em diferenciar os objetivos de seus respectivos meios de ação. A aceitação de um não implica necessariamente a aceitação do outro.
Daí, para a total inversão da coisa é apenas um passo: basta alguém se declarar contra os meios de ação, que já é acusado de ser contra os objetivos. A incapacidade de perceber esse tipo de sutileza sempre será usada pelos manipuladores. Não ser um dos manipulados é escolha sua.
