Mais grave é a visão sobre os bandeirantes, reiterada depois. Como mostra claramente o maior trabalho sobre o tema, a maioria dos bandeirantes só ia uma ou duas vezes ao sertão e não falava tupi. Poucos eram sertanistas profissionais, ainda que esses fossem mais famosos. 
Além disso, como mostrou Nazzari, as famílias paulistas privilegiavam as filhas na hora da herança pra atrair maridos portugueses. Só houve uniões sistemáticas com índias no século XVI. Fora isso, mamelucos eram os filhos ilegítimos oriundos de estupros, não os escravocratas.
Sim, escravocratas, porque muitos paulistas foram senhores de dezenas de indígenas escravizados, alguns de centenas, e a sociedade paulista era profundamente desigual, como mostram essas tabelas de John Monteiro.
Mais importante, como o próprio @pedrodoria reconhece, não tem nada a ver com empreendedorismo. Então por que dizer que Mourão está corretíssimo? É apenas, como disse a @lisefer , uma maneira de apagar a violência na formação do Brasil.
Na tentativa de se explicar, o @pedrodoria fez um fio que é puro suco de isentonismo, querendo ostentar erudição pra parecer sofisticado - sem explicar, porém, o que havia de corretíssimo no tuíte original do Mourão (mesmo porque isso seria impossível).
Esses tuítes tem dois problemas: o primeiro é, como dito, a contradição entre “o Mourão está corretíssimo” e “mais interessante é saber de onde vem as ideias dele”.
O segundo é a relativização: “ah, o Brasil está polarizado, então não podemos concordar com nenhuma história”. Não!
O segundo é a relativização: “ah, o Brasil está polarizado, então não podemos concordar com nenhuma história”. Não!
A história é uma área de conhecimento com metodologia e um campo de conhecimento. É válido buscar entender as bases do pensamento militar/conservador/terraplanista, mas em termos de correção histórica o que importa é como está o debate entre os especialistas.
Por último, esse thread não é porque eu goste de polêmica (embora goste), mas porque as imbecilidades do Mourão reproduzem a história tradicional que é branca, elitista e machista, violentando simbolicamente quem já foi violentado fisicamente. Por isso, não podem ser legitimadas.
Por último, destaco a resposta profundamente sofisticada e madura do @pedrodoria :
Pessoal, a thread quebrou em duas, então vai o início, pra quem pegou do meio:
