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Nos últimos dias, conversas, memes e tretas apaixonadas estão tomando páginas do Facebook, grupos do Telegram e do Whatsapp e threads no Twitter. E, como sempre, resolvi fazer um texto no Medium: Pra quem escrevemos o quê. Segue o link e o fio.

medium.com/alan-de-s%C3%A…
Acho muito engraçado quando alguém tenta desmembrar um assunto-chave de outro pra contextualizar de formas separadas. Como falar que Lovecraft até era racista, mas escrevia bem. A gente escreve o que a gente é e isso exala no nosso produto. No meu caso, a literatura.
É impossível falar de inclusão literária sem citarmos três temas: linguagem, livro (enquanto formato de mídia) e classes sociais. Porque estes estão estritamente ligados ao fazer da literatura, seja ela ficcional ou não, em qualquer lugar.
Aprender uma linguagem é um processo mecânico, desnatural. Saber ler, escrever e entender, por si só, segrega. Ainda mais em um país com níveis altos de analfabetismo. E, quando levamos isso para uma língua estrangeira, existem os custos — a barreira que marca as classes sociais.
Enquanto formato de mídia, livros impressos possuem mais desvantagens do que vantagens. Audiobooks e e-books são uma revolução, mas o tradicional é caro, tanto para adquirir quanto para produzir. O que torna mais difícil a leitura pelas classes mais baixas.
E, enquanto classe, temos as barreiras impostas pelo próprio capitalismo. Não existe meritocracia numa conversa séria, assim como falar que isso não interfere na produção literária é como falar em terra plana.
Não digo que as pessoas mais próximas não escrevem (até porque, senão eu não estaria aqui) ou não lêem, mas que a literatura ficcional não conversa com elas. E por inúmeros motivos, sobretudo quem as produz: o eixo Sul-Sudeste.
Isso não quer dizer que nada esteja sendo feito, apenas que mais coisas ainda precisam ser feitas e, algumas, já em curso, adaptadas. Porque a literatura tem que chegar nas pessoas que precisam e não nas mesmas de sempre. Senão, nada muda de verdade.
Listei algumas (não todas, obviamente) das ações que vejo sendo feitas dentro da literatura. Nenhuma delas é irretocável e não pode ser tratada como tal. Por isso, não só fiz críticas, como apontei soluções (dentro da minha ótica) para elas.
Porém, algo que reparo é que, sim, há um caminho em curso pra se chegar numa identidade literária nacional. O sertãopunk é um exemplo disso. Mas ele não fala sobre tudo, fala sobre o sertão nordestino (e Minas também possui sertão). Entende?
No texto, também falo sobre o fantasismo. Ainda não entendo, de verdade, esse movimento/gênero/big idea. Mas ele também faz parte dessa busca. Ainda tenho algumas ressalvas sobre parte do livro que fundamenta o movimento, sobretudo no que diz respeito aos itans do candomblé (+)
citados como ficção no livro Fantástico brasileiro: o insólito literário do romantismo ao fantasismo, de @BrunoMatangrano e @Eneias_Tavares, mas que será assunto de outro artigo — e outra thread.
Também trago as publicações que conheci depois de conversar com @janapbianchi, como @RevistaTrasgo, @mafagaforevista e @faiscamafagafo. Gostei, mas também não podemos tratar como o ápice (e explico o porque disso no texto).
Falo também da @AberstBrasil, associação que acompanho o trabalho (e onde também tenho alguns amigos) mas ainda vejo coisas que poderiam ser melhor executadas, nos projetos e eventos feitos ou patrocinados por ela.
E, também, falo sobre quem deveria ser o target da literatura ficcional brasileira. Sobre não adiantar muita coisa querer decolar quando ainda se tem muito a resolver. E que, não, não é obrigação da literatura, do sertãopunk, do fantasismo ou de nenhum grupo fechado de autores(+)
mudar as regras do jogo social, o sistema de classes ou o caralho a quatro, mas que é nossa obrigação, sim, olhar para as periferias e falar sobre e com elas e trazê-las pro mercado livreiro como consumidores e profissionais do livro.
pessoas mais pobres*
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