A bruxa ganhou de novo a cultura pop. Às vezes, é uma vilã muito velha e feia. Noutras, é jovem, bonita e boazinha, quase uma donzela em perigo. Mais recentemente, tem aparecido misturando as duas coisas: perigosa e do bem.
Mas por que tanta variedade?
Por um lado, a bruxa é a ameaça interna à comunidade, uma pessoa de baixo status social com o suposto poder de se sobrepor às classes dominantes.
Ao contrário do que muita gente pensa, não foi uma invenção da Igreja católica queimar bruxas. Roma fez isso antes...
Por outro lado, ainda pelo viés histórico, ela poderia ser curandeira/parteira (e aborteira), com conhecimentos que superavam os de médicos e sacerdotes.
Alguém com influência dentro da comunidade (mesmo assim, vizinhos poderiam se voltar contra ela se algo desse errado).
A ideia de pacto foi se construindo aos poucos e totalmente difundida pela Europa no século XVII.
Vários juristas, teólogos e até um rei escreveram tratados discutindo a existência de bruxas e como combatê-las. Existiam também os panfletos, para uma parcela maior da população.
Geralmente, a bruxa era identificada por alguns sinais: manchas, verrugas e feridas, mau humor, hábito de falar palavrões (é sério) e cuspir na rua.
A maior parte das rés são viúvas ou mulheres mais velhas, reduzidas à mendicância por causa de um sistema que excluía mulheres.
A cultura pop então absorveu muito desse sentimento e recriou a bruxa a partir daí.
Como no começo a maior parte das produções em que figuravam bruxas eram adaptações de contos de fadas, a bruxa aparece dentro da tríade de características vilanescas feia-velha-má.
A Bruxa Má do Oeste, do filme "O Mágico de Oz" (1939) foi a primeira bruxa verde. Não era no livro de L. Frank Baum, que inspirou o filme.
A MGM queria usar a technicolor, novidade na época, e fez várias alterações do tipo para acrescentar mais cor e impressionar a audiência.
Apesar de muitas obras recorrerem ao velho estereótipo, algumas representações da bruxa foram mudando essa figura. Tipo Samantha, a Feiticeira, uma bruxa dona de casa que usa seus poderes para arrumar a casa e cozinhar (ai, os anos 50!).
Apesar de muitas obras recorrerem ao velho estereótipo, algumas representações da bruxa foram mudando essa figura. A exemplo de Samantha, a Feiticeira, uma bruxa dona de casa que usa seus poderes para arrumar a casa e cozinhar (ai, os anos 50!).
Mas as feministas clamam as bruxas para si pois, afinal, a maioria dos réus por bruxaria era mulher (cerca de 85%), e hoje em dia não acreditamos mais no poder sobrenatural da forma como antes se acreditava. Ou seja, a história da caça às bruxas é também um episódio de misoginia.
Um divisor de águas na história da representação da bruxaria na cultura pop foi Harry Potter, sem dúvida, ao igualar a bruxa (tradicionalmente iletrada) e o mago (geralmente culto e academicista), e criar uma sociedade bruxa diferente, mas parecida com a nossa.
Hoje a bruxa aparece com múltiplas facetas, podendo causar medo e fascínio, ser anti-heroína, vilã ou heroína clássica. Suas possibilidades fascinam. 🖤
Essa thread foi escrita por @CarolChiovatto. Formada pela Universidade de São Paulo (USP), Carol é escritora, tradutora literária e mestra e doutoranda em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês.
Em seu canal no YouTube, “Que bruxaria é essa?”, ela fala sobre o estereótipo da bruxa na História e em obras de ficção, além de outros estereótipos de gênero, teorias feminista e queer, e sobre o lugar-comum na construção narrativa.
📚 Ísis Rossetti é uma bruxa. Seu trabalho é monitorar crimes envolvendo forças sobrenaturais na cidade de São Paulo. Apenas esses. Mas logo as coisas saem do controle... amzn.to/34d25hv [📷: @vitormrtns]
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Um romance para quem amou "A menina que roubava livros" e "O diário de Anne Frank" sobre uma jovem polonesa que escolheu a humanidade ao esconder treze judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
"A luz na escuridão" foi escolhido pelo clube de Reese Witherspoon como leitura do mês. "O romance histórico de Sharon Cameron inspirou em mim uma admiração profunda por essa jovem heroína e seus atos altruístas notáveis de humanidade", disse a atriz.
Historicamente, o antissemitismo, caracterizado pelo preconceito ou ódio aos judeus, encontrou sua forma mais atroz no Holocausto. Nesses tempos em que nova onda de ódio e antissemitismo surge, "A luz na escuridão" é uma leitura essencial.
O pai de Hannah não aceita quem ela é de verdade. Uma hora, a garota precisará aprender a se impor. Quando decide trabalhar em uma lojinha esotérica e se vê acidentalmente em um triângulo amoroso, a libriana sabe que é hora de agir.
Julieta faz o que pode para fugir das emoções. O problema é que, meses depois do término, a aquariana precisa se unir ao ex-namorado para juntar um casal querido. Então, usa a oportunidade para correr atrás de consertar seus erros.
Como uma HQ ganha vida: uma conversa com a autora de "Mundo Mulher"
Conversamos com @aminder_d sobre o processo criativo, a divulgação do seu trabalho na internet e os desafios de criar uma história que pode ser lida pelo mundo inteiro. Segue o fio! 🧶 #ad
Em 21 de janeiro de 2017, acontecia em Washington, D.C. a Women’s March. Nela, eram promovidos os direitos das mulheres, reformas na imigração e lutas pelos direitos LGBTQ+. Foi nesse dia que Aminder Dhaliwal teve uma grande ideia.
Inspirada por todas as mulheres que também participaram da marcha, a autora decidiu criar tirinhas onde os homens teriam sido extintos da Terra, devido a um defeito biológico. Mas quais seriam os desafios na criação desse universo? Qual seria a melhor forma de publicação?
Com tantos lançamentos promissores no mercado externo, são muitas as estratégias para escolher um bom livro. Para explicar esse processo, convidamos o editor @daniel_lameira para uma conversa. Segue o fio! 🧶
Contratar um livro é uma etapa emocionante, fundamental e importantíssima para uma editora. As aquisições formam a identidade do negócio e têm impacto direto no processo editorial, no marketing e no resultado financeiro. Haja responsabilidade!
Cada editora tem um formato próprio para contratação de um título. Em geral, um editor (que também pode ser o dono da editora) entra em contato com um autor (ou, mais comum, o agente que o representa) e faz uma oferta para publicar um de seus livros.
As semelhanças entre "A Sucessora" e "Rebecca": plágio ou coincidência?
O livro da escritora brasileira Carolina Nabuco, "A Sucessora", teria "inspirado" obra da autora britânica que deu origem ao novo filme da Netflix, "Rebecca". Segue o fio para entender essa história! 🧶
"A Sucessora" e "Rebecca" compartilham uma trama muito semelhante: nela, uma jovem simples e ingênua, que se casa com um viúvo rico, tenta se adaptar à nova vida luxosa enquanto é assombrada pela presença da falecida esposa do marido.
Lançado em 1934, "A Sucessora" foi o primeiro romance de Carolina Nabuco. Filha do escritor e diplomata pernambucano Joaquim Nabuco, Carolina iniciou sua carreira publicando a biografia do pai.
Há 166 anos, nascia Oscar Wilde, autor de "O retrato de Dorian Gray"
Considerado um clássico da literatura moderna, o livro causou um escândalo quando foi lançado e contribuiu para a prisão do seu autor. Explicamos essa história. Segue o fio! 🧶
Ao ver o seu retrato pintado por Basil Hallward, Dorian Gray faz a promessa de que daria tudo, até mesmo sua alma, para permanecer sempre jovem como na pintura. A partir de então Dorian não mais envelhece, todas as marcas do tempo são transferidos para o retrato.
A obra foi lançada originalmente na edição de julho de 1890 da “Lippuncott’s Monthly Magazine” e foi responsável por escandalizar a sociedade vitoriana.
A imprensa britânica usou adjetivos como “vulgar”, “sujo” e “venenoso” para condenar o livro de Oscar Wilde.