Como uma HQ ganha vida: uma conversa com a autora de "Mundo Mulher"
Conversamos com @aminder_d sobre o processo criativo, a divulgação do seu trabalho na internet e os desafios de criar uma história que pode ser lida pelo mundo inteiro. Segue o fio! 🧶 #ad
Em 21 de janeiro de 2017, acontecia em Washington, D.C. a Women’s March. Nela, eram promovidos os direitos das mulheres, reformas na imigração e lutas pelos direitos LGBTQ+. Foi nesse dia que Aminder Dhaliwal teve uma grande ideia.
Inspirada por todas as mulheres que também participaram da marcha, a autora decidiu criar tirinhas onde os homens teriam sido extintos da Terra, devido a um defeito biológico. Mas quais seriam os desafios na criação desse universo? Qual seria a melhor forma de publicação?
Quando Aminder começou a publicar suas tirinhas nesse novo universo, ela não tinha tanta visibilidade nas redes sociais. Elas eram apenas para ela mesma e para seus amigos. Até que seus amigos começaram a compartilhar, e seu engajamento cresceu.
Por tratar de um tema polêmico, a autora imaginou que sua história receberia muito ódio na internet. Porém, surpreendentemente, isso não aconteceu. Como ela utiliza uma linguagem amigável e um traço simples, o público entendeu bem o tom das tirinhas.
Quando questionamos a autora sobre o desenvolvimento dos assuntos, ela contou que eles vieram com muita naturalidade. O tema por si só já possui uma grande margem para criação. Porém, seria necessário muito cuidado para que a mensagem fosse clara.
Na primeira tira de "Mundo Mulher", a presidenta do novo mundo anunciava que os homens estavam extintos. Isso fez com que alguns leitores entendessem que as mulheres haviam assassinado os homens. Essa não era a intenção da autora, e ela precisou esclarecer na tirinha seguinte.
Se você não deixa alguma ideia clara, os leitores terão liberdade para interpretar sua história, explica Dhaliwal. A autora também contou que gosta de criar diversas tirinhas para explicar alguma situação. Dessa forma, nada será entendido da maneira errada.
A primeira rede social que a autora publicou suas histórias foi o Instagram. Por ser uma rede onde as postagens desaparecem rápido, Dhaliwal precisava criar tirinhas que prendessem o leitor desde o primeiro quadro, fazendo com que ele ficasse curioso pela continuação.
Ao perguntarmos sobre as histórias que ela tinha medo de compartilhar, Aminder disse que as que são pessoais demais são as que dão mais medo de serem compartilhadas. Para isso, ela possui um grupo de amigos que faz a leitura antes da publicação.
A vontade de criar tirinhas para a internet surgiu após 4 anos da autora trabalhando com séries de televisão. Por ser um trabalho solitário e secreto, isso começou a afetar sua criatividade. Por fim, ela decidiu que queria dividir sua arte com o mundo.
Sua parte favorita de publicar na internet é a instantaneidade. Logo que uma tira é publicada, o público já começa a interagir e compartilhar. Outra parte importante é a liberdade de prazos. Ela mesma pode escolher quando sua tira será publicada, sem afetar outras pessoas.
Trabalhar em um projeto que é 100% seu faz com que a criatividade seja uma grande aliada. A falta de pressão para entregar o produto no prazo, e o medo da demissão, são outros fatores que tornam a internet um lugar seguro para os artistas.
A versão impressa de "Mundo Mulher" conta com conteúdo exclusivo. No Instagram, podemos ler a tirinha de quadro em quadro. Para que a sensação continuasse a mesma, a autora optou por um layout inédito. Dessa maneira, o quadrinho impresso está diferente, mas com a mesma essência.
Aminder também contou sobre sua decisão de colocar "Mundo Mulher" no papel. Ela queria que a história fosse finalizada, e já possuía um público fiel. Porém, se fosse mantida apenas no Instagram, a história seria extinta com o tempo. Daí surgiu a ideia da publicação tradicional.
Para que a ideia se tornasse realidade, a autora decidiu aprender sobre autopublicação. Todavia, existia um problema que ela não conseguiria resolver sozinha: a distribuição do livro. Ela poderia publicar apenas em eBook, mas a ambição falou mais alto. Ela queria o livro físico.
Quando você quer se autopublicar, é muito fácil encontrar profissionais freelancer para te ajudarem no projeto. Mas a distribuição era um item sem solução para Aminder. Por conta disso, sem maiores pretensões, ela decidiu enviar seu trabalho para a editora Drawn and Quarterly’s.
A autora tinha certeza de que não teria um retorno, ainda mais por ser uma grande editora. No entanto, por causa do seu tiro no escuro, ela conseguiu trabalhar com pessoas 100% dedicadas e apaixonadas por quadrinhos.
Depois de ter em mãos o exemplar físico, Aminder entendeu que um quadrinho autopublicado não teria sido lançado com tanto carinho e cuidado. Um bom trabalho de produção, edição e tradução são muito importantes para as histórias.
Quando um quadrinho é publicado na internet, é possível que o autor tenha noção de todo o alcance da história. No momento da nossa conversa, Singapura era o país com o maior número de leitores de "Mundo Mulher". Porém, se não fosse escrito em inglês, não teria esse alcance.
Por isso, a autora ficou muito feliz de saber que sua obra seria traduzida em outros países, alcançando pessoas de diferentes regiões e classes sociais. As traduções foram feitas com muito carinho e dedicação, para que a obra não perdesse a originalidade.
A dica que Aminder deu para artistas que querem publicar suas histórias é a seguinte: "Publiquem, errem, reescrevam, publiquem mais uma vez, até chegarem no resultado que desejam. O importante é mostrar sua arte para o mundo."
Sobre publicar na internet, ou no método tradicional, a autora disse que depende de cada obra. A internet possui suas fases, e às vezes uma história pode não combinar com o Instagram, por exemplo. É importante que você entenda qual é o seu público, e onde sua história funciona.
O desejo de retornar ao universo de “Mundo Mulher” existe, nos contou Aminder, mas ela ainda não sabe se seria no formato de tirinhas ou em uma série de televisão. O roteiro de um episódio piloto já foi escrito, e ela está na torcida. (E nós também!)
"Mundo Mulher" foi publicado no Brasil em novembro pela @ConradEditora com tradução de @GiuAlonso
A obra de Aminder Dhaliwal reúne tirinhas divertidas sobre um mundo onde os homens foram extintos e mulheres fãs de Beyoncé dominam tudo. Conheça: amzn.to/3laqsoW
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As semelhanças entre "A Sucessora" e "Rebecca": plágio ou coincidência?
O livro da escritora brasileira Carolina Nabuco, "A Sucessora", teria "inspirado" obra da autora britânica que deu origem ao novo filme da Netflix, "Rebecca". Segue o fio para entender essa história! 🧶
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Lançado em 1934, "A Sucessora" foi o primeiro romance de Carolina Nabuco. Filha do escritor e diplomata pernambucano Joaquim Nabuco, Carolina iniciou sua carreira publicando a biografia do pai.
Há 166 anos, nascia Oscar Wilde, autor de "O retrato de Dorian Gray"
Considerado um clássico da literatura moderna, o livro causou um escândalo quando foi lançado e contribuiu para a prisão do seu autor. Explicamos essa história. Segue o fio! 🧶
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A obra foi lançada originalmente na edição de julho de 1890 da “Lippuncott’s Monthly Magazine” e foi responsável por escandalizar a sociedade vitoriana.
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"Revolução" ou "Fazenda": as escolhas editoriais por trás da nova tradução do clássico de George Orwell
A @cialetras anunciou que "A Revolução dos Bichos" será publicado em nova edição sob o título "A Fazenda dos Animais". A gente explica o porquê da mudança. Segue o fio! 🧶
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Em tempos de crise, cuidar da saúde mental é mais importante do que nunca. Conversar na terapia sobre nossas emoções, frustrações e dilemas nos ajuda a entender quem somos e seguir em frente.
Nossa indicação de leitura de hoje trata disso. Segue o fio! 🧶
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Mas quando seu namorado, de repente, decide que não pretende mais casar com ela e vai embora, Lori fica desolada. Então, recebe um conselho de uma amiga, que diz: "talvez você deva conversar alguém". Por isso, ela procura um terapeuta para compreender suas próprias questões.
[EXCLUSIVO] "A Song of Wraiths and Ruin", de @rosiesrambles, chegará ao Brasil no primeiro semestre de 2021 pela @ed_literalize com tradução de @solaine.
Assista ao recado da autora para os leitores brasileiros:
Confira a sinopse de "A Song of Wraiths and Ruin"
Karina é uma princesa tomada pelo luto. Malik é um refugiado desesperado para salvar sua família. A conexão entre eles é inegável, mas a única forma de atingirem seus objetivos é matando um ao outro. bit.ly/ASOWARnoBrasil
Best-seller do New York Times, "A Song of Wraiths and Ruin" foi um sucesso instantâneo. Os direitos de adaptação já foram comprados pela ABC Studios.
No Brasil, o livro ganhou a atenção dos leitores após compartilharmos esse vídeo:
No Mês da Visibilidade Bissexual, instituído por ativistas bissexuais para marcar a luta contra o preconceito dentro e fora da comunidade LGBTQ+, reunimos histórias escritas por autores bissexuais para celebrar. Segue o fio! 🧶
Amanda Valente e Luna Bocaiúva são completos opostos. Mas quando uma tragédia se acomete sobre a família de Luna, ela precisa recorrer a Amanda se quiser trazer justiça para os Bocaiúva. Reserve: amzn.to/32C198x
Ayla e Raíssa se envolveram após se conhecerem em um jogo virtual. Mas Raíssa esconde um segredo e já não sabe mais o que fazer quando elas marcam um encontro pessoalmente. Leia: amzn.to/3hEGVz8