Thread by @rmotta2

A próxima vez que você ou alguém da sua família for vitima de um crime, e você sentir revolta e indignação diante da impunidade generalizada, e quiser saber como chegamos a esse ponto, lembre-disso:

Estreou na Netflix a série “Irmandade”. Seu Jorge faz o papel principal.

Que papel? - você pode perguntar. De um cientista ? De um professor? De um hacker? De um empreendedor?

Não. Em um iniciativa absolutamente original, nunca antes vista no cinema ou TV do Brasil (aviso de ironia aqui), o herói do Seu Jorge é o líder de uma grande facção criminosa.

Preso por um simples porte de drogas, o personagem de Seu Jorge enfrenta o “sistema opressor” que o transformou num psicopata.

A culpa é do sistema! O criminoso é uma simples vítima! O bandido é o mocinho e a polícia é uma força violenta e opressora!

E dizem que o cinema brasileiro não consegue ser original. Quanta injustiça.

Quanta injustiça com o MILHÃO de pessoas assassinadas no Brasil nos últimos 20 anos.

Quanta injustiça com as viúvas e órfãos de policiais covardemente executados simplesmente por serem policiais.

Quanta injustiça com as mães humildes das favelas que lutam para manter seus filhos longe da máquina glamourosa e assassina do tráfico.

Quanta injustiça - e covardia - produzir e divulgar um produto cultural tão adulterado ideológicamente como esse, para uma população que vive com medo de ser assaltada ou morrer.

Da próxima vez que você for vítima de um crime violento, e quiser saber como chegamos tão perto do abismo, lembre-se da Netflix.

Lembre-se da “Irmandade”.

Tudo começa com as ideias.