Pelo segundo dia consecutivo o G1 Rio publica matéria sobre o concurso de beleza em um presídio feminino do Rio, no qual foi eleita a presa mais "bela e simpática". A matéria de hoje, segundo a chamada, tem "histórias de superação". 
O crime é ameaça diária. Quase 1 MILHÃO de brasileiros foram assassinados nos últimos 20 anos. Todo ano ocorrem quase 2 MILHÕES de assaltos só nas capitais (3 assaltos p/ minuto), apenas 2% são solucionados. Todos já foram vítimas de crime violento. A impunidade é a regra.
Não é coincidência que nas últimas décadas a mídia, a cultura popular e até as universidades vêm promovendo a glamourização e glorificação do crime e dos criminosos.
A mensagem, repetida centenas de vezes por dia, por todos os meios possíveis, é que o criminoso é uma “vítima das circunstâncias”, um “pobre coitado” que “não teve oportunidade”, quase um anjo eternamente à espera de redenção.
“Cadeia não adianta”, diz essa turma. “Prender para que?”, perguntam o Freixo, os jornais e as novelas. Não importa o crime, não importam as vítimas.
O que descrevi acima é a manipulação das ideias da sociedade baseada no conceito da Janela de Overton. Funciona assim: aos poucos, um grupo de indivíduos e entidades vão, dia após dia, transformando uma ideia antes considerada repulsiva e inaceitável em algo normal e rotineiro.
ANTES: O criminoso é responsável por seus atos, e deve ser punido proporcionalmente à ofensa. A punição mais humana é a prisão que, ao mesmo tempo, cobra do criminoso um preço pela ofensa, o retira do convívio social - interrompendo seus crimes - e desestimula futuros criminosos.
DEPOIS: Prender não adianta. O criminoso é a verdadeira vítima. O que o criminoso precisa é de oportunidade. Menos prisões e mais escolas. É preciso acabar com as cadeias. É obrigação do Estado ressocializar o criminoso. O Estado deve criar cotas de empregos para ex-detentos.
Esse processo de manipulação de ideias acontece todos os dias. Ele inclui a apresentação das drogas como um simples item de consumo do jovem moderno e independente. Por isso uma traficante condenada ganha um concurso de beleza no presídio, e é capa de matéria no G1 Rio.
A maioria das pessoas não percebe o que está acontecendo.
Duvido que os próprios jornalistas do G1 entendam o impacto de publicar uma matéria como essa. O impacto é esse:
Um milhão de brasileiros assassinados nos últimos 20 anos.
Um país onde o crime saiu de qualquer controle.
Duvido que os próprios jornalistas do G1 entendam o impacto de publicar uma matéria como essa. O impacto é esse:
Um milhão de brasileiros assassinados nos últimos 20 anos.
Um país onde o crime saiu de qualquer controle.
