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Observem a forma como se processou o golpe na Bolívia. O que aconteceu no vizinho andino poderia ter acontecido e pode acontecer aqui.
1. Evo conquistou mais um mandato ao derrotar no 1º turno o ex-presidente Carlos Mesa. Inconformado com o resultado, Mesa denunciou de fraude. Lembraram de Aécio? Pois é. Aqui a ideia ainda não encontraria os ingredientes e o planejamento que houve na Bolívia, mas a ideia vingou
2. Mesa fez verdadeiro escândalo, mas depois se calou e sumiu, à espera do que iria acontecer. Evo pediu uma auditoria à OEA, cujo secretário-geral é o uruguaio Luis Almagro. Este, em pouquíssimo tempo, disse que a tal auditoria constatou irregularidades e que houve fraude.
3. Evo recusou-se a aceitar a constatação da OEA e, antes de conhecer em detalhes os métodos que levaram ao resultado da tal auditoria (erro fatal), resolver convocar novas eleições. A OEA teria encontrado irregularidades em 78 atas, de um total de 34.555. Ou seja, em 0,22% delas
4. O próprio relatório a OEA, além de registrar esse absurdo, admite que seu trabalho se concentrou só nas regiões onde Evo tinha sido vitorioso. Seria a OEA cúmplice do golpe? E por que não? Os EUA pensaram a OEA como seu ministério das colonias.
5. Logo que o relatório foi divulgado, o respeitado Centro de Pesquisa em Economia e Política (CEPR), sediado em Washington e que tem entre seus consultores vários prêmios Nobel, resolveu examinar o documento. E sua análise é demolidora:
6. Diz que a missão da OEA 'não apresentou evidências' que sustentassem fraude alguma. Ao contrário, cometeu graves erros de procedimento na tal auditoria. E o que o relatório – esse sim, uma fraude (da OEA) provocou? Abriu a porta do golpe.
7. A partir do relatório fajuto da OEA, foi dada a largada que os 'comitês cívicos' esperavam para entrar em ação e saírem às ruas, desatando o golpe. O que são os 'comitês cívicos'? Milícias criadas em Santa Cruz de la Sierra, polo de riqueza, racismo e ultra conservadorismo.
8. Há outros "comitês cívicos" espalhados pelo país, mas os de Santa Cruz são os mais fortes: ali, jamais foi aceito que um índio tivesse chegado tão longe, tal o racismo desvairado. Teriam sido criadas no 1º governo de Evo.
9. Seu líder, Luis Fernando Camacho, é herdeiro de uma família especialmente poderosa. É um ultra católico fundamentalista, racista até o mais fundo da alma, e que se aliou a evangélicos de seitas eletrônicas para atacar o presidente sem pausa nem trégua, à espera dos militares.
10. Camacho esteve no Brasil há alguns meses, e se reuniu, entre outros próceres do bolsonarismo, com Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores. Consumado o golpe, admitiu que o governo Bolsonaro estava 'muito bem informado' sobre a situação boliviana.
11. Além de Carlos Mesa, candidato derrotado, e da escandalosa ação de Luis Almagro, secretário-geral da OEA, houve mais cúmplices no golpe desfechado por Camacho. As Forças Armadas, a polícia (que em 2008 já tinha tentado se sublevar contra Evo), grandes meios de comunicação...
12. e, claro, os donos do capital. Tudo com apoio dos EUA de Donald Trump, claro, e com a certeza das bênçãos do Brasil de Bolsonaro.
13. Dois pontos intrigantes no time dos cúmplices chamam a atenção: O 1º se refere às FA's, que até o último segundo, mesmo quando a polícia já espalhava terror pelas ruas, ficaram em silêncio. Só agiram, quando a ameaça de uma explosão incontrolável se espalhou pelas ruas.
14. A partir daí, entraram em ação para pedir a renuncia de Evo. Essa postura indicaria uma divisão interna significativa? Só o tempo dirá.
15. O segundo ponto intrigante: durante os anos de Evo na presidência, os ricos de sempre enriqueceram ainda mais. O modelo econômico aplicado foi extremamente favorável a todos, inclusive eles. Por que então apoiaram o golpe? Resposta: "Puro racismo". Lembra alguém?
16. O tal indígena que os beneficiou cometeu o absurdo inaceitável de também beneficiar a sua própria gente e, além do mais, por mais presidente que fosse, Evo Morales nunca deixou de ser índio. E, portanto, na mente deles, um ser desprezível.
17. O lado mesquinho e egoísta das minorias bolivianas, que uma vez mais se impuseram à maioria, à ordem constitucional, à decência, não difere muito do que temos por aqui.
18. O texto de Eric Nepomuceno inspirou a ideia da Thread para fazer uma comparação: O que aconteceu na Bolívia poderia ter acontecido aqui, se tivessem todos os ingredientes necessários, já no 2º mandato de Dilma. Não deu, mas o impeachment veio depois. noticiafinal.com.br/2019/11/afinal…
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