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"Existe uma história do povo negro sem o Brasil, mas não existe uma história do Brasil sem o povo negro." - Januário Garcia.

20 heroínas negras da história do Brasil. Image
Essa thread foi toda inspirada nas mulheres que estrelam a coleção de cordel da @jaridarraes (que por sinal é uma autora f*da). A mesma tem livros como 'As Lendas de Dandara'.

Então segue o fio.
→ Acotirene

Matriarca do Quilombo dos Palmares, exercia a função de mãe e conselheira dos primeiros negros refugiados na Serra da Barriga. Ajudava desde problemas familiares à decisões políticas (dizem que a após sua morte a mesma voltava pra aconselhar os chefes quilombolas). Image
→ Anastácia

Nós a conhecemos pela imagem mostrada em sala de aula, de como era o modo de tortura e silenciamento da mulher negra. Sua origem é um pouco incerta. Alguns não acreditaram que ela seja uma pessoa real e não passa de uma ilustração de Etienne Victor Arago.
Outros acreditaram que ela seja filha de Delminda, negra da tribo Bantú da família real Galanga trazida em navios em 1740 como escravos. Delminda teria sido vendida logo quando chegou por um feitor, foi abusada e dessa violência nasceu a negra de olhos azuis Anastácia. Image
Anastácia era dona de uma beleza singular, o que chamou atenção do filho de sua dona que logo se mostrou interessado. Como não era correspondido o mesmo a perseguiu, abusou e lhe silenciou com essa máscara. Anastácia viveu assim até sua morte no Rio de Janeiro.
Seus ossos foram encontrados na Igreja do Rosário e sumiram após incêndio. Ela se tornou um mito religioso seja em religiões afro brasileira seja em comunidade católica. Image
Uma curiosidade? Algumas pessoas ligaram a roupa da Shuri em um momento de Pantera Negra, como referência a Anastácia. Se tem ligação real não sabemos. Image
→ Antonieta de Barros

Catarinense de família pobre, Antonieta foi uma professora que sempre buscou inclusão na educação. Foi a primeira deputada estadual negra do país e a primeira deputada do estado. Professora, jornalista e escritora ela sempre buscou a livre expressão. Image
→ Aqualtune

Realeza! Filha do Rei do Congo, Mani-Kongo, Aqualtune veio ao Brasil após ver seu pai e seu reino derrotados na Batalha da Ambuíla, contra as forças angolanas e portuguesas. Historiadores dizem que ela liderou uma tropa com 10 mil pessoas na resistência. Image
Chegando ao Brasil foi vendida como escrava de reprodução (nojo dessa parte e pelo nome se pode imaginar qual sua função), mas resistiu! Quando ouviu falar sobre uma resistência negra no Brasil logo se juntou, com outros escravos, e fugiu da fazenda onde vivia.
Chegando em Palmares, sua fama entre o povo e sua história lhe permitiu liderar o Quilombo dos Palmares. Aqualtune é mãe de Ganga Zumba e avó de Zumbi dos Palmares. Não se falam dela em livros de história mas a mesma foi um sinônimo de luta e resistência do povo afro no Brasil.
→ Caroline Maria de Jesus

Negra, catadora de papel e favelada, Carolina Maria de Jesus nasceu em Sacramento, Minas Gerais, em uma comunidade rural, filha de pais analfabetos. Aos sete anos frequentou a escola, onde aprendeu a ler e escrever e desenvolveu o gosto pela leitura. Image
Aos 33 anos, desempregada e grávida, mudou-se para a favela do Canindé, na zona norte da capital paulista. Trabalhava como catadora de papel e, nas horas vagas, registrava o cotidiano da favela em cadernos que encontrava no material que recolhia.
Um destes diários deu origem a seu primeiro livro, Quarto de Despejo - Diário de uma Favelada, publicado em 1960. A obra virou best-seller, foi vendida em 40 países e traduzida para 16 idiomas.
Seu amor por escrever lhe permitiu sair da extrema pobreza para um bairro classe média. Mãe de três filhos, ela faleceu em 1977.

(via Revista Galileu) Image
→ Dandara dos Palmares

Além de esposa de Zumbi e mãe de 3 filhos, ela lutou com armas pela libertação total das negras e negros no Brasil colônia, liderava mulheres e homens, não se encaixava nos padrões de gênero que ainda hoje são impostos às mulheres. Era sabida de técnicas+ Image
da capoeira. Ela e Zumbi ficaram contra Ganha Zumba quando este fez acordo com o governo pernambucano. Dandara em 1694 preferiu a morte à escravidão ao se jogar de um abismo.
→ Esperança Garcia

Esperança Garcia era escrava dos padres jesuítas, que, com a expulsão destes pelo Marquês de Pombal, passaram-na à administração do governo do Piauí. Esperança foi levada à força da Fazenda Algodões para uma fazenda em Nazaré do Piauí. Image
Em setembro de 1770, a escravizada dirigiu uma petição ao Presidente da província Gonçalo Lourenço Botelho de Castro, denunciando os maus-tratos físicos de que era vítima, ela e seu filho, por parte do feitor da Fazenda Algodões.
Assim foi possível constatar a existência de mulher negra escravizada alfabetizada e ciente de sua possibilidade de reivindicar o direito a um tratamento mais humanizado. isso lhe fez ser considerada a primeira advogada do Piauí.

Imagens do texto da carta. ImageImage
→ Eva Maria do Bonsucesso

Era uma negra alforriada que vivia como quitandeira no Rio de Janeiro . Em 1811, montou seu tabuleiro numa calçada na região de Bonsucesso, quando uma cabra lhe levou uma penca de bananas e um maço de couves. Image
Eva perseguiu a cabra com uma vara na tentativa de recuperar suas mercadorias quando deparou com o dono do animal, o senhor branco José Inácio de Sousa, que a esbofeteou. Eva revidou a agressão e foi parar na Justiça, mas as pessoas presentes depuseram de forma unânime +
a seu favor. Dessa forma, Eva foi um raríssimo exemplo de uma mulher negra que conseguiu vencer um caso contra um senhor branco, que acabou sendo preso.
→ Laudelina de Campos

Dona Nina foi uma brasileira, defensora dos direitos das mulheres e das empregadas domésticas, fundadora do primeiro sindicato de trabalhadoras domésticas do Brasil. Sua militância ganhou conteúdo político e reivindicatório com sua filiação ao PCB. Image
Laudelina teve uma vida dedicada a igualdade e direitos ao povo negro, fundou uma escola de artes acessível, fez o primeiro Baile Pérola Negra. Inspiração.
→ Luisa Mahin

"Uma negra, africana livre, da Costa da Mina”, é como Luiz Gama começa a descrever sua mãe Luiza Mahin na carta que escreveu ao seu amigo Lucio de Mendonça em 1880.
Era quituteira nas ruas de Salvador, seu oficio também lhe permitiu atuar +
como um ponto de comunicação e articulação entre os escravos e não escravos, que compravam seus quitutes, e trocavam bilhetes com recados acerca da organização da Revolta dos Malês. Líder nata que lutou ativamente contra o regime escravista.

(via Instituto Mercado Popular) Image
Ela teve um filho, o poeta e abolicionista Luís Gama, que a descreveu como uma mulher baixa, magra, bonita, de dentes “alvíssimos, como a neve”, altiva, generosa, sofrida e vingativa.
→ Maria Aranha

Proveniente da Costa da Mina, Felipa Maria Aranha teria sido capturada, ainda na juventude, por volta de 1740, e vendida como escrava para a praça de Santa Maria de Belém do Grão Pará. Image
Enviada a Cametá, foi trabalhar em uma fazenda escravagista, de plantação de cana-de-açúcar. Não se sabe como conseguiu escapar, porém, com centenas de outros negros, conseguiu formar um dos maiores e mais bem estruturados quilombos do Brasil, o Mola.
Sua liderança militar conseguiu expulsar as forças portuguesas e as várias incursões de capitães do mato. Detinha também grande capacidade política, pois conseguiu estruturar uma entidade composta por cinco quilombos, a Confederação do Itapocu.
→ Maria Firmina dos Reis

Considerada a primeira romancista brasileira, negra, filha de mãe branca e pai negro, registrada sob o nome de um pai ilegítimo e nascida no Maranhão, Maria Firmina dos Reis fez de seu primeiro romance + Image
Úrsula (1859), algo até então impensável: um instrumento de crítica à escravidão por meio da humanização de personagens escravizados.
→Mariane Crioula

Era mucama em Vila das Vassouras, Rio de Janeiro. Se juntou com escravizados na maior fuga de escravos da história fluminense em 5 de novembro de 1838. Liderou a fuga e um quilombo com Manuel Congo. Image
→ Na Agontimé

O rei Agonglo, sucessor do rei Kpengla, foi o oitavo governante soberano de um reino distante, chamado Dahomé. Benevolente, ouvia seus súditos em muitas decisões importantes e fez várias reformas para melhorar a vida do povo.
Em seu governo as artes floresceram e o reino do Dahomé ficou conhecido pela produção de tronos reais espetaculares e finos tecidos. Agonglo teve muitos filhos, com várias esposas – neste reino, assim como em muitos outros, os reis podiam ter quantas esposas pudesse sustentar.
Maria Jesuína, uma das esposas de Agonglo, era conhecida no Dahomé como Ná Agontime, mãe do príncipe Ghezo, um dos caçulas que sucederia ao trono, conforme determinou o oráculo de Fá. Na verdade, o rei Agonglo tinha um sucessor legítimo – o príncipe Adandozan – mas o caráter + Image
sanguinário do menino fazia com que todo reino temesse a sua ascensão ao trono. Preocupado com os rumos das disputas sucessórias, o rei consultou os deuses através de Fá para saber o que deveria ser feito. E os espíritos da bondade orientaram para que Ghezo +
um dos filhos mais novos, assumisse o trono depois de sua morte. Agonglo acalmou-se. Ele sabia que todos os seus filhos e súditos respeitariam as prescrições do oráculo sagrado e que o seu reino estaria em segurança, sendo governado por Ghezo.
Temerosa e feliz, Agontime (ou Jesuína) se esforçou na criação do filho. O ensinou que deveria ser justo nas decisões e honesto nos negócios. Também deu muita importância aos princípios religiosos que exigia o respeito aos mais velhos, o amor à natureza e a reverência à família.
Ghezo cresceu forte, inteligente e, quando alcançava a puberdade, começou a ser preparado para assumir o trono do Dahomé. Em seus sonhos, Ná Agontime temia que o futuro de Ghezo estivesse ameaçado por causa da ira e ambição de Adandozan.
Em 1797 o rei Agonglo faleceu. Inconformado com a determinação dos deuses, Adandozan em um acesso de fúria, vendeu a mãe de seu meio-irmão como escrava. Agontime foi colocada amarrada em um grande barco e enviada a uma terra muito distante.
Foram meses de travessia do Oceano Atlântico com centenas de outras pessoas feitas de escravas, aportaram em terra firme. Antes de sair do Dahome, Adandozan deu ordens aos mercadores que, além de não contarem a ninguém o paradeiro de Agontime, trocassem o seu nome para que +
nem Ghezo - e nem mesmo os deuses! - pudessem encontrá-la. Foi assim que Agontime virou Maria Jesuína. E iniciou a construção do reino do Dahomé no Brasil.

Pesquisas realizadas por Pierre Verger sugerem que Nã Agontimé teria sido enviada como escrava a São Luís do Maranhão+ Image
– onde foi renomeada como Maria Jesuína – e seria a fundadora da célebre Casa das Minas. Ao chegar em São Luís do Maranhão, na costa brasileira, Maria Jesuína – mãe do herdeiro do trono do Dahomé – conseguiu dinheiro para comprar a liberdade e resolveu construir, mesmo em terras+
estrangeiras, um reino para que seu filho pudesse governar soberano.

Ná Agontime fundou o “Querebentã de Zomadunu” – conhecida como Casa das Minas-Jeje – e, construindo os altares, os templos e o estilo de vida que levava em sua terra natal, conforme suas tradições e preceitos.
→ Tereza de Benguela

No Brasil, dia 25 de julho é comemorado o Dia de Tereza de Benguela em homenagem a líder quilombola. Era mulher do líder do Quilombo de Quarterê ou do Piolho, no Mato Grosso. Por lá, foram abrigados até índios bolivianos incomodando autoridades das Coroas +
espanhola e portuguesa. Tereza foi presa em um dos confrontos e como não aceitou a condição de escravizada suicidou-se. Image
→ Tia Ciata

A mãe negra do samba, Hilária Batista de Almeida, conhecida como Tia Ciata foi uma cozinheira e mãe de santo brasileira, considerada por muitos como uma das figuras mais influentes para o surgimento do samba carioca. Image
Foi iniciada no candomblé em Salvador por Bangboshê Obitikô e era filha de Oxum. Um símbolo pós abolição, Tia Ciata em sua casa recebeu grandes compositores do Rio Janeiro que se juntavam ao moradores da Pequena África - como era conhecido o bairro que abrigava negros, judeus+
imigrantes - para festejarem, cantarem e dançarem samba de roda. Nquele quintal que Donga compôs Pelo Telefone. Em 27 de novembro de 1916, ele registrou sua composição como "samba carnavalesco" na Biblioteca Nacional. Era o primeiro samba registrado e gravado na História do País. Image
→. Tia Simoa

A Preta “Tia Simoa” foi uma negra liberta que, ao lado de seu marido liderou os acontecimentos de janeiro de 1881 em Fortaleza, episódio que ficou conhecido como a “Greve dos Jangadeiros”, onde se decretou o fim do embarque de escravizados naquele porto + Image
definindo os rumos para a abolição da escravidão na então Província do Ceará, que se efetivaria três anos mais tarde.
→ Zacimba Gaba

Zacimba Gaba foi uma princesa guerreira cuja história foi, por muitos, esquecida, devido ao projeto que se impôs no Brasil de apagar a memória da escravidão.
Trata-se de uma princesa do reino de Cabinda, na Angola, África, nascida no século 17, que+ Image
comandou seu povo numa guerra contra a invasão portuguesa na região costeira. Cabinda, na década de 1690, foi praticamente dizimada pelas tropas portuguesas e seus sobreviventes foram capturados e mandados ao Brasil como escravos. No Espírito Santo, o fazendeiro que comprou+
ela e seu povo percebeu o tratamento que ela recebia, e por isso ela passou por um longo período de tortura e abusos. Mas resistiu! Após envenenar Trancoso (o fazendeiro) a mesma e seu povo lutou contra capatazes e fugiu, onde fundou um Quilombo - onde hoje eu Itaúna.
Seu Quilombo foi ativo na libertação de escravos que chegavam no porto e na destruição de navios negreiros. Zacimba Gaba foi morta durante a invasão a um navio português. Image
→ Zeferina

Zeferina, segundo Maria Inês Cortes de oliveira no livro “O liberto: o seu mundo e os outros” tinha origem angolana e foi trazida criança ainda, uma vunje em desassossego de viagem transatlântica, na primeira metade do século XIX, encolhida nos braços da sua mãe.
Registros dizem que ela foi uma importante liderança, responsável pelas estratégias de luta do quilombo. Assim, ela organizava nativos indígenas e escravizados que fugiam. Mas, Zeferina tinha grandes planos e acreditava que era necessário se unir com os nagôs, invadir a cidade e Image
matar os brancos escravocratas para constituir uma liberdade plena para todo o povo negro.

Planejava a invasão da cidade para o dia 25 de dezembro de 1826, no entanto, um acontecimento fez com que a revolta tivesse o seu início antecipado.
Alguns capitães do mato tentaram surpreender, pensando que havia poucas pessoas na mata do Urubu, e se depararam com cinquenta mulheres e homens quilkmbolas com espingardas, facas, arcos e flechas e fações, que sobre o comando de Zeferina os derrotaram.
Assim, três capitães do mato foram mortos e outros três saíram gravemente feridos. Após muita luta, Zeferina foi capturada e assassinada.
Essa foi a thread, uma das mais importantes que fiz. Espero que busquem conhecer mais aquelas que foram apagadas dos livros de história. Busquem também sobre os nativos escravizados, conhecer nossa história pela visão de quem sofreu e não de quem causou a dor é necessário.
Como fonte de pesquisa foi usado o Estadão, Aventuras na História (Uol) Huffspot e outros.
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