1) Dia 13 de dezembro de 2019.
#AntifascismoCotidiano (@PedagoDaRevolta)
“Câncer”
Hoje é sexta-feira. Até uns meses atrás, a última sexta-feira do mês era meu dia de apresentar um material de apoio para a “charla” do grupo de sobreviventes de câncer da @LatinoAgency aqui em OKC.
#AntifascismoCotidiano (@PedagoDaRevolta)
“Câncer”
Hoje é sexta-feira. Até uns meses atrás, a última sexta-feira do mês era meu dia de apresentar um material de apoio para a “charla” do grupo de sobreviventes de câncer da @LatinoAgency aqui em OKC.
2) O número de participantes variava de uns 15 até mais de 40. O objetivo era manter os laços comunitários e de apoio mútuo entre essas pessoas, todas imigrantes Latinoamericanos em Oklahoma City.
3) O mais importante desse trabalho é que a Agência, já antiga na região, conseguia, através de convênios, oferecer saúde básica e preventiva a todos, independente de sua condição de “documentação”.
4) E aqui entra o fascismo nosso de cada dia: um dos pilares do sadopopulismo fascista norte-americano é a violência contra imigrantes. O imigrante é o “outro indesejado”, uma atualização do genocídio indígena e africano.
5) Nega-se ao imigrante a via de naturalização e assim se mantém a pessoa em estado permanente de vulnerabilidade, sem direito nenhum e nem mesmo identidade. Ouvi milhares de histórias de pessoas que fugiram de um horror para cair em outro aqui.
6) Uma das inúmeras consequências negativas dessa violência são as altas taxas de doenças não transmissíveis. Como eles não têm direitos, infelizmente essas doenças são frequentemente detectadas tarde demais para qualquer tratamento efetivo.
7) A cada encontro, na mesa cheia de delícias da variadíssima culinária Latinoamericana (cada pessoa trazia um prato), atualizava-se tudo mundo sobre aqueles que havíamos perdido para o câncer naquele mês.
8) Eu formatei essas apresentações a partir das reações à primeira. Eles escolhiam o tema. Para cada uma, eu fazia, com cuidado, a mesma revisão crítica da literatura científica que faço para meus artigos.
9) Faço isso porque acredito que todos merecem respeito, portanto verdade, portanto ciência. O nível educacional deles era em torno do que no Brasil seria ginásio público. E dá, sim, para comunicar ciência. É só ter vontade.
10) O último encontro foi mais ou menos nessa época o ano passado e o tema era “gratidão”. Como conversar sobre gratidão com aqueles que a sociedde não deu um único motivo para isso? Resolvi, com a coordenadora dos encontros, dirigir a conversa para “auto-gratidão”.
11) Mas quando cada um deu seu depoimento sobre auto-gratidão apareceram inúmeros personagens positivos das histórias de luta e sobrevivência de cada um.
12) Entendi que com todos os empecilhos para que se formem redes e comunidades entre eles, a solidariedade vence.
13) Essas pessoas, boa parte hoje mortas por um câncer evitável, me ensinaram que essa bendita esperança e solidariedade brotam mesmo no asfalto mais duro, através da mordaça mais apertada e mesmo de dentro de campos de concentração, que aqui existem aos montes.
14) Aqui vão alguns dos datashows que usei nas “charlas”.
Sofrimento mental:
slideshare.net/marilia05/sufr…
Sofrimento mental:
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