--- Thread Maneirona sobre o momento da esquerda brasileira ---
1) Fiz uma thread no último sábado sobre correlação de forças na direita brasileira. Foi bacana, mas muitos perguntaram: "e a esquerda nisso?" ->
1) Fiz uma thread no último sábado sobre correlação de forças na direita brasileira. Foi bacana, mas muitos perguntaram: "e a esquerda nisso?" ->
2) Não tenho condições de opinar como "alguém de dentro" da esquerda, e até por isso irei deixar passar certas nuances bem importantes; ainda assim, é possível tirar algumas conclusões boas sobre o estado atual da esquerda e da oposição institucional ->
3) O primeiro ponto e mais importante: a causa Lulista é e permanecerá sendo a grande bandeira da esquerda brasileira e isso impede qualquer possibilidade de diálogo do setor com as classes médias. ->
4) O Lulopetismo trouxe para si, nos últimos 5 anos, boa parte das causas identitárias; torna os outros grupos e partidos caudatários de suas ações; possui poder político real, com sólida representação parlamentar e nas gestões estaduais; possui eleitorado cativo no NE ->
5) Isso é maior do que qualquer coisa já construída por PSOL/PDT/PCdoB e congêneres. E os torna dependentes das narrativas do lulismo -- tanto daquilo que lhes agrega votos e legitimidade, como do ônus de seus crimes e derrotas. ->
6) Não é possível, hoje, exercer oposição real aos desmandos de Bolsonaro no desmonte das estruturas de investigação do Estado e temas similares posto que o lulismo PARTICIPA ATIVAMENTE DESSE DESMONTE. Isso, somado ao ônus do histórico lulista, os deixa de mãos amarradas ->
7) Isso é importante de ser levantado. Distantes deste tema, a esquerda é isolada do centro do debate político, permitindo que ele seja protagonizado por "Govenistas" x "Isentões". Conspiracionistas diriam se tratar de "tesouras"... mas na prática é rabo preso (da esquerda). ->
8) Na prática: no escândalo Queiroz, a esquerda -- plenamente envolvida nas rachadinhas -- prefere uma abordagem menos consistente (ao menos agora) , baseada nas teses milicianas e em uma eventual ligação dos Bolso com a morte de Marielle. ->
9) O tema central -- a proteção de Jair a seu filho via acordo com STF e desmonte da LJ -- passa quase desapercebido. Mas as pessoas percebem. Pior: entendem a esquerda como parte disso, no que estão perfeitamente corretas. A esquerda brasileira virou papagaio de bandido ->
10) Além disso, tornou-se minoritária nos outros temas. O movimento liberal, somado ao aumento do poder e influência do Merc. Financeiro no debate público, praticamente eliminou os comentaristas keynesianos e inflacionistas do jogo. Esquerda não tem modelo alternativo ->
11) Isso foi visto na reforma da previdência, na trabalhista e na PEC do Teto. Eles não tem alternativa pra propor. Pior: no caso dos app de transporte e similares (Loggi, Rappi, etc) seu discurso é vazio e anacrônico, apenas "denunciando" a precarização do trabalho ->
12) Não sabemos até quando poderão viver neste isolamento temático e manter seu feudo eleitoral no NE e áreas de influência. Certos sinais demonstram que o lulopetismo deveria realmente se preocupar... ->
13) O primeiro é Ciro e seu PDT -- donos do Ceará e com projeção nacional. Possuem causa e modelo próprios, mas limitados pelos vícios incorrigíveis do Coroné. ->
14) O segundo é o PSOL, que avança ferozmente na juventude de grandes capitais (SP, RJ e POA), roubando protagonismo petista em causas identitárias ->
15) O terceiro é Flávio Dino, e este é o mais complexo. Operando com ONGs de gestão pública e próximo da fundação Lehmann, o comunista é cotado como vice de Luciano Huck. Mas o que seria esta alternativa? ->
16) Existe uma importante rede de ONGs e fundações empresarias focadas na gestão pública e em setores estratégicos. Historicamente ligadas ao tucanismo e Marinismo, produzem o que há de melhor em políticas públicas no BR. Suas ramificações vão do NOVO ao PSL, do PCdoB ao PSDB ->
17) De Tabata Amaral a Eduardo Leite, essa massa amorfa é capaz de criar lideranças progressistas suprapartidárias com perfil competitivo e "agradáveis" aos olhos da classe média. São uma espécie embrionária de "partido democrata". Huck, é seu nome dos sonhos.
18) Dino e setores da esquerda à procura de um grupo político poderão encontrar lá seu refúgio. E tal força poderá emergir no debate com grande influência nos próximos anos. Seria uma esquerda democrática, politicamente correta, eficientista, calcada em resultados. ->
19) Por enquanto, operam abaixo dos radares. Mas logo logo ensaiarão seus primeiros passos. Se colocam como centro, como "via sensata". A mim, soa mais como uma centro esquerda progressista -- a mesma que vem perdendo eleições mundo afora. ->
20) Dado o atraso histórico gerado pelo Lulismo -- que mantém os setores de esquerda presos a arcaísmos -- essa nova esquerda irá pintar como novidade, ainda que viva crise mundial. Até por isso, não conseguiu se estabelecer por aqui até agora. A se ver... ->
