Hoje é um dia muito especial para quem gosta de cinema. Exatamente cem anos atrás, nascia um dos maiores diretores de todos os tempos: o italiano Federico Fellini. Vamos lembrar um pouquinho dele? #Fellini100 
Listas de grandes cineastas mudam de revista para revista, de site para site. Mas desconfie de qualquer uma que não coloque Fellini entre os dez maiores. Ele é daqueles que levou o cinema para outro patamar, quase criando uma linguagem própria. #Fellini100
Fellini começou sua carreira ainda com os pés no neorrealismo italiano, um movimento do pós-guerra que abordava pessoas comuns, com locações externas, luz natural. Tudo muito verdadeiro, que agia como resposta à estética fascista. #Fellini100
Esse movimento é um dos auges do cinema italiano, e render obras-primas como Ladrões de Bicicleta (1), de Vittorio de Sica, e Roma, Cidade Aberta (2)), de Roberto Rossellini. #Fellini100
Mas, aos poucos, Fellini começou a migrar para o campo da fantasia. Seus filmes começam a brincar cada vez mais com o roteiro e o visual, criando obras que parecem sonhos. Ajudava muito o fato dele ser desenhista (na foto, seu desenho Almoço com Jung). #Fellini100
“O cinema usa a linguagem dos sonhos; anos podem passar num segundo e você pode pular de um lugar para outro. É uma linguagem feita de imagens. E no cinema verdadeiro, cada objeto e cada luz tem um significado, como acontece nos sonhos”, ele disse. #Fellini100
Esse pezinho no onírico fez Fellini se tornar adjetivo. Hoje, muita gente usa a palavra “felliniana” para descrever uma situação (ou uma pessoa) fora do comum – ou bizarra. (Nas fotos, cenas de 8 ½, Casanova de Fellini, Satyricon e Amarcord). #Fellini100
Seus filmes possuem outras marcas registradas. Muitos contam com sua esposa Giuletta Masina ou Marcello Mastroianni no elenco. Outra parceria fenomenal era com o compositor Nino Rota – poucos cineastas casavam imagem e música com a genialidade de Fellini. #Fellini100
(Mesmo que você nunca tenha visto nada do Fellini, é provável que você conheça o trabalho de Nino Rota, especialmente a trilha de O Poderoso Chefão). #Fellini100
Muitos de seus filmes são “autobiográficos sem serem autobiográficos”, baseados em lembranças, obsessões ou apenas devaneios. “Mesmo se eu fizer um filme sobre um filé de peixe, o filme será sobre mim”, ele dizia. (Na foto, Fellini com seu irmão mais novo). #Fellini100
E aproveito para indicar quatro filmes de Fellini considerados obrigatórios para quem gosta de cinema. Um deles é um dos meus filmes preferidos da vida. #Fellini100
Fellini 8 ½ - Mastroianni é um diretor de cinema que mergulha em memórias e fantasias enquanto tenta criar seu novo filme. Curiosidade: é o filme favorito de David Lynch, que também faz aniversário hoje. Levou 2 Oscar. #Fellini100
O título se explica porque este é o oitavo filme e meio de Fellini - ele tinha feito seis longas, dois curtas e um filme em parceria com outro diretor. E funciona como base para o musical Nine, que depois virou filme com Daniel Day-Lewis. #Fellini100
A Doce Vida – o cotidiano de um jornalista que cobre a vida (embriagante e vazia) de celebridades em Roma. O termo paparazzo, usado para descrever fotógrafos de celebridades, nasce aqui por causa do nome do fotógrafo amigo do jornalista. #Fellini100
A Doce Vida criou uma das cenas mais icônicas da história, com Anita Ekberg e Mastroianni dentro da Fontana di Trevi. Como estava um frio de rachar, Mastroianni bebeu uma garrafa inteira de vodka, filmando a cena totalmente bêbado. #Fellini100
E La Nave Va – Um dos útimos grandes filmes de Fellini (é de 1983), acompanha um navio que transporta as cinzas de um cantor de ópera e os amigos do falecido. Tudo visto pelos olhos de um jornalista que cobre a viagem. #Fellini100
Este filme tem uma cena que mostra a genialidade de Fellini, quando ele brinca com a diferença de velocidade (na imagem e na música) que existe entre a cozinha e o restaurante. (Procure também a cena dos cantores de ópera na caldeira). #Fellini100
E poucas coisas são mais geniais que o final, quando o filme quebra a quarta parede e passa uma das mensagens mais fortes de toda a carreira de Fellini: “não se esqueça, é apenas cinema”. (O vídeo tem spoilers) #Fellini100
Amarcord – o meu filme preferido de Fellini, que narra o cotidiano dos moradores de uma pequena cidade italiana na década de 30. Religião, nostalgia, fascismo, sexo, tudo sem uma história linear, apenas acompanhando as estações do ano. #Fellini100
Esse é um dos filmes mais autobiográficos de Fellini – mesmo com ele rejeitando isso – pois é baseado nas suas lembranças da juventude. Tanto que Amarcord é a expressão “Mi ricordo” (“Eu me lembro”, mas com a pronúncia do dialeto de Rimini, onde Fellini nasceu. #Fellini100
Claro, esses são apenas alguns dos quatro filmes mais conhecidos de Fellini. Mas vale a pena conhecer muito mais, como A Estrada da Vida (1), Juleta dos Espíritos, Noites de Cabíria (2), Satyricon e Ginger & Fred. Todos valem a pena. #Fellini100
Antes de encerrar, minha cena preferida de Amarcord: os garotos espiam o salão onde acontecem os bailes da alta sociedade e criam seu próprio baile imaginário na neblina. Lembra quando eu falei do casamento entre imagem e som? Olha isso! #Fellini100
E, para encerrar, o vídeo com Fellini recebendo o Oscar pelo conjunto da obra, em 1993. “Quero falar apenas um nome, da atriz que também é minha esposa. Obrigado, querida Giuletta. E, por favor, pare de chorar!” Maravilhoso <3 #Fellini100
