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Este mundo começa hoje. #BladeRunnerDay
Esse é o filme mais importante dos anos 80 e a obra-prima de Ridley Scott, influenciando (muito) a ficção científica no cinema até hoje.
(E só não é a maior ficção científica de todos os tempos porque pouco mais de uma década antes de um grupo de replicantes se rebelar, Stanley Kubrick mandou o homem para o espaço).
Aliás, deixa eu contar uma história curta sobre a ligação de Blade Runner – o livro – com o nazismo, que pouca gente conhece e que é interessante demais.
Philip K. Dick teve a ideia de escrever Blade Runner (que, na verdade, se chama “Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?") no começo dos anos 60, quando estava começando a trabalhar em O Homem do Castelo Alto (que hoje é série de TV).
Para criar um mundo dominado pelos nazistas, ele teve que fazer pesquisas. Assim, teve acesso a arquivos nazistas guardados na Universidade de Berkley. E no meio desse material, ele encontrou alguns diários de oficiais da SS que serviram na Polônia.
E começou a ficar cada vez mais horrorizado com a naturalidade que a violência nazista era relatada nos diários. Uma frase em especial (“Ontem à noite, não conseguimos dormir por causa do choro das crianças famintas”) o deixou completamente perturbado.
Para Dick, aquilo não era apenas maldade. A pessoa que havia escrito aquilo devia ter algum problema mental. A única explicação que ele conseguiu criar é que os nazistas tinham alguma disfunção cerebral que os deixavam completamente “imunes” à empatia.
Dick não fazia ideia que estava no caminho certo para explicar alguns tipos de psicopatia. Hoje se sabe que elas são causadas por um disfunção no sistema límbico (mas eu não sou psiquiatra e não posso nem vou me aprofundar nisso).
Voltando a Dick. Para ele, essa disfunção seria tão intensa nos nazistas que eles não podiam mais ser vistos como seres humanos. Eles podiam ter aparência humana e agir como humanos, mas não eram humanos. Eram outra espécie... Ou outra coisa. Assim nasceram os replicantes.
Esse termo não aparece no livro e foi sugerido pela filha do roteirista (que estudava microbiologia e falou para o pai sobre a teoria da replicação, com células que “se clonam”). No livro, eles são apenas androides (ou "Andies").
Mas o conceito por trás dos replicantes é o mesmo: a falta de empatia, tema recorrente no livro (com as caixas de empatia e a menção de que androides não sentem empatia por outros androides). E, claro, o teste Voight-Kampff, que identifica os replicantes, analisa… A empatia.
Então uma das principais fontes de Blade Runner está nos anos 30/40, mas o tema principal (a empatia) é mais atual que nunca. Aliás, quando pensamos não em empatia, mas na falta dela, talvez realmente estejamos em novembro/2019.

Olhe ao redor.
Quantos replicantes você conhece?
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