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Flamengo e Vasco colocaram seus times alternativos, cheios de garotos em campo para a disputa do primeiro clássico do ano. Domínio vascaíno no início e vitória rubro-negra no fim. Já são 15 jogos de invencibilidade. Jejum incômodo que assombra as escolhas de Abel.

Segue o fio aí
Maurício Souza mandou o time a campo num 4-2-3-1. Dois laterais bastante ofensivos e dois pontas velozes que invertiam de lado de tempos em tempos. Vitor Gabriel jogava de costas e Luiz Henrique tentava se aproximar dele, enquanto Vinicius e Hugo Moura sustentavam o meio-campo.
A saída de bola era sempre curta, com Vinicius - o mais consciente do time disparado - recuando entre os zagueiros, perto do goleiro, e priorizando passes pelo meio. Os dois laterais espetavam e os dois pontas se mantinham abertos.
O Vasco veio num 4-3-3. Abel poupou o time titular todo. Jordy, Andrey, Marcos Junior, Tiago Reis e Ribamar eram os nomes mais conhecidos. Lucas Santos, jovem de 20 anos e 1,64m começou centralizado no ataque: uma escolha curiosa, mas bem interessante.
Foi explorando a velocidade nas costas da zaga que o Vasco conseguia forçar a entrada no campo de ataque. A linha defensiva do Flamengo jogava adiantada - como JJ gosta - mas muito, muito espaçada.

Nos buracos entre os defensores, o Vasco fazia a festa.
Tabela rápida pelo lado, alguém saía livre nas costas do lateral rubro-negro.
Lançamento pelo meio, alguém saía livre nas costas dos zagueiros.
Bola longa e casquinha, alguém aparecia correndo livre com a sobra.

De fato, os primeiros 20 minutos foram de terror e pânico.
Nesse contexto, o baixinho Lucas Santos era quem mais dava trabalho. Com liberdade para se movimentar, aproveitava a sua velocidade para aparecer sempre com perigo naquele espaço.

Quando recuava para armar, também aparecia livre e complicava a marcação do meio-campo.
O erro do Fla era duplo: posicionamento muito ruim na defesa e pouca pressão na bola no meio-campo, o que significava que um jogador do Vasco tinha muito tempo para pensar e lançar, enquanto outro tinha muito espaço para correr e infiltrar. Combinação fatal.
Por outro lado, o ataque vascaíno também demonstrava uma péssima coordenação de movimentos. Mesmo pressionando, ficou em impedimento quatro vezes nos primeiros quinze minutos, inclusive no gol anulado de Ribamar.
Aos 20 minutos, parada para hidratação e uma chance para Maurício conversar com o time.

Era óbvio que o Flamengo precisava mudar e reagir, mas não era tão óbvio como.
Logo no primeiro lance após a parada, um detalhes simples, porém emblemático: a disputa de bola pelo meio sobra com um jogador do Vasco, que lança.

Gabriel Batista sai do gol e vai até a intermediária, antecipa, domina, acalma e sai jogando com Hugo Moura.
O goleiro entrava no jogo para fazer a cobertura das costas dos zagueiros, quase como líbero, mas essa não foi a única mudança do Flamengo.

A defesa passou a jogar mais estreita e, com isso, os pontas foram recuados para fecharem o corredor.
Melhorando a defesa, o Flamengo passou a ter mais tempo com a bola e ocupar o campo de ataque. Ofensivamente o jogo começou a fluir.

Yuri passou a Ramon, que cruzou para Luiz Henrique perder um gol feito.
Logo depois, Yuri passou a Ramon, que cruzou na medida para Lucas Silva, infiltrando no latifúndio oferecido pelo lateral do Vasco.

O tipo de erro que é mortal em qualquer jogo, seja da base ou do profissional. Um a zero Flamengo.
Depois do gol, Hugo Moura inverteu com Vinicius, passando a ser o responsável pela saída de bola e ficando mais preso quando o Flamengo tentava uma pressão alta.

Assim, Vinicius aumentou ainda mais sua influência no jogo e o time melhorou.
Aos 46’, um lance feio que mudou ainda mais o jogo. Ramon deu um carrinho muito forte, Lucas Santos conseguiu o corte e o lateral rubro-negro atingiu só as pernas do atacante. O vascaíno ainda pediu para voltar, mas Abel o trocou por Gabriel Pec e o Vasco perdeu velocidade.
Resumo do primeiro tempo: foi um milagre o Flamengo sair vencendo, mas também foi um milagre o Vasco não sair goleado.

Um raro jogo em que todo mundo parecia no lucro - e esse pode ter sido o sentimento que ficou vivo em Abel Braga.
Pepê voltou para o segundo tempo no lugar de Luiz Henrique, acrescentando força física e mais proteção de bola.

Aos 7 minutos, Dantas foi substituído por Richard e Hugo Moura passou a jogar de zagueiro.
Hugo cresceu bastante na nova função. O time ganhou um novo dinamismo na saída de bola, sem usar mais a “saída de 3”, mas com o volante improvisado sempre acelerando o jogo pela direita, carregando a bola e criando problemas para o adversário.
Richard, apesar de se enrolar um pouco com a bola, também deu um novo dinamismo ao meio-campo e conseguiu se movimentar melhor. Yuri, mais fixado pela esquerda, também começou a aparecer no jogo e o Flamengo se impôs completamente no início do segundo tempo.
A grande dificuldade era Vitor Gabriel jogando de costas. Quando conseguia girar e acelerar, o atacante parecia bem mais confortável. Nas bolas longas lá de trás, ele foi praticamente inútil. Mal conseguiu disputar as jogadas pelo alto e não acertou nenhuma jogada de pivô.
O Vasco foi se lançando cada vez mais ao ataque e o Flamengo seguia precisando manter a defesa estreita para evitar os espaços entre os jogadores. Com isso, Yuri foi forçado a cobrir o corredor lateral inteiro e o Flamengo passou a defender quase em 5-3-2.
O esforço do jovem ponta foi louvável. Realmente cobriu bem o lado e evitou vários ataques do Vasco, mas isso significava estar muito longe do gol adversário. Quando o Flamengo roubava a bola, Yuri iniciava uma arrancada de 60 metros para atacar. Com isso, foi cansando demais.
Mas, de fato, esse foi o ponto mais interessante do segundo tempo. O número de faltas aumentou, o Flamengo seguiu pressionando pouco a bola, o Vasco continuou tentando todo tipo de lançamento e nada mais aconteceu. O jogo ficou chato.
Vitor Gabriel ainda ampliou no último lance, mas o gol foi corretamente anulado por impedimento.

No fim, deu pro gasto. Mesmo para o time de jovens, o Flamengo não fez um grande jogo, mas foi suficiente para vencer e manter a escrita. É o que importa.
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