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Meus amigos, passando um pouco pra comentar sobre a Tragédia do Ninho após a entrevista do Presidente, que lançou uma luz sobre a atuação do clube nesse caso
Aparentemente, o clube o suporte material do clube vem sendo adequado, provendo um valor mensal capaz de garantir relativa segurança financeira pras famílias, enquanto vem oferecendo também suporte psicológico.
Acho pertinente que o clube esclareça que tipo de suporte psicológico vem sendo oferecido pras famílias - se o suporte oferecido é feito por profissionais do clube ou profissionais escolhidos pela família.
Pra mim, o adequado é que o Flamengo se responsabilize pelos gastos com atendimentos psicológicos nos profissionais escolhidos pelas famílias (se elas se sentem confortáveis com os profissionais do clube, melhor ainda)
Acredito que, até que os acordos estejam fechados, o Flamengo deveria, também, auxiliar financeiramente, em gastos incorridos por familiares em procedimentos médicos.
Nesse sentido, garantindo tranquilidade financeira e acesso à profissionais de saúde durante essa fase difícil, o clube estaria fazendo sua parte em termos materiais.
Por outro lado, a discussão dos valores da indenização é extremamente complexa. Nós sabemos que o valor de uma vida é imensurável e eu tenho certeza que qualquer um dos pais trocaria todo o dinheiro que clama por ter seu filho de volta.
Não é isso que entra em discussão, o que entra em discussão é o estabelecimento de um valor que ajude compense eventuais perdas e ajude a aliviar o sofrimento das famílias, já que é natural que uma situação como essa gere impactos físicos e emocionais profundos.
Impactos esses que podem trazer perdas consideráveis pras essas famílias ao longo desse processo de luto, bem como das perdas materiais potenciais que essas famílias tiveram com a carreira desses meninos ter sido encerrada de tão precoce.
Pra mim, o desacordo vai acontecer sempre no último cenário. Estimar o quanto esses meninos poderiam ter ganho ao longo da carreira é, de certa, forma tentar estimar o quão longe eles iriam, colocar um preço sobre uma expectativa, sobre o futuro deles.
É claro e totalmente compreensível que esse é um processo difícil pros pais. Nenhum pai consegue colocar um valor no futuro das suas crianças. Ao contrário, por incentivarem e acreditarem nos seus filhos, eles sempre vão ter a expectativa de um futuro brilhante.
É natural que essas famílias rejeitem propostas com uma avaliação menor nessa perda material. É até uma forma de defender a memória dos filhos deles. Pros pais, aceitar uma proposta menor não seria muito diferente de defender seus filhos.
Por outro lado, a justiça lida com esse tipo de caso fazendo estimativas de forma impessoal, metódica e técnica, tendo estipulado valores e formado uma jurisprudência. Se o Flamengo oferece acima dessa jurisprudência, o clube de certa forma já faz uma proposta razoável.
As famílias lidam com o luto de forma diferente e tem necessidades diferentes, não necessariamente a proposta que vai satisfazer uma, satisfará outra. Por outro lado, uma vez que o Flamengo fechou indenizações com as primeiras famílias, existe essa responsabilidade de garantir +
que as demais indenizações serão na mesma ordem, em respeito à essas famílias que entraram em um acordo primeiro. Estando o Flamengo pagando acima da jurisprudência, existiriam três avaliações, a da justiça, a do Flamengo e a das famílias.
Ao meu ver, é muito complexo alinhar as três. As famílias tem um motivo válido para não concordarem com as propostas e o Flamengo também tem argumentos no sentido de que suas propostas são razoáveis.
Infelizmente, eu acredito que nesse caso não vai ser possível uma solução consensual. Nesse sentido, acho que o clube precisa mudar de abordagem e se aproximar das famílias, muitas vezes tentar um acordo no sentido de um valor intermediário ser estabelecido em arbitragem.
Levar pra justiça, ao meu ver, vai ser a pior solução pra todos, é esperado que seja um processo extremamente lento, desgastante emocionalmente, caro, com massiva cobertura midiática e indenizações menores do que as oferecidas para as famílias.
Pela natureza da minha profissão (Engenheiro Eletricista), infelizmente muitos colegas (Engenheiros e, mais frequentemente, Técnicos), ficam expostos ao risco de acidentes. Já perdi colegas por acidentes de trabalho e as discussões por indenização sempre foram complicadas.
São processos com famílias fragilizada demais para avaliar os acordos propostos - que, na maioria das vezes, não são razoáveis - e acabam abarrotando o judiciário, que é lento, desgastante e frequentemente insatisfatório.
A única vez que vi um caso desses terminar em acordo foi por ação do advogado da família que, percebendo que existia uma chance de entendimento, mediou um acordo, negociando pra chegar a valores que ajudariam a família, enquanto convencia a família a aceitar.
Nesse caso, o interesse dos advogados das duas partes, ao meu ver, também é muito importante, já que se qualquer lado tiver interesse em levar o assunto para a justiça, dificilmente vai haver um consenso ou possibilidade de acordo.
Encerrando essa parte material, se eu acho que o Flamengo vem trabalhando de forma razoável, embora precise de uma mudança de estratégia para finalizar os acordos com as últimas 6 famílias, o clube vem sendo totalmente incapaz de externalizar isso e comunicar suas ações.
Já se foi quase um ano desde a tragédia, tempo mais do que o suficiente pra providenciar um profissional capaz de fazer esse tipo de gerenciamento de crises e comunicar isso melhor
Precisamos parar de fazer essas entrevistas fechadas e comunicados e começar a comunicar as ações do clube de forma constante, bem como responder, de forma transparente, os questionamentos da imprensa e do resto da comunidade
Por exemplo, Flamengo sofreu um massacre midiático por não ter aceito o acordo do Ministério Público com as famílias. Só hoje, quase um ano depois, eu fui entender que o Flamengo não aceitou o acordo porque o MP não tinha o poder pra firmar o acordo e não representa as famílias
Esse é o tipo de consideração que deveria ter sido feita de forma transparente e imediata e externalizada para a torcida e para a imprensa da forma mais acessível possível
Se isso tivesse acontecido, a imprensa poderia ter corrido atrás dessa história, chamado Professores de Direito/Advogados para opinar e esclarecido isso publicamente, ao invés de isso ficar ricocheteando sobre a imagem do clube por um ano
Mais do que isso, quando o clube se omite de se comunicar, a imprensa se omite de fazer bom jornalismo e parte pro sensacionalismo e reportagens abutres de sempre. Isso precisa mudar imediatamente.
Agora além do lado material, existe uma série de outros aspectos no mínimo tão importantes quanto, que são o esclarecimento do acidente, o ajuste do Ninho e o relacionamento com as famílias
Em tempo: A cobertura da imprensa da entrevista do Landim, nominalmente ESPN e Globo Esporte, é cretina, maldosa e asquerosa, distorcendo várias falas. Digna do clube acionar judicialmente pedindo retratação/direito de resposta (Cc:/ @roddunshee).
@roddunshee Deixando os prints caso seja necessário
@roddunshee Continuando, acho que outra área que o Flamengo precisa trabalhar melhor é o relacionamento com as famílias. É importante que o clube entenda a situação de cada família e esteja sempre à disposição.
Como já disse, cada família vai lidar com a perda de uma forma diferente, algumas podem preferir estar longe do clube, outras podem ficar melhor se aproximando, participando de homenagens e etc.
Nisso, é muito importante que o clube guarde a memória dos meninos e que esteja sempre aberto e mantendo sempre perto as famílias que preferirem estar por perto. Mais do que isso, é importante que essas famílias tenham uma pessoa, uma âncora no Flamengo.
Esse litígio é temporário, mas a tragédia ligou as famílias ao clube de forma permanente. O Flamengo tem uma responsabilidade de longo prazo com essas famílias.
Já postulei isso uma vez e vou colocar de novo: Acho que seria apropriado que o Flamengo tivesse um funcionário para cuidar exclusivamente do caso dos Garotos do Ninho, sendo uma ponte entre as famílias e o clube, monitorando os atletas sobreviventes, preparando homenagens (+)
e preservando a memória dos meninos do Ninho. É importante não só para se relacionar com as famílias dos que se foram, mas também pra lidar com os próprios meninos que sobreviveram.
A prioridade do Flamengo deve ser garantir que esses meninos estejam emocionalmente bem, sempre.
Claro, decisões como continuar ou não no clube, de cunho técnicas, podem e devem ser tomadas, até porque é ruim tanto pro clube quanto pra carreira do atleta manter um jogador que não vai ter espaço ou que não está no nível do restante da equipe.
Mas tem maneiras diferentes de lidar com isso. São 20 sobreviventes, um trabalho pra ajudar aqueles que porventura não forem continuar no Flamengo a encontrar outro clube, por exemplo, já demonstraria sensibilidade nesse sentido.
Nesse caso, minha proposta seria que esse trabalho ficasse sob a alçada da Vice-Presidência de Responsabilidade Social, que é justamente a área do clube que lida com isso e que é muito bem representada pelo VP Walter D'Agostino, que tem enorme experiência institucional
Com isso, existindo alguém no clube zelando pelo interesse das famílias, seria possível substituir a abordagem de maximizar o shareholder value, que o Flamengo vem adotando, por uma estratégia de maximização do stakeholder value.
Não entro em certo e errado, a função da diretoria passa por defender os interesses do clube, o que muitas vezes caminha pra uma estratégia de shareholder value maximization. Ao meu ver, porém, esse caso necessita garantir algo bom pra todos, ainda que o clube ceda um pouco.
Nesse sentido, acho que o clube precisa repensar isso fortemente. E, ainda que eu entenda que Landim, Reinaldo e Dunshee podem querer tomar a frente da comunicação da questão por serem responsáveis pela instituição, ajuda especializada seria muito bem vinda.
Isso não é como representar a instituição em um torneio, dar uma entrevista sobre um jogador ou sobre uma negociação com um parceiro. É a maior tragédia da história do clube.
Dito isso, vou ao último ponto, a adequação do Ninho e a investigação do acidente, já que tão importante quanto assegurar o bem estar das vítimas e familiares é garantir que acidentes similares não voltarão a acontecer e determinar os responsáveis, caso existam, da tragédia
Aparentemente, a diretoria fez um ótimo trabalho adequando o Ninho do Urubu e garantindo que, de agora em diante, ele estaria em regularizado, em conformidade com a legislação e seria um ambiente seguro
Nisso, são citados a obtenção dos alvarás, do habite-se, a assinatura de um TAC com a Vara da Infância e da Juventude, a adoção de verificações internas, novas licenças na Gávea e a adoção de protocolos SMS.
Tudo isso é extremamente importante e foi muito pouco divulgado. Seria conveniente que a diretoria desse publicidade a todos esses avanços, mostrando as melhorias e adequações feitas e contrastando o estado atual com o estado passado.
Com isso, chego no último ponto. Ainda que a investigação do acidente seja de responsabilidade da polícia, acredito que o Clube precise se movimentar de aforma ativa pra apurar o que aconteceu e determinar os responsáveis, caso existam
Existem uma série de erros gravíssimos que precedem o acidente como a falta de alvará e habite-se, a série de multas pagas sem que o clube regularizasse a própria situação
O Flamengo precisa usar todos os recursos possíveis para passar isso a limpo. Vejo um inquérito interno como indispensável. Tem muitas perguntas pra serem respondidas.
O incêndio foi originado em uma explosão de ar condicionado, é preciso verificar o projeto de combate a incêndio do container, os dispositivos que realmente estavam implementados, o estado do ar condicionado, o projeto elétrico, a ocorrência de oscilações na rede (+)
ou descargas atmosféricas, é preciso verificar se os dispositivos de proteção contra descargas atmosféricas estavam devidamente implementados, é preciso apurar quem era o responsável por manter a documentação em dia(+)
quem tomou a decisão de instalar os meninos em uma provisória, por quê o Ninho do Urubu foi inaugurado sem estar pronto, se o Flamengo tinha um protocolo adequado pra esse tipo de evento, se a atual diretoria tinha ciência que o Ninho não estava regularizado (+)
se alguém envolvido no acidente permanece no clube, quem tinha conhecimento sobre os Documentos do Ninho na diretoria passada
Determinar responsáveis e instaurar inquérito é atribuição da polícia, mas esclarecer isso é uma necessidade do clube. Pra isso, seria necessário um esforço intenso não só pra mergulhar nisso, mas pra coletar informações da Diretoria Passada e da Atual
Esse é um aspecto crucial que vem sendo negligenciado. A Diretoria anterior deve diversos esclarecimentos sobre o acidente, assim como a atual. Precisamos disso pra avançar.
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