Meus amigos, passando rápido pra comentar o texto do Mauro. Concordo com alguns pontos, mas eu discordo fortemente da ideia central de que o sucesso do Flamengo é ameaçado por uma ala comandada por Bap e Gustavo Oliveira
Pra começar, tanto o Bap quanto o Gustavo Oliveira acumulam duas funções no Flamengo e, por isso, eu avaliaria a atuação deles de forma individual em cada função, e não conjunta.
Começando pelo Bap, a suposta influência na contratação do Abel e as críticas ao Jesus (acredito fortemente no primeiro, não descarto o segundo) dizem respeito à sua atuação como membro do Conselho de Futebol, não como VP de Relações Externas
Como não existem informações sobre a atuação detalhada do Conselhinho, não é possível fazer uma avaliação justa da atuação do Bap - ele pode ter acertado em outros casos, mas caso a atuação dele tenha se restringido a isso, considero que foi péssimo e deveria ser removido.
Dito isso, uma avaliação justa careceria de mais informação sobre a atuação dele no Conselinho que, com ou apesar dele, funcionou muito bem nesse primeiro ano de gestão.
A segunda parte é a atuação dele como VP de Relações Externas. Nesse caso, eu acho que ele cometeu um erro muito grave, mas no geral fez um trabalho muito bom.
Acho que ele errou grosseiramente quando deu aquela entrevista defendendo o Abel (até aí, ok) ao falar que o Abel tinha ganho mais nos últimos 10 anos que o Flamengo. O trabalho dele é defender ferrenhamente a imagem e o relacionamento do clube.
Erro gravíssimo, que pra mim seria passível de substituição, mas situação muito parecida com a do Tabet no caso do Framengo. Errou feio, foi passível de substituição, mas foi mantido e fez bom trabalho.
Em termos de Relações Externas, acho o trabalho muito bom porque o Flamengo passou por várias situações complicadas com Confederações e não foi prejudicado ou teve o impacto do prejuízo reduzido. Atribuo isso ao relacionamento também.
O Flamengo tirou o Reinier da Seleção duas vezes por meio de Medida Inominada, assim como o Vasco fez com o Thalles, o procurador do STJD chegou falar que poderia ter julgamento quanto ao mérito, o que colocaria o Flamengo em risco. Não deu em nada e a CBF liberou o Reinier (+)
e admitiu que a medida inominada tinha perdido o objeto. É um direito do clube? Sim. Flamengo ganhou algo que não deveria? Não. Mas o sistema é tão horrível que se você não tiver relacionamento você não consegue nem assegurar seus direitos. O CAP ficou sem o Lodi assim.
Do mesmo jeito, o Flamengo esteve institucionalmente forte com a CONMEBOL também. A final da Libertadores saiu de Santiago pra Lima, numa manobra que evitou prejuízo pra gente, mesmo lidando contra um time da AFA.
Com relacionamento fraco, a CONMEBOL tinha passado a mão na bunda do Flamengo e mandado a final pra Montevidéu. Só lembrar que em 2018, estreamos contra o Emelec no Engenhão por termos perdido mando de campo na final de 2017. O ônibus do Boca foi atacado na FINAL em 2018 e não só
a final foi jogada como o River enfrentou o Palestino no Monumental na estréia de 2019. Mais do que isso, em 2018 o River jogou com jogador irregular a primeira fase inteira (Bruno Zuculini) e a CONMEBOL não fez nada, num assunto que interessava diretamente ao Flamengo (+)
que, em caso de perdas de ponto/desclassificação do River, teria passado em primeiro na chave, terminando com 14 pontos e passando em 3º no geral, tendo vantagem de decidir em casa no mata-mata (que seria v. Boca, não v. Cruzeiro)
Na mesma Libertadores, o Santos, também sem relacionamento, escalou o Carlos Sanchéz irregularmente da mesma forma e foi denunciado e punido com derrota por 3x0 pela CONMEBOL.
Esse ano, não só o Flamengo evitou uma mudança de local ruim na Final contra o time mais influente do continente, como também viu o chefe do VAR ser substituído depois de ele endeusar o time do River Plate em entrevista pro Olé.
Além disso, a relação do Flamengo com os agentes públicos também melhorou bastante e isso é de suma importância. Insere o clube na discussão de coisas que tem grande impacto pra gente como a gestão do Maracanã, o projeto do Clube Empresa e etc.
Essa é a forma como eu vejo e é baseada na minha visão de que o Flamengo tem que se relacionar bem com todos os agentes públicos. Tem que continuar inaugurando o gabinete do Frota, chamando o Molon pra hastear a bandeira no lançamento da nova piscina, receber o Presidente (+)
e os Ministros, dialogar e reunir com o governador e o prefeito, se aproximar dos vereadores pra garantir que o Flamengo vai ter voz em assuntos relevantes relacionados ao Esporte. E digo mais, tem de ser feito de forma universal, com gente da situação e oposição.
Do mesmo jeito que dialogou com Frota, Bolsonaro e o Molon, que tem três posições totalmente distintas, tem que dialogar com o Crivella agora e se o Freixo for eleito prefeito em 2020, esse diálogo tem de passar a ser com o Freixo.
Eu entendo essa aproximação causou um desgaste adicional na já desgastada imagem do Bap, que era pintado como vilão e malvadão desde a primeira gestão, principalmente entre a Fla-Tankie, que tem uma rejeição especial à ele não sei exatamente porquê.
Mas o trabalho dele tem que ser julgado de acordo com a visão institucional do clube e se essa é a visão do clube está sendo bem feito. Trabalho do Bap tem prós e contras, como o de qualquer um, mas dentro da sua pasta é um upgrande consideravel em relação ao antecessor.
Mais do que isso, o texto defende a existência de arrogância e vaidade por parte do Bap que poderiam atrapalhar o desempenho do Flamengo em 2020. Até agora, não teve absolutamente nada que indicasse algo nesse sentido no Futebol. Mais do que isso, conciliar posições e opiniões+
divergentes em prol de um objetivo comum é salutar em qualquer instituição. E, aliás, na maioria das vezes, é muito mais saudável do que ter uma equipe em que todos tenham as mesmas opiniões.
Só pra encerrar a parte Bap, for disclosure: Não votei/apoiei nem Bolsonaro e nem Haddad em 2018. Moro nos EUA desde 2015, em 2016 apoiei a Senadora Clinton, em 2020 estou registrado para as primárias do Democratic Party, onde votarei no VP Biden ou no Prefeito Bloomberg.
Por outro lado, falando do trabalho do Gustavo Oliveira, pra mim ele também deve ser avaliado de forma diferente na Comunicação e no Marketing, já que são dois trabalhos diferentes.
Eu não gosto de comentar muito sobre a Comunicação porque eu não tenho a menor expertise no assunto pra fazer a mesma microgestão que vocês fazem [criticar até a tipografia de arte de post de twitter], mas eu concordo que houve queda acentuada na área.
Sem entrar nos aspectos técnicos, que eu desconheço, mas, pela reação da Fla-TT, imagino que estejam realmente ruins, mas pra mim foi perceptível que a capacidade de interação do perfil oficial caiu, bem como ao meu ver caiu também a qualidade do conteúdo publicado
Mais do que isso, o Flamengo foi ineficaz pra capitalizar e difundir a marca no Mundial de Clubes, com a desativação dos perfis em língua estrangeira e fez poucas ações de ativação ao longo do ano. Eu julgo isso como muito ruim.
Não acho que o Flamengo tenha obrigatoriamente que seguir o padrão da Comunicação anterior, tem vários clubes de dimensão mundial que se comunicam de forma protocolar e institucional, mas o fazem de forma efetiva e adequada.
Isso é questão de divulgar as contratações, o horário, local e formas de transmissão dos jogos, os pronunciamentos oficiais do clube, narrar em tempo real os jogos e etc. Dá pra fazer isso de forma séria e em bom nível. Mas não, a comunicação atual fica num meio termo estranho.
A impressão que fica é que a Comunicação atual não tem nenhuma estratégia de longo prazo. Por isso e por ser a segunda estadia do Gustavo Oliveira à frente da pasta (a primeira também foi ruim), eu o substituiria.
Dito isso, adiciono duas coisas:
(i) Acho que a importância da comunicação em termos orçamentários está sendo MUITO sobrestimada por aqui, o que não impede que melhorias sejam exigidas. A busca por excelência é implacável e constante.
(i) Acho que a importância da comunicação em termos orçamentários está sendo MUITO sobrestimada por aqui, o que não impede que melhorias sejam exigidas. A busca por excelência é implacável e constante.
(ii) No texto, o Mauro põe na conta da Vice-Presidência de Comunicação a dificuldade do clube em comunicar sobre o acidente do Ninho, o que eu acho inadequado. Um assunto dessa gravidade deveria ser conduzido pela Presidência
Sem querer entrar no mérito do acidente, mas esse é um assunto que envolve várias áreas (Patrimônio, Futebol, Juridíco, talvez Administração (por conta dos Alvarás), Financeiro) e por isso deveria ser conduzido pela Presidência. Claro que uma estratégia de comunicação ajudaria.
No meu mundo mágico, aliás, o assunto do Ninho seria tratado sempre em entrevistas coletivas com a Presidência (Landim), Jurídico (Dunshee) e com o VP de Responsabilidade Social (Walter D'Agostino), com o Flamengo buscando prover conforto material e emocional pras famílias (+)
em uma frente, enquanto conduzia rigorosa investigação para apuração de responsabilidades em outra, colaborando com o inquérito civil, sem deixar de lado sua função social.
Infelizmente, como a realidade é bem mais dura e o assunto tem de ser conduzido de forma sóbria, eu responsabilizo a Presidência e a VP Jurídica por assumirem o ônus da comunicação da tragédia.
Aparentemente, meu almoço chegou, então interromperei essa thread por meia-hora, voltando para concluir sobre a atuação do Gustavo Oliveira.
Retornando: Enquanto eu acho que o Gustavo Oliveira foi péssimo na Comunição e que a pasta deveria ser desmembrada e atribuída pra outra pessoa ou totalmente reformulada, não estendo isso para o Marketing, onde avalio a atuação dele como regular, dentro da média das pastas.
A verdade é que, apesar dos títulos, esse foi um ano muito duro pro Flamengo em termos de marketing. A diretoria anterior deixou o Flamengo sem patrocínio master para o começo de 2020 e com menos de 45 dias de gestão aconteceu a tragédia do Ninho.
Iniciar o ano sem patrocínio já dificulta consideravelmente as negociações, já que a maioria das empresas já chega no novo ano com o orçamento fechado, não existindo grande margem pra absorver um contrato algo como o de patrocínio master
Some isso à baixa atratividade dos primeiros meses do ano, que são majoritariamente de estaduais, a um time estigmatizado por estar perdendo tudo e passando vergonha nos 5 anos anteriores e à tragédia do Ninho. Ainda insira na conta a retração do valor dos patrocínios (+)
com a saída da Caixa do mercado. Só do clube ter fechado o ano com o uniforme cheio de patrocinadores pagando valores de mercado eu já não consigo classificar esse trabalho como qualquer coisa abaixo de regular.
Além disso, ainda teve o ST bombando, o que eu atribuo mais ao time do que ao trabalho do Gustavo propriamente dito, e uma precificação correta que garantiu o estádio lotado o ano inteiro.
Enfim, acho que tem um longo caminho pela frente no Marketing, mas o Flamengo chega pra 2020 numa situação muito melhor do que saiu de 2018 pra negociar patrocínios, novas formas de receitas, licenciamento e ampliar o alcance da marca
Vejo, também, uma boa oportunidade pra consolidar o número de sócios-torcedores, mantendo a adesão alta, por meio de uma reformulação do programa capaz de atacar os problemas atuais, o que pouco avançou desde a criação
Ou seja, acho que o trabalho do Gustavo no marketing esteve longe de ser brilhante, tem várias falhas, existindo um potencial de melhoria na área enorme, mas não acho que o trabalho tenha sido ruim ou seja um motivo pra gerar substituição
Nesse sentido, acho pertinente o questionamento do Mauro, se o Marketing do Gustavo Oliveira será capaz de alavancar as receitas pra fortalecer o poder financeiro do Flamengo, e realmente me sinto incapaz de prever se será ou não
No mais, o Gustavo parece ser um cara importante no grupo [foi coordenador da campanha do Landim], de forma que não vejo como justo ele ser mencionado como "da ala do Bap" num texto que fala sobre arrogância e vaidade. Dito isso, ele tem de ser julgado pelo seu trabalho, que (+)
ao meu ver, no cômputo geral é ruim, sendo péssimo na Comunicação (de onde deveria sair) e razoável no Marketing (onde poderia permancer se for capaz de entregar resultados mais fortes). Por mais que ele seja importante, não pode ser mantido em função estratégica sem resultado +
Nesse caso, ele poderia ser remanejado pra uma função mais política, com menor impacto orçamentário.
Enfim, o que eu tinha pra dizer era isso. Um abraço e SRN pros amigos! Daqui a pouco tento responder quem comentou sobre
