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DNA TUPINIQUIM - A partir de análise genética, um grupo de cientistas mostrou que os Tupiniquim de Aracruz (ES) são descendentes diretos do mesmo povo que viu os portugueses chegarem no Brasil em 1500. Segue o fio para entender essa história 👇
Até o século 15, cerca de 900 mil habitavam a costa brasileira, a maioria falantes de línguas do tronco linguístico Tupi, grupo do qual os Tupiniquim fazem parte. Com a chegada dos colonizadores, eles foram dizimados, e os Tupiniquim chegaram a ser declarados extintos.
Por isso, é surpreendente que o grupo de Aracruz, além de possuir DNA predominantemente nativo (51%), não apresenta miscigenação com outras etnias indígenas, o que indica que descendem diretamente dos primeiros Tupiniquim.
A outra parte desse DNA tem origem europeia (26%) e africana (22%), e os cientistas também conseguiram estimar a data desses eventos de miscigenação. O primeiro, com europeus, foi no século 18, com a expansão dos bandeirantes e crescimento da escravidão indígena.
No início do século 19, aumenta a miscigenação entre os Tupiniquim com populações trazidas da África, também como escravos. Por fim, após a abolição da escravidão, passa-se a um novo período em que ocorre miscigenação tanto com descendentes de europeus quanto de africanos.
O estudo ainda traz informações sobre as rotas de dispersão dos povos Tupi pelo Brasil. Originários da floresta amazônica, eles migraram para outras regiões cerca de 2 mil anos atrás, por razões que ainda são estudadas.
Os cientistas chegaram a esses resultados comparando o genoma dos Tupiniquim com o de outras populações. Genoma é o conjunto das informações genéticas do DNA, que permite observar mudanças ocorridas entre indivíduos e populações ao longo das gerações.
Tudo isso só foi possível porque, há décadas, pesquisadores de diferentes universidades se dedicam a coletar material genético para este fim, tanto de populações atuais quanto a partir de vestígios encontrados em sítios arqueológicos.
O DNA dos Tupiniquim de Aracruz foi coletado em 2004, para uma pesquisa de genética médica. Muitos anos depois, eles consentiram que as amostras fossem utilizadas para desenvolver esse novo estudo.
Hoje, parte dos costumes originais dos Tupiniquim se perdeu, inclusive a língua nativa, que aos poucos deixou de ser falada por ser motivo de perseguição em períodos de maior conflito com empresas da região de Aracruz.
Mesmo assim, eles nunca abandonaram sua identidade e continuam lutando por reconhecimento oficial. Para os cientistas envolvidos na pesquisa, as novas descobertas são uma forma de contribuir com essa causa.
Confira a reportagem completa para entender melhor como foi produzido esse estudo, liderado pela professora Tábita Hünemeier, do Instituto de Biociências da USP: jornal.usp.br/ciencias/cienc…
Fio e reportagem: Matheus Souza
Imagens: Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro; IBGE; Wikimedia Commons; Reprodução/PNAS; Paulo Zanettini; Valter Campanato/Agência Brasil
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