1/8 O debate sobre regras fiscais (teto, primário, LRF) "esconde" o verdadeiro debate q divide os economistas: qual deve ser o papel do Estado em uma economia capitalista periférica? Qual a melhor estratégia para desenvolver o Brasil, diante de sua visão ideal de sociedade?
2/8 Temos 4 grandes visões em debate hj: 1) o liberalismo radical (Guedes e fintweet), onde o Estado só tem o objetivo de evitar a miséria. Serviços públicos devem ser ofertados privadamente, o máximo que se aceita são vouchers. Na economia, nada estatal e pouca regulação.
3/8 2) o liberalismo social (desde Fraga até Lisboa), onde o Estado serve para regular, combater pobreza e oferecer alguns serviços (de preferência focalizados), como saúde e educação. O papel de indutor e promotor do desenvolvimento é pequeno e o foco é no equilíbrio fiscal.
4/8 3) os keynesianos liberais (novo desenvolvimentistas e outros) onde o Estado tem papel indutor, através do invest. público e pol. industrial. O equilíbrio fiscal é desejado, mas com espaço para ação anticiclica. Os serviços públicos tem papel secundário, limitado pelo fiscal.
5/8 4) os keynesianos sociais (social desenvolvimentistas e outros), onde o Estado é promotor e indutor, através de invest. público, financiamento e estatais. Os serviços públicos universais tem papel decisivo e o fiscal deve ser pensado de forma a financiar essas políticas.
6/8 Obviamente há outras abordagens, como o Lara Rezende e sua versão MMT tropical (com preocupação com reformas), a visão demand side da UFRJ (Serrano e cia) e algumas abordagens marxistas/comunitaristas, mas todas dialogam melhor com os keynesianos sociais.
7/8 Dito isso, a briga não é por revogar ou não o teto, mas pelo que fazer com a estratégia liberal, que fracassou em suas duas versões nós últimos 5 anos. Os liberais defendem o teto não por acha-lo bom, mas para defender sua estratégia de desenvolvimento e visão de Estado.
8/8 Nesse sentido, é pouco eficaz tentar convencer, com argumentos técnicos, históricos e exemplos internacionais quem ainda defende o teto. Mais fácil explicitar a estratégia que cada um defende e debater o modelo de Estado e o que cada um entende por desenvolvimento.
