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O caso Flordelis - A cantora gospel e deputada, que realizava rituais com sangue citando salmos da Bíblia e que mandou matar seu marido, um pastor:

O Pastor Anderson do Carmo foi assassinado na madrugada do dia 16 de junho de 2019, na garagem da sua casa, onde morava com a Flordelis e os filhos em Pendotiba, Niterói (RJ).

Anderson do Carmo tinha 42 anos e era casado com a pastora, cantora e deputada federal (PSD-RJ) Flordelis. Os dois eram casados há mais de 25 anos e tinham 55 filhos (3 do relacionamento antigo, 1 do casal e 51 adotivos).

Anderson começou a namorar com a filha de Flordelis (Simone, filha do antigo relacionamento) e, depois de um tempo, terminou com ela para casar-se com Flordelis.

A história de Flordelis comoveu muita gente. Vários famosos ajudaram ela a construir a casa e com dinheiro para alimentar as crianças, até porque eram 55 filhos.

Começou a fazer sucesso como cantora gospel e, com isso, foi ganhando mais dinheiro. O marido era responsável pela parte financeira da família - cuidava de todo dinheiro que entrava e saía.

Anderson era presidente do Ministério Flordelis, Cidade do Fogo, em São Gonçalo (RJ). Anualmente, o casal promovia o Congresso Internacional de Missões (CIM).

Na madrugada do dia 16 de junho de 2019, Anderson e a sua esposa voltavam para casa, em Niterói (RJ), após uma confraternização no bairro de São Francisco. No dia, Flordelis teve a impressão de estarem sendo seguidos por duas motos.

Quando chegaram em casa, Anderson voltou à garagem para pegar algo dentro do carro e foi surpreendido por dois homens. Por volta de 3h30 a família começou a escutar os disparos e Flordelis encontrou o seu marido baleado.

Foram 30 disparos: nas costas, genitália e nas pernas (Além dos tiros que pegaram no carro). Anderson foi levado para o Hospital Niterói, no bairro Santa Rosa, mas não resistiu aos ferimentos.

Flordelis tinha apontado que foi uma tentativa de assalto e que o Anderson morreu "defendendo a sua família", mas a polícia apontou uma possível execução, realizada com uma arma de calibre 9 milímetros. Foi investigado por que os cães da casa não latiram quando o crime ocorreu.

Em 17 de junho de 2019, no enterro de Anderson, Flávio (filho biológico de Flordelis) foi detido por envolvimento no crime. Após a prisão, a deputada se irritou: "Isso é uma grande mentira, inverdade. É especulação. Não vou permitir que acuse nenhum dos meus filhos sem provas".

Pouco tempo depois, os policiais prenderam Lucas dos Santos (filho adotivo do casal), ele foi detido na casa onde Anderson morreu. Lucas é acusado de ter conseguido a arma do crime. No mesmo dia do enterro, os dois prestaram depoimento na Delegacia de Homicídios de Niterói (RJ).

Em 18 de junho, foi encontrada a arma do crime, em cima do armário, no quarto de Flávio dos Santos, na casa da família. Uma das linhas de investigação aponta que eles tinham descoberto um relacionamento extraconjugal do pai. Até então, não foi achado o celular de Anderson.

No dia 21 de junho, toda a família foi convocada para prestar depoimento, e um dos filhos de Flordelis, que não teve a identidade revelada, implicou a própria mãe e três irmãs no crime.

O jovem afirmou que não ouviu barulho de carro ou moto em fuga. O filho ainda relatou que encontrou Flávio ao lado de Anderson, que estava caído no chão.

Em 25 de junho, o advogado que defende Flávio dos Santos (filho biológico de Flordelis), disse que o cliente contou não ter confessado o crime. "Ele me falou que não confessou. Não existe confissão. A autoridade diz que houve, mas ele disse pra mim que não confessou o crime.”

Um dia depois, Flordelis admitiu a possibilidade de os filhos estarem envolvidos no crime. “Se for provado que foram os meus filhos, eu quero que eles sejam punidos, quero justiça. Seja quem for que cometeu tal ato. Quero justiça pelo que aconteceu ao meu marido”.

No dia 5 de agosto, Flordelis volta às redes sociais para desabafar sobre o caso, onde estava sendo acusada pelas pessoas por sua suposta participação no crime:

Em 16 de agosto, o Ministério Público denuncia Lucas de Souza e Flávio dos Santos pelo assassinato do pastor Anderson. Ambos são acusados de homicídio qualificado, e Flávio deverá responder por porte ilegal de arma de fogo. Lucas, por sua vez, foi cúmplice ao comprar a arma.

Até nesse momento da thread, a polícia não havia achado o celular de Anderson e de Flávio. De acordo com uma testemunha, o aparelho foi atirado no mar por uma neta do casal. O mototaxista que levou a jovem até uma praia de Niteroi viu o momento em que ela se livrou do celular.

Outra hipótese seria um caso extraconjugal de Anderson que ter despertado a raiva dos filhos e da deputada, justificando o fato do corpo ter sido alvejado várias vezes na região do órgão genital. Todavia, essa ideia foi descartada pela deputada, que disse que confiava no marido.

E a última hipótese aquela apontada pelo filho: de que a própria deputada teria pagado 10 mil reais para matar o pastor. No depoimento, ela nega essa acusação e fala que existia uma desavença entre o Anderson e Lucas.

No primeiro depoimento, Flordelis disse que estava dormindo e acordou com os sons de tiro. Porém, voltou a dormir. Ela prosseguiu relatando ter sido acordada por gritos em sua casa e que, ao descer para ver o que estava acontecendo, encontrou o marido ferido, caído na garagem.

Neste mesmo do depoimento Flordelis se contradisse, falou que chegou de um passeio com o marido, foi para o quarto de um dos filhos e conversou com o filho Ramon. Cerca de dez minutos depois, ouviu uma série de disparos de arma de fogo.

A pastora, dessa vez, contou que ficou alguns minutos no quarto quando alguns filhos teriam descido e visto Anderson alvejado na garagem, mas não deixaram a mãe descer para ver a cena.

Na primeira versão, havia dito que viu o corpo após sair do quarto para verificar a origem dos gritos. Em seu segundo depoimento, depois de oito dias após o crime, Flordelis contou que o filho Daniel pegou o pai e colocou dentro do próprio veículo para levar ao hospital.

Daniel prestou depoimento dois dias depois da mãe e, na versão dele, quando os tiros na casa pararam, ele esperou por um minuto e foi ao quarto da mãe, mas não a encontrou. Continuou subindo as escadas e encontrou Flordelis descendo do 3º andar gritando "Mataram o meu marido".

Ainda segundo a polícia, Misael, filho de Anderson e Flordelis, disse que Flordelis, enquanto olhava para Daniel, sugeriu que um dos filhos mudasse o depoimento. A deputada teria dito para a pessoa alegar nervosismo e forte emoção.

Flávio confessou ter atirado em Anderson e foi preso durante o enterro do pastor. Porém, no momento em que Anderson tinha sido levado ao hospital, Flávio comentou com a médica que o crime aconteceu devido a um assalto.

A versão do assalto também foi contada por Flordelis. Ela contou que percebeu uma motocicleta ao seu lado e que na motocicleta havia duas pessoas encapuzadas.

Em 01 de novembro, o Ministério Público do RJ apontou Flordelis como suspeita de fraudar uma carta onde revelava que Lucas oferecera a Mizael um emprego e um carro em troca de um “susto”. Mizael diz: "Estão tentando jogar sobre mim. Uma culpa de um assassinato que não fui eu.”

Investigações da Polícia Civil apontam também que Daniel dos Santos, o único filho biológico do pastor Anderson do Carmo e da deputada federal Flordelis, na verdade, tem outros pais.

O menino tinha cinco meses quando foi registrado por Anderson do Carmo. De acordo com o documento, Daniel havia nascido em 18 de janeiro, mas numa casa, no Jacaré, na Zona Norte do Rio. Foi lá que Anderson e Flordelis moraram juntos pela primeira vez.

Depois do assassinato do pastor, a verdadeira mãe de Daniel (Janaína) foi procurada pela polícia e confirmou ser a sua mãe biológica. Segundo Janaína, Flordelis se comprometeu a reconhecê-la como mãe legítima.

"Não precisaria se preocupar, pois sempre seria a mãe verdadeira de Daniel. Flordelis disse que seria a mãe de coração." disse. Mas a certidão mostra que Flordelis mentiu. Não houve sequer um processo de adoção e, no documento, Daniel é declarado filho de Anderson e Flordelis.

Em 2019, o Conselho Tutelar questionou a deputada sobre uma adolescente em situação irregular.
Uma ex-funcionária da família disse à Polícia que Flordelis praticava maus-tratos contra crianças e que os filhos que trabalhavam eram obrigados a entregar todo o salário a Anderson.

Ela relatou que a deputada agredia fisicamente os filhos, além de botar pimenta na boca da criança que falasse palavrão.

O inquérito concluiu que o pastor Anderson foi assassinado por questões financeiras: ele controlava todo o dinheiro do Ministério Flordelis. Flordelis é a mandante do crime. Ela irá responder por cinco crimes:

Homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e sem possibilidade de defesa da vítima), associação criminosa, falsidade ideológica e uso de documento falso. Porém não pode ser presa por causa da sua imunidade parlamentar.

Além disso, também irá responder pela tentativa de homicídio em virtude do envenenamento. O plano começou em 2018, quando o veneno era colocado nos alimentos oferecidos à vítima. Na época, Anderson foi envenenado seis vezes e houve duas tentativas de latrocínios.

Uma testemunha também relatou que, em determinada ocasião, Simone dos Santos, uma das filhas de Flordelis que fez a busca por venenos na internet, admitiu que era a responsável por Anderson passar mal. “Mas ele não morre não. Ele é ruim de morrer.” disse Simone.

Flordelis e André estavam descontentes com a postura do pastor sobre o pagamento do plano de saúde - que Anderson desejava que ficasse a cargo de cada filho. Flordelis disse: “Fazer mais o quê? Já que separar eu não posso porque não posso escandalizar o nome de Deus. Isso não!”

As investigações revelaram que a primeira geração de filhos (3 biológicos e os 5 primeiros adotados) era como a "realeza", pois moravam em um andar separado e cada um possuía seu quarto e variedades de comidas. Essa primeira geração de filhos foi presa por envolvimento no crime.

Sobre os outros, dormiam amontoados em outros quartos e tinham a mesma alimentação todos os dias - pão seco com café de manhã e macarrão com salsinha no almoço e no jantar.

Por trás do enredo montado por Flordelis, que também é pastora evangélica, havia uma trama de traições, sexo, rituais de magia negra e até desvios de salários de funcionários.

O primeiro caso é onde a fiel relata à polícia que sua amiga, surpreendida, comentou que Flordelis frequentava a mesma casa de swing que ela, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

A supervisora da fiel afirmou que além de Flordelis e Anderson, Simone, filha biológica da deputada, e o marido dela, André, também frequentavam o local. Ainda segundo a mulher, Flordelis possuía um quarto privativo na casa de swing.

Uma outra testemunha contou aos investigadores da DH que, ao chegar na casa, teve que fazer um “ritual de purificação”, sendo obrigado a ficar isolado em um quarto durante sete dias. Nesse período, deveria vestir roupas brancas e alimentava-se apenas de arroz e legumes.

Ele relatou que no período ficava com uma bíblia rezando e recebia visitas de pessoas da casa. A testemunha relatou que presenciou a realização de um ritual no qual Flordelis solicitou a alguns filhos que cortassem a mão com uma faca e escrevessem, com o sangue, Salmos da Bíblia.

A mesma testemunha disse que, em certa ocasião, quando a família se mudou para uma casa em Jacarepaguá, (Zona Oeste do RJ) o pastor Anderson ficou pelado, no centro de um círculo feito a giz. Flordelis iniciou uma espécie de reza ou manta, na qual oferecia Anderson como oferenda.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu nessa segunda-feira (24/08) sete pessoas - dessas, há cinco filhos e uma neta de Flordelis. No total, o MPRJ emitiu mandados de prisão contra nove pessoas por envolvimento no crime, mas duas já estavam presas.

Flávio dos Santos, filho biológico de Flordelis foi acusado de atirar contra o pastor, e o ex-policial Marcos Costa, de auxiliar na elaboração de uma carta falsa. Flordelis foi apontada como mentora do homicídio, mas não teve mandado de prisão expedido por imunidade parlamentar.

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