O massacre na creche Gente Inocente em MG, onde um vigilante ateou fogo em si mesmo, em uma professora e nas crianças: 
A Creche Gente Inocente, localizada em Janaúba-MG, que estava organizando várias atividades para a semana da criança, foi palco de um atentado que deixou mais de 13 vítimas inocentes e 40 feridos. O assassino que era o vigia noturno da creche também morreu.
Por volta das 9h30 do dia 5 de outubro de 2017, Damião Soares dos Santos (50 anos), tinha chegado na creche dizendo que ia entregar um atestado médico. Após entrar, ele invade uma das salas, tranca a porta e joga combustível nas crianças, nos funcionários e a si próprio.
Quatro crianças morreram no local, todas tinham 4 anos. Um deles, Juan Miguel, salvou um amiguinho e quando retornou para salvar o outro amigo, não conseguiu sair pela janela e os dois morreram abraçados.
As vítimas tinham entre 4 e 5 anos, e algumas tiveram entre 50% a 90% do corpo queimado. A maioria morreu no hospital por não resistir aos ferimentos graves no corpo.
Uma das vítimas foi a professora Heley de Abreu Silva Batista, que tinha 43 anos e dava aulas há mais de 20 anos. Heley estava na sala de aula quando aconteceu o atentado, ela entrou em confronto corporal com o vigia Damião e impediu que ele ferisse mais crianças.
A professora deu a sua própria vida e salvou pelo menos 25 alunos. Mesmo com o próprio corpo em chamas, tentava abafar o fogo ao mesmo tempo em que tirava os alunos pela janela. Heley sofreu duas paradas cardíacas, teve 90% do corpo queimado e estava internada em estado grave.
A auxiliar de professora Jéssica Morgana (23 anos) estava em estado grave e faleceu dois meses após o massacre. Geni Oliveira (63 anos) era auxiliar de professora e teve 60% do corpo queimado. Gabriel Carvalho (5 anos) morreu três meses após do atentado com 80% do corpo queimado.
De acordo com uma das suas irmãs, o assassino Damião apresentou problemas mentais logo após que seu pai morreu. Um laudo mostra que ele sofria de disfunção de consciência e tinha delírios persecutórios.
Em 2014, ele chegou a procurar o Ministério Público de Minas Gerais para pedir ajuda, pois afirmava que estaria sendo envenenado pela própria mãe. O MP encaminhou Damião para o Centro de Atenção Psicossocial de Janaúba, mas ele recusou o tratamento.
A Polícia descobriu que, dois dias antes do atentado, ele falou à família que iria morrer e que iria dar aquele "presente" aos parentes.
Em seu perfil em uma rede social, Damião se apresentava como uma figura pacífica e solidária. “Se alguém duvidar, visita minha família. Eu fazia de tudo para ajudar, nunca fiz mal a ninguém”.
A Polícia também encontrou na casa do assassino galões de álcool e cartas escritas por ele falando do Estatuto da Criança e do Adolescente. "Ele escolheu a data de dia 5 de outubro porque o pai dele morreu no dia 5 de outubro, há três anos”, disse o delegado.
No dia 8 de outubro, Michel Temer concedeu à professora Heley de Abreu a Ordem Nacional do Mérito. “Este é o caso da Professora Heley Batista, que sacrificou sua própria vida para salvar a vida de seus alunos, em um gesto de coragem e de heroísmo que emocionou a todos".
A Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais entrou uma ação civil pública contra o município de Janaúba pedindo indenizações por danos morais, patrimoniais e estéticos às vítimas e familiares. "Não havia sinalização de emergência, extintores, nem monitoramento de brigada."
Em 9 de outubro de 2017, Michel Temer determinou ao Ministério da Educação, a liberação de recursos para a reconstrução da creche, que recebeu o nome de Heley de Abreu, homenagem a professora que salvou 25 alunos. A creche foi inaugurada em 2018 com ajuda dos empresários.
No dia 11 de janeiro de 2019, a professora recebeu outra homenagem: a rodovia LMG-631, que liga o município de São João da Ponte à BR-122 no município de Francisco Sá, foi batizada com seu nome.
O Projeto de lei 4.900/18 do deputado João Leite (PSDB) foi aprovada pela Assembleia legislativa de Minas Gerais. “Deixou um exemplo de bravura e amor ao sacrificar a própria vida para salvar seus alunos do incêndio criminoso que ocorreu em 2017", disse o deputado.
No ano passado, completando 2 anos da tragédia, houve uma missa celebrada na Igreja de Santa Rita de Cássia, no Bairro Barbosa, na qual as mães das vítimas soltaram balões com os nomes das crianças e servidores que perderam a vida.
"Neste dia, é como se revivesse tudo, o coração aperta como se estivesse esperando seu corpinho para velar ou se tivesse acabado de enterrar ele ou mesmo aquela mesma angústia de quando ouvi o médico dizendo que meu Renan havia partido" disse Juscimara, mãe de uma vítimas.
O massacre deixou 14 pessoas mortas, sendo 10 crianças, além de 50 feridos.
Anos após a tragédia, as famílias das vítimas sobreviventes ainda lutam na Justiça por indenização. Flávia, por exemplo, teve cerca de 80% do corpo queimado e precisa de cuidados especiais. Ainda foi necessário que sua mãe deixasse o emprego para que cuidasse da recuperação.
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