Flamengo e Vasco vivem trajetórias inversas no campeonato. Um começou oscilando e vem se afirmando, o outro começou voando e vem caindo. Na verdade, ambos começam a gravitar suas posições "naturais" na tabela.
Não é surpresa para quem vinha prestando atenção nos números…
Logo no início do campeonato, um assunto começou a chamar a atenção: a falta de pontaria do Flamengo vinha incomodando. Mergulhei profundamente no tema para entender onde estava o problema.
De fato, o Flamengo ainda não era completamente dominante (como ainda não é) nos jogos, mas já era um time que ficava bom a bola, conseguia progredir razoavelmente, criava chances, finalizava... A bola simplesmente não entrava. Faltava o toque final.
Por outro lado, a investigação revelou outros casos interessantes. Um deles era o Vasco: criava pouquíssimo, mas convertia quase todas as chances e fazia muitos gols.
Os resultados eram bons, mas os números indicavam uma provável queda iminente...
A comparação dos 5 primeiros jogos dos dois times deixa clara a diferença.
O Flamengo finalizava mais, criava chances melhores, mas a bola não entrava. Enquanto isso, o Vasco fazia gol em 21,6% das suas finalizações.
Essa característica também aparece sutilmente em um levantamento do excelente @obrunopet sobre o rendimento dos atacantes: o Vasco vinha se acostumando a criar apenas uma ou duas ótimas chances para Cano a cada jogo. E o homem guardava quase todas.
@gabaptista86 complementou o assunto com um gráfico que relaciona o rendimento com o xG, não com o número de finalizações. Repare como Cano tinha quase o mesmo xG que Gabigol, mesmo com metade das finalizações. Eram poucas chances, mas bem claras.
Para quem não sabe, xG significa Expected Goals (gols esperados). Um modelo atribui um valor um valor para cada finalização. Ou seja, não conta apenas o número de chutes ou a métrica subjetiva "grandes chances", já que cada chance é diferente.
Usar o modelo xG em amostragens pequenas (um jogo, p.e.) é uma certa armadilha, mas pode ser bem útil com mais dados.
A soma do xG de cada finalização mostra "quantos gols o time deveria ter feito" segundo o modelo. Quem faz mais que o previsto está convertendo bem as chances...
No início do campeonato, o Vasco convertia MUITO acima do xG e o Flamengo MUITO abaixo.
A tendência era a coisa normalizar com o tempo...
Agora vamos incluir na análise os cinco jogos mais recentes. O volume de criação do Flamengo é quase igual a antes, mas faz o triplo de gols. O Vasco cria até um pouco mais que antes, mas coloca menos bolas na rede.
Com 5 gols em 50 finalizações, o Vasco teve um aproveitamento de 10%. Não é um incrível, mas está na média do campeonato.
O Flamengo de 2019, por exemplo, guardou no barbante 15,4% das finalizações. Aproveitamento superior a qualquer time da Premier League na última temporada.
O número de gols marcados nos últimos cinco jogos pelo Vasco está totalmente alinhado com o que o time vem criando. Completamente normal. O problema é que o Vasco cria pouco, mas é importante deixar claro: o Vasco sempre criou pouco, desde o início do campeonato.
Quem se iludiu com os 8 gols e 10 pontos nas 5 primeiras rodadas não estava entendendo bem o que estava acontecendo.
Um aproveitamento de 21,6% nas finalizações é surreal, praticamente impossível de manter no longo prazo.
Um efeito parecido aconteceu com o Monaco campeão Francês em 2016-17. Para superar o PSG, o time não teve apenas que jogar muita bola. Aquele time convertia quase 20% das finalizações. Um número absurdamente alto.
No fim das contas, há muito mérito, mas um tanto de sorte nisso.
Conseguiram se manter assim por uma temporada quase inteira. Na seguinte, o aproveitamento "voltou ao normal" e os resultados desapareceram.
A dúvida não sera SE o aproveitamento de chances Vasco cairia, mas QUANDO cairia. Por quanto tempo manteria o aproveitamento fantástico?
Como era esperado, os atacantes do Fla voltaram a converter as chances. O time continuou criando e, naturalmente, os resultados apareceram.
Como era esperado, os atacantes do Vasco passaram a ter um aproveitamento normal. O time continuou criando pouco e, naturalmente, oscilou.
Mas o desempenho dos times depende também do desempenho das defesas.
A do Flamengo se manteve estável - e ainda tem um caminho a evoluir.
Já a do Vasco… permite o mesmo número de finalizações, mas em zonas MUITO mais perigosas, e toma quase 4 vezes mais gols.
Antes os dois ataques estavam distantes do xG, mas as duas defesas sempre estiveram muito próximas. A questão é que o xGA (Expected Goals Against, o xG do adversário) do Vasco disparou. A defesa derreteu sob pressão.
Os números recentes da defesa vascaína são influenciados pelo jogo contra o CAM, em que o time foi massacrado.
Mas não é só isso. Tirando o jogo contra o SPFC, o segundo do campeonato, o Vasco teve nas últimas 7 rodadas os seus 7 piores resultados no xGA.
As estatísticas colocam o Flamengo como franco favorito. Não apenas pelo elenco, mas pela performance até aqui, seja nos números que vão se aproximando do “esperado”, seja na piora sensível em alguns setores.
Se o resultado ficar alinhado com o desempenho dentro de campo até aqui, o rubro-negro pode ficar bem tranquilo. Mas a gente sabe que o futebol nem sempre funciona assim...
É Flamengo x Vasco. O que vale é o que vai acontecer quando a bola rolar.
PS: a tabela de números defensivos saiu com a legenda errada. Está ao contrário. Infelizmente não dá para editar no Twitter, então segue a certa
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Subiu na fogueira, mas se mostrou sempre rápido, seguro, tranquilo, eficiente... E o mais importante: testado em vários contextos diferentes e sempre se saindo bem.
Em sua estreia, pegou um contexto muito específico: com o time de garotos, o Flamengo recuou, se fechou e forçou o Palmeiras a forçar o jogo pelo lado.
Jogou pelo lado direito da zaga. Ele e Otávio foram quase impecáveis defendendo a área.
Já contra o IDV no Maracanã, jogou pelo lado esquerdo, ao lado de Noga.
O time que até subia o bloco de marcação, mas não pressionava intensamente. Preparava uma arapuca para contra-atacar mortalmente. Neneca teve que fazer até mais defesas, mas a zaga também foi segura.
Existe empate com gosto de vitória? Sinceramente não sei.
Mas certamente existe jogo com gosto de Flamengo.
O rubro-negro terminou a exaustiva semana das liminares com um sorriso no rosto. Não (apenas) pelo ponto conquistado, mas por um verdadeiro domingo de Flamengo.
Com todos os problemas, o Fla foi a campo um time de garotos.
Alguns completamente desconhecidos de boa parte da torcida. Há quem diga que “o time foi reforçado por quatro jogadores experientes”, mas a verdade é exatamente oposta. Eram sete moleques da base, a maioria estreando.
E o domingo foi todo deles. Entraram em campo contra um grande rival, colocaram a bola no chão e jogaram com toda a calma do mundo. Nada de bicões desesperados, de jogadores intimidados, de movimentações aleatórias… Para a surpresa de todos, o Flamengo jogou como um time.
Pelo jeito, o futebol brasileiro decidiu que vale a pena ter um jogo em que o assunto menos discutido, o que menos importa, é o futebol. O tal jogo jogado. Aquilo que deveria ser o mais importante.
É o que acontece quando fazemos as perguntas erradas...
Pelo jeito, o protocolo atual prevê todo tipo de situação, menos uma: surtos coletivos dentro de um elenco.
Pelo que tem sido dito, não há plano para esses casos, não há diretrizes claras, não há linha de corte, objetividade.
Acontece que estamos lidando com um tipo de problema específico: é um problema encadeado.
Isso significa que cada pessoa só é infectada pela pessoa ao seu lado. Ou seja, os casos não aparecem de maneira uniforme e aleatória por aí.
Quem achou que o vício ia acabar com a vida, errou. Só joguei uma temporada e depois fiquei três meses sem sequer abrir o jogo, mas voltei hoje. Será que agora engrena? Hehehe
Comecei um novo save com o Swansea. O objetivo é usar e abusar das categorias de base e fazer as contratações mais realistas possíveis como meu camarada @GuCarratte ensina. Até agora, pré-temporada perfeita e ótimo início na liga jogando com uma formação pouco usual...
Metade da temporada se foi, chegou o Natal e o Swanseão da massa tá lá, contra tudo e contra todos, desafiando a lógica e as expectativas, firme e forte na zona dos play-offs!
Um show de horrores. Deu tudo errado em para o Flamengo em Quito. O resultado assusta, mas o desempenho é o mais importante e, infelizmente, talvez assuste ainda mais.
O ótimo Del Valle se preparou para uma partida histórica e conseguiu seu objetivo.
Há muito a ser dito...
Como normalmente acontece nessas goleadas, há dois jogos dentro de um. Duas derrotas em uma.
Até o segundo gol, foi uma derrota futebolística. Depois do segundo gol, veio a derrota anímica: a vaca foi pro brejo e o time simplesmente desligou.
A segunda normalmente ganha mais destaque, até pelas circunstâncias e pelo placar final, mas a primeira é mais importante.
Quem vê os melhores momentos pode até achar que o IDV achou dois gols soltos e matou o jogo. Não é verdade. O Fla foi superado desde o primeiro minuto.
Um jogo morno, um gramado péssimo, uma derrota decepcionante e uma lição: o futebol é o esporte de uma bola.
O Flamengo precisa jogar mais do que jogou, mas também precisa reencontrar a sua força mental.
Segue o fio...
O primeiro tempo foi mais chato do que horroroso.
O Flamengo mantinha seus dois pontas bem abertos e procurava o jogo por ali. Até os encontrava, mas a marcação dobrava, o gramado atrapalhava e a noite estava pouco inspirada…
Quando saía alguma coisa dali, o Ceará defendia bem a área e neutralizava o perigo. O sistema defensivo como um todo foi bem, mas Luiz Otávio e Tiago, os zagueiros alvinegros, fizeram um primeiro tempo de almanaque.