Farei um breve comentário sobre a avaliação IBOPE sobre avaliação dos cidadãos de Belo Horizonte sobre os governos Bolsonaro, Zema e Kalil. Segue microfio
1) 74% dos moradores de BH aprovam o governo de Alexandre Kalil. O que Kalil tem de tão especial? Ele fez uma composição no governo que foi clássica no governo Sarney: nas políticas sociais, se apoiou na esquerda; em outras áreas, no centro. E assumiu uma postura firme e franca
2) Sobre o governador Zema: 33% de avaliação positiva e 26% de negativa. 37% acham sua gestão razoável. Uma avaliação que indica um governo morno, mais para medíocre (que está no meio, regular). Tem relação com a imagem simplória que ele plantou
3) Finalmente, a avalição do governo Bolsonaro: 40% dos belorizontinos desaprovam sua gestão, mas 35% aprovam. Isso significa que a intenção de votos de PT e PSOL para prefeito da capital mineira não se relaciona com bolsonarismo em alta. Ao contrário.
4) Com 40% de rejeição ao governo Bolsonaro, PT e PSOL não souberam construir um discurso de oposição que fosse crível. Fiquei sabendo que parte da cúpula petista discute como "retomar" o eleitor petista que bandeou para Kalil e para o PSOL. Percebem o erro permanente?
5) Ao invés do PT de BH se posicionar como oposição à direita, prefere roubar votos do PSOL e disputar com Kalil. Esta é a falta de rumo das direções petistas que venho destacando nos últimos dias. Se for por este caminho, arrisco dizer que a surra será ainda maior.
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Bom dia. Retomo o fio sobre o neopetismo, a queda de qualidade das direções petistas contemporâneas e a permanência do PT como partido âncora do sistema partidário brasileiro. Segue o fio.
1) No fio de ontem, procurei retratar como as direções petistas foram se afastando do projeto socialista, se tornaram pragmáticas e parlamentarizadas, perderam o foco na mudança da sociedade e na disputa de valores, se acomodando ao status quo e, daí, subordinadas ao marketing
2) Uma das características desta mudança profunda no perfil das direções petistas é a acelerada transição para o que a literatura especializada denomina de "partido cartel". Trata-se de partido que independe do eleitor ou da base social, vivendo dos recursos públicos
Prometi um fio sobre o neopestismo e o paradoxo entre o PT ter as piores direções de sua história e se manter como principal partido do sistema político nacional. Segue uma análise sobre este paradoxo
1) Começo explicando o que denomino de neopetismo. Trata-se da geração que emerge à direção do PT (e dos filiados) do pós-2002, ou seja, com o advento do lulismo. Gente que não vivenciou o período de adversidades e ataques da construção de um partido que se definiu socialista
2) Em relação aos dirigentes neopetistas, seu perfil passou a ser pragmático, marcado pela lógica rebaixada do marketing (que não se propõe a disputar, mas meramente absorver o ideário popular, mesmo que contrário à linha partidária) e "parlamentarizada"
Hoje, vários postaram aqui um questionamento a partir deste virtual apoio do PT à candidatura Boulos/Erudina. A questão foi: o PSOL não teria que fazer o mesmo gesto em relação às candidaturas petistas com mais intenção de votos? Vou tentar fazer uma ponderação a respeito:
1) Toda aliança das esquerdas é positiva. O caso mais emblemático, neste momento, é o de Portugal. O PS português, que por anos se aliou com o centro e centro-direita, após a prisão do ex-primeiro ministro Sócrates, deu uma guinada à esquerda e se aliou ao Bloco de Esquerda
2) A aliança PS (meio PT de Portugal) com Bloco de Esquerda (meio PSOL de lá) gerou um potente governo português com imenso sucesso, denominada de Geringonça.
Finalmente, a direção do PT SP decidiu ser direção. Não há como sustentar uma candidatura com 1% de intenção de votos. É destruir a biografia do candidato, é diminuir as chances dos candidatos a vereador, é ignorar o recado popular. Apoiar Boulos/Erundina é fortalecer a esquerda
Mais que isso: é demonstrar inteligência política e se revelar simpático aos olhos de grande parte do eleitorado progressista de São Paulo, que gira ao redor de 30% (concentrado, em especial, nas periferias sul e leste da cidade).
Que este desastre deixe a lição de como decisões protocolares, autorreferentes, sem consulta ou olhar sobre o mundo fora da bolha da burocracia partidária, destrói qualquer agremiação política, por mais lastro que tenha, porque a política não está na direção. Está nas ruas.
Bom dia. Prometi fazer um fio sobre os fanatismos políticos que assolam o Brasil. Serão 3 fanatismos que tentarei analisar: os "camisa de força", os "sossega leão" e os "psicanalista, já!". Segue o fio
1) Comecemos pela definição do que entendo ser fanatismo político. São aqueles que, a partir de uma ideia-força simplista, interditam qualquer dúvida. A dúvida destrói a crença e, portanto, é sinal do demônio, como o riso era vistos, na Idade Média, como obra de Lúcifer
2) A interdição da dúvida tem o efeito, para o fanático, de impedir que a realidade se imponha, destruindo a construção de seu mundo paralelo. Como se percebe, o fanatismo tem relação com um trauma ou profundo medo que o joga num armário escuro, quente e acolhedor
Boa tarde. Prometi um fio sobre a necessidade de enraizamento de candidatos a cargos majoritários ou não passarão de celebridades. Então, lá vai.
1) Zygmunt Bauman é o autor que alertou para o mundo das celebridades efêmeras que o século XXI gerou e, muitas vezes, substitui a liderança social. Para o autor: "as celebridades do nosso tempo são pessoas comuns que são percebidas como pessoas comuns"blogacritica.blogspot.com/2014/10/conver…
2) Mais: para Bauman, "a sociedade de consumo cria a demanda por celebridades, e reconstrói o sistema de estrelas." Moro, Ciro Gomes e Luciano Huck são projetos de liderança que não conseguem romper com a tarja de celebridades. Mas, o que são lideranças sociais ou políticas?