Semana fechando e, pra quem não viu o boletim do #InfoGripe segue o fio com principais destaques da semana 41 (até 10/10/2020).
Os dados de #SRAG no país apresentam sinais de nova fase de *estabilização*, ainda em valores bastante elevados. Sinal de possível interrupção da queda que vinha se mantendo há bastante tempo.
"Mas Marcelo, tu não vives dizendo que o dado Brasil ñ e um bom parâmetro?" Sim. Mas no momento que o dado do país como um todo dá sinais de interrupção de queda, em valores ~14mil novos casos por semana, merece destaque.
Essa situação é muito influenciada pelo sinal de interrupção de queda em SP (~27,2% dos novos casos no país), MG (~12,5%), e BA (4,2%) nas últimas semanas. Estes 3 estados que agora dão sinais de interrupção na queda estão entre os 7 estados com maior número de casos semanais.
Os demais são, pela ordem: RJ (7%, em estabilidade), Paraná (6,1%, queda lenta), PE (5,2%, estabilidade), e RS (4,2%, queda). Notem que desses 7, apenas 2 ainda mantém queda.
A tendência de longo prazo nas capitais aponta um quadro de atenção redobrada, reforçando o alerta a partir da mudança de tendência na curva Brasil. Diversas capitais interrompendo tendência de queda, algumas delas com incidência semanal acima de 10 casos por 100mil habitantes
Além disso, nove capitais registram sinal de crescimento na tendência de longo prazo, sendo sinal moderado em sete delas e forte nas demais duas.
Floripa e Salvador com sinal forte. Na capital catarinense, é a 3a semana consecutiva com sinal de cresc. na tendência de longo prazo
Manaus já acumula mais de 6 semanas consecutivas com sinal de crescimento. Fortaleza, Macapá e São Luís atingem 3 semanas consecutivas com essa tendência. Em Fortaleza a curva engana por conta do pico extremamente elevado, como citado na semana passada:
São Luís merece um olhar especial, já que a queda abrupta entre as semanas 25 e 27 foge um pouco do padrão usual... Importante avaliar junto às unidades de saúde locais como está o fluxo de registros de casos no sistema nacional. Pode ser alguma mudança de adesão/sistema local.
Belém, João Pessoa, Brasília (região de saúde central do DF) e Salvador com sinais recentes de possível crescimento.
Belém já vem apresentando oscilação lenta, pode ainda ser apenas esse efeito.
Brasília lembra Floripa a uma semana atrás.
Em Campo Grande, embora o sinal seja de estabilização, a queda em relação ao período de pico ainda é muito pequena. Uma estabilização agora manteria em valores muito elevados.
Em São Paulo vemos basicamente o sinal apresentado para o estado: possível interrupção da queda, agora presente na tendência de longo prazo, como tbm ocorre em Gioania. Belo Horizonte, Maceió e Teresina também mantiveram sinal de interrupção de queda.
BH e Teresina merecem destaque por apresentarem provável estabilização em valores que podem ser ainda acima de 10 casos semanais por 100mil habitantes.
Curitiba mantém sinal de queda na tendência de longo prazo, porém reduzindo para o nível moderado (prob. > 75%), e com sinal de estabilização no curto prazo, tal qual observado em São Paulo no boletim anterior e resultando em estabilização na presente atualização. Vale o alerta
Obs.: no Paraná, assim como nos demais estados do Sul além de São Paulo e Minas, o atraso é em geral pequeno. Isso faz com que a estimativas sejam mais confiáveis, inclusive para o curto prazo.
Em Cuiabá, embora o estado do Mato Grosso continue apresentando diferenças significativas entre o dado no painel do estado e os registros no SIVEP-Gripe, com subnotificação no sistema nacional por conta de adesão a sistema local, apresenta sinal de interrupção da queda.
Macros de saúde:
Amazonas, Amapá, e Pará (N), Bahia, Ceará, e Paraíba (NE), Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo (SE), Santa Catarina (S), Mato Grosso do Sul e Mato Grosso (CO) c/ ao menos uma macro com tendência de curto/longo prazo com sinal moderado ou forte de crescimento
Destaque positivo para GO, RO, RS e SE onde todas as macros de saúde apresentam sinal de queda na tendência de longo prazo.
Goiás.
Atenção para a Macrorregião Centro-Oeste (q inclui a capital Goiânia), com sinal de possível desaceleração da queda. A capital já apresenta sinal de início de estabilização, como citado acima.
Rondônia
Rio Grande do Sul.
Reparem como as macros estão em estágios distintos, embora todas apresentando queda.
Sergipe possui apenas uma macrorregião de saúde, que mantém sinal de queda, embora já em um ritmo mais lento.
Locais preocupantes que não envolvem as macrorregionais das capitais já citadas:
1) Paraíba. Embora apenas a macro que inclui João Pessoa esteja com sinal de crescimento na última semana, as outras 2 macros inspiram muita atenção.
2) Bahia ainda possui macros sem iniciar queda
3) Minas Gerais: assim como no caso da Bahia, não é apenas a macro com sinal de crescimento que merece atenção, pelo contrário. O estado ainda está longe de viver uma situação confortável com queda sustentada em todas as macros.
4) Rio de Janeiro: Macro III, que abrange região dos lagos e norte do estado, com sinal de possível retomada do crescimento
5) São Paulo: como apresentado na atualização passada, o estado ainda não está com situação de queda em todo estado. Agora também apresenta possibilidade de crescimento em algumas macrorregiões de saúde. Cuidado na comunicação é fundamental para q a população mantenha os cuidados
6) Paraná:
Embora na tendência de longo prazo apenas a macro leste não esteja com sinal de queda, o sinal de curto prazo e as curvas mostram que apenas a macro Norte vive situação clara de manutenção da queda. Lembrando que o dado do PR é um dos melhores para a estimativa d casos
7) Santa Catarina: além da Grande Floripa, a Macrorregião Sul também acende o alerta
8) Mato Grosso do Sul:
Mesmo a Macrorregião de Dourados, única com sinal de queda na tendência de longo prazo, mostra uma possível desaceleração no ritmo de queda. As demais ainda vivem realidades q inspiram bastante atenção, principalmente as macros Corumbá e Três Lagoas
É chato ter que ainda ficar insistindo que diversos locais do país ainda necessitam de muita atenção passados 6 meses do início da epidemia no país. Mas é isso. Claro que ñ tm como manter isolamento forte por tanto tempo, mas tbm ñ dá pra jogar tudo pro alto. +
Mas a verdade é que somente em março e baril tivemos isolamento realmente forte, e ainda assim com ruídos de comunicação que dificultaram ações fortes, coordenadas e efetivas para quem sabe evitar q hoje ainda estivéssemos na situação q estamos. +
Até pq de maneira geral ñ conseguimos aproveitar esse tempo para reestruturar nossa rede de atenção primária para ter estrutura p busca ativa e bloqueio das "cadeias de transmissão". Ok q isso só é possível com num. de casos suficientemente baixo. +
Mas o quanto investimos em campanhas de conscientização e apoio para q a população pudesse e topasse aderir fortemente às recomendações de isolamento para termos números baixos para poder implementar busca ativa?
Então não tem outro jeito: máscara, ambiente arejado, evitar locais fechados, evitar aglomerações, evitar transporte público em horário de pico, manter contato esporádico apenas com um grupos pequenos e coesos (sempre os mesmos e somente entre os mesmos) em locais bem arejados...
Bom final de semana a todos e todas. Fiquem bem!
O #InfoGripe é uma ferramenta do SUS, desenvolvida por pesquisadores e pesquisadoras do #MAVE (#FIOCRUZ e #FGV) em parceria com o GT-Influenza (SVS/Ministério da Saúde) para servir à vigilância epidemiológica nacional e população.
@threadreaderapp unroll me please ;)
Link direto para o boletim completo, que apresenta as curvas de cada estado, todas as capitais, e todas as macrorregiões de saúde:
bit.ly/mave-infogripe…
Resumo executivo do boletim:
bit.ly/mave-infogripe…

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9 Oct
Sessão 2 sobre a atualização do #InfoGripe ref. semana 40.
Um olhar para o estado de São Paulo, em função do anúncio recente das bandeiras. Lembrando que os dados de SRAG são de extrema importância mas não são e nem devem ser os *únicos* dados a serem levados em conta.
Segue o 🧶
Começando pela capital: sinal de possível estabilização, em valores relativamente altos ~8 [5 - 14] novos casos semanais por 100mil habitantes. O fato de termos duas semanas consecutivas com as tendências de longo e curto prazo indicando estabilização é relevante.
Não há indício significativo de retomada do crescimento, mas há forte indício de interrupção da tendência de queda, e possivelmente mantendo um patamar elevado. "Ah, mas no pico era muito mais."
Que bom, né? Mas isso não significa que agora seja pouca coisa.
Read 7 tweets
9 Oct
Boletim InfoGripe semana 40 (27/09 - 03/10).
Florianópolis, Aracajú, Fortaleza, Macapá e Manaus mantiveram o sinal de crescimento na tendência de longo prazo.
Belém e Brasília apresentam 1a semana com sinal cresc no longo prazo.
Recife e Rio mantiveram interrupção do crescimento.
Manaus mantém cenário bastante preocupante, tendo inclusive perdido o sinal de provável queda no curto prazo. Isso reforça a importância da interpretação adequada do indicador de curto prazo, que é mais suscetível às oscilações e ruídos do dado.
Floripa, embora esteja com 2a semana consecutiva com sinal de crecimento na tendência de longo prazo, a série sugere q pode ser uma estabilização em valor acima da mínima da semana 35. Ou seja, pode não ser uma retomada do cresc, mas está bem sugetiva a interrupção da queda.
Read 11 tweets
6 Oct
Tocando em um ponto potencialmente polêmico porém importante: é sim esperado observar retomada do crescimento no número de novos casos após um determinado período de flexibilização. A questão é o que fazer a partir daí.
Segue o 🧶:
Para que não houvesse retomada do crescimento após flexibilizações necessitaríamos:
1) Imunidade temporária ao menos dentro do período em questão ~3-6 meses;
2) Prevalência alta o suficiente para atingir imunidade de grupo.
OU
3) População completamente isolada, constantemente.
+
(1) é razoável supor que se cumpre.
(2) *torcemos* para que não seja verdadeiro. Pq? Porque do contrário não fizemos nossa parte para minimizar o impacto da 1a onda. Deixamos o vírus "correr solto" e gerar casos e óbitos evitáveis.
(3) não é razoável nem saudável por longo tempo+
Read 16 tweets
2 Oct
Infelizmente tivemos alguns contratempos que atrasaram a publicação da atualização do InfoGripe referente à semana 39 (20/09 - 26/09). Segue o 🧶
Os dados do país como um todo continuam caindo, porém localmente ainda temos muitos regiões em situações preocupantes.
5 capitais com sinal de crescimento na tendência de longo prazo, e mais 2 com estabilidade após 5 semanas consecutivas com sinal de crescimento. Image
Por ordem alfabética:
Aracaju (SE): sinal de crescimento na tendência de longo prazo presente nas últimas 3 semanas Image
Read 24 tweets
4 Sep
#InfoGripe semana 35:
Segue fio com alguns detalhes sobre a situação nas capitais e macrorregiões de saúde de cada estado para os dados de #SRAG, q serve como parâmetro para #COVID19 no BR.
Resumo do boletim: bit.ly/mave-infogripe…
Boletim completo: bit.ly/mave-infogripe…
Tendências de curto (últimas 3 semanas) e longo (últimas 6 semanas) prazo para as capitais
Belém (PA), Macapá (AP), Palmas (TO), Maceió
(AL), Recife (PE), São Luís (MA), e Rio de Janeiro (RJ) já ñ apresentam queda há várias semanas, algumas tendo registrado inclusive crescimento. Nenhuma dessas capitais voltou a cair de maneira clara desde então.
Read 18 tweets
26 Aug
Sobre os dados da capital do Rio de Janeiro, segue momento "elucidar é preciso". 1/n
2/n Sim. Mudanças de critério de classificação de caso impactam na contagem de novos casos, principalmente quando se usa data de divulgação (digitação no banco de dados) ao invés de data de ocorrência (1os sintomas ou óbito).
3/n Sim. Dados apresentados por data de divulgação/digitação não necessariamente refletem a situação atual, pois lá dentro tem casos de toda uma gama de datas de ocorrência. Da semana passada, retrasada, mês passado, ...
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