Tocando em um ponto potencialmente polêmico porém importante: é sim esperado observar retomada do crescimento no número de novos casos após um determinado período de flexibilização. A questão é o que fazer a partir daí.
Segue o 🧶:
Para que não houvesse retomada do crescimento após flexibilizações necessitaríamos: 1) Imunidade temporária ao menos dentro do período em questão ~3-6 meses; 2) Prevalência alta o suficiente para atingir imunidade de grupo.
OU 3) População completamente isolada, constantemente.
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(1) é razoável supor que se cumpre. (2) *torcemos* para que não seja verdadeiro. Pq? Porque do contrário não fizemos nossa parte para minimizar o impacto da 1a onda. Deixamos o vírus "correr solto" e gerar casos e óbitos evitáveis. (3) não é razoável nem saudável por longo tempo+
Sendo assim, a medida que retornamos à rotina, em algum momento haverá reversão da tendência de queda.
E aí entra a vigilância e monitoramento adequados para ações rápidas e eficazes para conter os novos surtos. A tal busca ativa e isolamento de novos casos e seus contatos. +
Então, não devemos entrar em pânico com a perspectiva de retomada de crescimento aqui ou acolá. Devemos é estarmos preparados (agentes públicos + população) para que essa retomada seja apenas uma nova marola e não um novo tsunami. +
No nível individual: escolhe um grupo restrito de núcleos familiares para interagir. Restrito mesmo (~3 núcleos), e mantenham interação apenas entre si. Preferencialmente interagindo com baixa frequência (se encontrando 1 vez p semana ou a cada 2 sem) e em locais abertos. +
Ao primeiro sinal de sintoma em qualquer um dos núcleos: aviso imediato a todas as pessoas dos núcleos familiares, aviso às autoridades de saúde locais, teste geral e isolamento preventivo (nível quarentena). +
"Ah, mas foi só na escola/trabalho do fulano"
Teste a família do fulano e isola os demais núcleos igual. Existem protocolos de rastreamento. Entre em contato com o posto de saúde e equipe de vigilância sanitária q eles te informam direitinho. +
Agentes públicos: monitoramento constante de novos surtos, fundamentalmente via teste rt-qPCR ou outro que venha a surgir que permita identificar *casos ativos*, e rastreamento de contatos. Pulso e coragem para reimplementar medidas restritivas quando necessário. +
Para isso, é fundamental o fortalecimento das redes de atenção básica e equipes de vigilância em saúde, pois são a porta de entrada. Esperar os sinais nos casos graves pode ser tarde demais, pois é apenas a ponta do iceberg. +
Ao desmobilizar unidades de hospitalização, não desfazer a infraestrutura pois ela pode ser necessária nos casos de novo surto. É mais rápido e fácil recontratar e realocar equipe de atendimento do que reerguer unidades, reequipar leitos, ... Se recontratar é caro, não demite. +
Resumo: vai voltar a subir, a não ser que tenhamos feito tudo errado da primeira vez. A questão é se já caiu a níveis baixos o suficiente e como cada local vai reagir quando voltar a subir. +
Sua regional de saúde está preparada para retomada a partir do nível de casos atual? Isto é, os casos já são baixos o suficiente para fazer rastreamento adequado de novos surtos? Há leitos instalados e equipes de atendimento em quantidade suficiente para atender a nova demanda? +
Focar apenas no isolamento total por longo prazo é irreal. O que não significa que o isolamento forte não tenha sido necessário lá atrás ou que não será necessário no futuro próximo. A questão é quando "permitir" que isso aconteça e estar preparado para agir de forma adequada.
Esclarecimento: o "permitir que isso aconteça" se refere à retomada do crescimento, não ao isolamento.
#InfoGripe semana 35:
Segue fio com alguns detalhes sobre a situação nas capitais e macrorregiões de saúde de cada estado para os dados de #SRAG, q serve como parâmetro para #COVID19 no BR.
Resumo do boletim: bit.ly/mave-infogripe…
Boletim completo: bit.ly/mave-infogripe…
Tendências de curto (últimas 3 semanas) e longo (últimas 6 semanas) prazo para as capitais
Belém (PA), Macapá (AP), Palmas (TO), Maceió
(AL), Recife (PE), São Luís (MA), e Rio de Janeiro (RJ) já ñ apresentam queda há várias semanas, algumas tendo registrado inclusive crescimento. Nenhuma dessas capitais voltou a cair de maneira clara desde então.
Sobre os dados da capital do Rio de Janeiro, segue momento "elucidar é preciso". 1/n
2/n Sim. Mudanças de critério de classificação de caso impactam na contagem de novos casos, principalmente quando se usa data de divulgação (digitação no banco de dados) ao invés de data de ocorrência (1os sintomas ou óbito).
3/n Sim. Dados apresentados por data de divulgação/digitação não necessariamente refletem a situação atual, pois lá dentro tem casos de toda uma gama de datas de ocorrência. Da semana passada, retrasada, mês passado, ...
Alguns comentários breves (pelo menos espero que sejam, mas ñ garanto...) sobre uma eventual imunidade de grupo em estados/municípios Brasileiros.
1o) Sem dados sólidos de testagem de ampla cobertura populacional, acho precipitado supor que um local já tenha atingido. Pq? Análise de risco. Fazer essa suposição para embasar reabertura ampla e descobrir que estava errado tem um custo humano altíssimo (e econômico tbm).
2.a) Caso um determinado local tenha de fato atingido imunidade de grupo, mas em algum momento tenha sofrido colapso do seu sistema de saúde, isso significa que as iniciativas de controle implantadas falharam. Ou seja, ñ é motivo de alegria, mas de muita tristeza.
Inspirado em pergunta do @luciofm, e incentivado pelo @rafalpx, segue 🧵sobre as diversas variáveis de data no banco do sivep-gripe (q tbm se aplica a bancos similares).
'Simbora que hoje é dia de textão no twitter (p qm perdeu o 1o do dia:
O 1o ponto é lembrar, antes de mais nada, que tem erro de inserção. Ou seja, vai ter dado sem sentido, sim. Mas, em geral, não afeta de maneira significativa análises agregadas. #ficaadica : não use para análise individual.
Feito esse parêntese, vamos lá
DT_SIN_PRI: data de 1os sintomas associados à SRAG. Campo auto referido pelo(a) paciente ou responsável.
DT_NOTIFIC: data de preenchimento da ficha de notificação (~data de identificação do caso como SRAG na unidade de saúde, preenchido pelo/a profissional/agente de saúde)
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Segue um 🧶sobre análise de tendência com base em dados reais. Serve para #COVID19#dengue#SRAG ...
Um pouquinho sobre os dramas e coisas simples (e ainda assim úteis) que podem ser feitas para uso prático, e exemplo de uso para enfrentamento da COVID-19 com dados de SRAG.
Dados reais de casos de qualquer doença não são curvas de um sistema determinista. O q isso significa na prática? Q ela vai ter altos e baixos mesmo durante período com tendência de crescimento/queda.
Aquela cara "serrilhada", típica de processos conhecidos como estocásticos.
E?
E q, mesmo c/ dados sendo notificados/digitados em tempo real (ñ são), o último ponto ñ necessariamente representa a tendência.
I.e, o número da semana T ser menor/maior do que o valor na semana anterior (T-1) ñ significa que a partir dali começou processo de queda/crescimento
Na capital do Rio, ao ser questionado sobre o salto nos casos de síndrome gripal, foi dada resposta de que esse é o período típico de aumento de casos (suponho que se referindo ao inverno...).
Pois bem, o quê o histórico dos registros de SRAG no estado dizem sobre isso?
Dados de 2010, 2017, 2018 e 2019. 2010 está ali só para exemplo de ano leve que está dentro do conjunto dos "anos regulares", assim como o ano 2017.
Além das curvas de cada ano, atenção para as cores de fundo, que apresentam o "esperado" a cada semana
1) Quando tem pico no estado do Rio, ele em geral é ~ começo de maio (semana 19). O salto foi observado na 32. 2) Tem um leve solavanco na SE ~31 nessas curvas, q pode estar associado ao retorno das férias de inverno, fato que ñ temos este ano. Mas é período de queda, ñ de alta.