Na segunda corrida na Turquia pela GP2 em 2006, Lewis Hamilton mostrou uma grande performance ao cair para P19 e chegar em P2, esse foi um feito tão grande que levou até as outras equipes a suspeitarem da legalidade do seu carro, mas a explicação era outra. Conto nessa thread:
Lewis Hamilton era um promissor piloto, eu seu segundo ano na F3 Euro, em 2005. Ele foi campeão vencendo 75% das corridas da temporada. Em 2006, ele assinou contrato com a Art Grand Prix, para correr na GP2, mesma equipe que Nico Rosberg tinha sido campeão da categoria em 2005.
Em sua primeira corrida na categoria, etapa de Valência, ele ficou em segundo. Atrás de Nelson Piquet Jr, que estava em seu segundo ano na categoria. O pódio foi completado pelo espanhol Adrián Vallés. Na segunda corrida em Valência ele ficou apenas em sexto.
O esquema da GP2 naquela época era bem parecido com a da F2 agora, os oito primeiros da primeira corrida, invertiam de posição. Em Imola, na segunda rodada da categoria, uma tragédia total, Lewis foi desclassificado na primeira corrida.
Na segunda, ele largou em último de 26 carros, acabou terminando em 10°, uma boa performance, mas sem pontuação. Após essas duas etapas, Lewis tinha apenas 9 pontos, contra 24 de Piquet Jr. que era o líder.
Na etapa de Nurburgring, Lewis se qualificou em terceiro, Piquet Jr. em primeiro. Mas logo na largada ele passou pelo brasileiro, ficando em segundo, no final da primeira volta já era primeiro. Lewis venceu essa corrida e depois a segunda etapa. Piquet Jr. abandonou nas duas.
Se tornando o primeiro piloto a conquistar o feito raro de vencer as duas corridas de uma etapa. Lewis assumiu a liderança do campeonato com 27 pontos, Piquet Jr. caiu para segundo com 26.
Na Espanha, ele foi P2 e P4, venceu a corrida única em Mônaco e as duas corridas da etapa de Silverstone. Com isso a diferença estava em 22 pontos para Piquet Jr. Na França Lewis enfrentou problemas terminando a primeira corrida em P19, na segunda ele terminou em P5.
Em Hockenheim dois pódios: na corrida 1 um P2 e na corrida dois um P3. Em uma rodada onde Piquet Jr. não foi bem, e nem poder largar na segunda corrida. Assim Lewis já estava 26 pontos a frente. Mas ai aconteceu algo que aconteceu apenas duas vezes na história da GP2/F2
Piquet Jr. teve uma rodada perfeita, pole, duas vitórias e duas voltas mais rápidas na Hungria, pontuação máxima. Enquanto Lewis teve um décimo e um segundo lugar nessa etapa. Na primeira corrida da Turquia, Piquet Jr. fez pole, volta mais rápida e conquistou a vitória.
Lewis novamente ficou em segundo, e a diferença caiu para apenas 6 pontos, momento de extrema tensão para o britânico. Então chegou a segunda corrida, pela regra Lewis iria largar em P7, enquanto Piquet Jr. em P8. Na primeira volta, ele perdeu sua posição para o brasileiro
E as coisas ficariam ainda pior, ele rodaria na segunda volta, e iria parar em P19. Ele realmente parecia estar com problemas para entender o carro. Mas na mesma volta começou sua recuperação, a primeira vitima foi o #7 E.J. Viso, aconteceu até um toque
Na mesma manobra ele conseguiu passar #6 Fairuz Fauzy. #12 Alexandre Negrão abandonou. Com isso, Hamilton já estava em P16. Na volta 3, ele passou #24 Adrián Vallés e #17 Jason Tahincioğlu
#15 Felix Porteiro abandonou e ao final da terceira volta, Lewis já era P13. No começo na volta 5, a vítima foi #14 Ferdinando Monfardini, no final da volta ele passou por #15 Franck Perera, que deu o troco, mas na volta 6, ele conseguiu ultrapassar novamente.
Passando #18 Hiroki Yoshimoto, Lewis chegou ao top 10. Na volta 10, passou por #5 José María López, e seu companheiro de equipe, #1 Alexandre Prémat. Na volta 12, ele chegou ao P7, após passar por #21 Clivio Piccione. Na volta 13, #4 Nicolas Lapierre foi deixado para trás.
Lewis já estava em P6, faltando 10 voltas para o fim. Volta 14, foi a vez de #22 Lucas di Grassi, duas voltas depois, #11 Nelson Piquet Jr. Na volta 18, passou por #8 Timo Glock, mas o piloto malaio deu o troco na mesma volta, e Hamilton também perdeu a posição para Piquet Jr.
Mas se recuperou sobre o brasileiro na mesma volta, agora ele tinha que ultrapassar Glock novamente, coisa que só aconteceu na abertura da volta 22. Na volta 23, foi a vez de #9 Adam Carroll ser ultrapassado, é preciso destacar que ele estava com problemas no câmbio.
Mas a volta 23 era a última volta, e assim Lewis Hamilton cruzou em P2. O único que ele não conseguiu passar foi #27 Andreas Zuber, que ficou com a vitória. Uma pergunta que ficou no ar era como Hamilton tinha conquistado aquilo, as suspeitas sobre ilegalidade no carro surgiram.
Mas o que aconteceu foi que Lewis no sábado, largaria em sétimo, precisando reagir, ele foi até Frédéric Guyot, seu engenheiro na época da ART Grand Prix com uma proposta arriscada, queria uma configuração que priorizasse velocidade de reta, ou seja, com menos downforce
Em uma pista como Istambul isso era pouco recomendado, então Guyot questionou Lewis se isso seria adequado, já que o carro ficaria bem instável e com uma tendência de sair de traseira, ou seja, as chances dele rodar seriam bem grandes.
Em um circuito com muitas curvas aonde se necessitava de uma configuração menos agressiva. Mas não teve jeito, Lewis prometeu que conseguiria lidar com a situação, e sua vontade foi feita. Guyot estava certo por um lado, Lewis começou mal, sua rodada foi um sinal.
Mas uma característica que ele tem até hoje fez a diferença, saber se adaptar a situação, Hamilton é um piloto extremamente versátil que já passou por quatro regulamentos na F1, sendo piloto de ponta em todas.
Ele conseguiu entender como o carro funcionava daquela forma e deu um show. Com o resultado, a volta mais rápida, feita por ele na volta 23 e o quinto lugar de Piquet Jr., Lewis saiu com 10 pontos de vantagem para a ultima etapa em Monza.
Em Monza ele seria campeão na primeira corrida, após conquistar um P3, contra um P2 de Piquet Jr. Depois seria anunciado pela McLaren no final do ano, e o resto é história.
Apenas mais um detalhe, a segunda corrida da Turquia durou apenas 38 minutos .Queria agradecer ao @gu64_, que me deu a ideia e me ajudou nessa thread, e ao @voandobaixo e o @DepreOcon por algumas revisões ortográficas 😅
Aqui devia ser "todos" no fim, acabei mudando a frase de "mudanças" para "regulamentos" e esqueci de mudar o gênero.
- Bom dia a todos. Acabei de ler as histórias/reportagens sobre os meus comentários a respeito de Seb. Sinto a necessidade de esclarecer o que foi dito. Seb é um grande campeão.
Não apenas isso. Ele é um grande ser-humano, engraçado, humilde e merece todo o sucesso que está conquistando. Eu admiro sua dedicação e habilidade de ser sempre consistente e executar uma performance sem erros. Esta é a marca de um grande campeão.
O GP de Tripoli de 1939 marcou um desafio para a Mercedes-Benz: fazer um carro em oito meses, esse foi o W165. Ele foi feito por causa das mudanças inesperadas de regulamento na Federação Italiana. Conto a história desse carro e desse GP nessa thread:
Em 1938, os alemães dominavam as corridas Grand Prix, que na época tinha o regulamento de 3 litros. Os carros eram o Mercedes-Benz W154 e a Auto Union Type D. Mas a Federação Italiana anunciou algo que pretendia mudar isso, ao menos em terras italiana
Todas as grandes provas italianas seriam pelo regulamento Voiturette, ele previa que os carros teriam que ter motor de 1.5 litros, a partir de 1939. Não era segredo que a AIACR (atual FIA) queria mudar para esse regulamento a partir de 1940, mas foi uma surpresa inesperada
Há exatos 20 anos, Michael Schumacher tirava a Ferrari de uma espera de 21 anos por um título de pilotos na F1. Essa conquista veio depois de muito trabalho, anos de desenvolvimento e uma equipe dos sonhos. Conto como isso aconteceu nessa thread
Toda essa história começou muitos anos antes: no final de 1991, Michael Schumacher entra na F1, com apoio da Mercedes. Mas simultaneamente a esse fato, Luca di Montezemolo assumia a presidência da Ferrari. Pegando a montadora em crise financeira, sem dar lucros por anos.
Luca recuperou rapidamente a marca, e desde então ela da lucros astronômico todos os anos. Em 1993, ele contratou Jean Todt, que foi o chefe da Peugeot nas conquistas do Dakar e Le Mans. Em 1994, Paolo Martinelli assumiu como chefe do departamento de motores da equipe
AVUS foi a única pista a sediar o GP da Alemanha sem ser na Alemanha, isso porque na época Berlim Ocidental não pertencia nem a Alemanha Ocidental, muito menos a Oriental. Era simplesmente um enclave no meio da parte comunista, uma cidade autônoma.
Em 2004, o Burro do Shrek apareceu na F1 e virou febre. Sua aparição se deve porque dois mecânicos da Jaguar compraram um refrigerante e ganharam o burro Inflável de brinde +
Isso aconteceu na Bélgica, durante o GP daquele ano. Eles resolveram então levar o burro para passear no paddock em Spa. E quem ficou bravo com a história? A FIA? Não! A FOM? Não! Foi a própria direção da Jaguar Racing. +
A direção da equipe proibiu o Burro de circular. Porém, a Ford (dona) anunciou a venda da Jaguar, Cosworth e da equipe de F1 dias depois. Em Monza, ninguém segurou o Burro, ele ficou no boxe da Jaguar, foi engenheiro, mecânico. Virou o xodó da equipe. +
Há exatos 42 anos, Ronnie Peterson, um dos pilotos mais lembrados de todos os tempos, falecia, após um GP da Itália simplesmente dantesco. Conto como isso aconteceu nessa thread
Peterson era um piloto reconhecidamente talentoso, com estilo agressivo, na época, fazia coisas que nenhum outro piloto fazia, como entrar certas tangencias, que só ele conseguia. Ronnie, como era chamado, sempre dava show. Encantou uma geração, mesmo que nunca tenha sido campeão
vice-campeão de 1971, pela March. Em 1973, quando chegou na Lotus, andava no mesmo ritmo que Emerson Fittipaldi, tendo até mais vitórias naquele ano que o brasileiro. Com a saída de Emerson do time, ele assumiu o cargo de piloto principal.