É claro que o pênalti consagra o goleiro, é a cereja do bolo.
Mas essa defesa aqui é a mais impressionante. É o que define Neneca com perfeição.
A primeira defesa é incrível. O reflexo, seriedade, precisão e explosão pro rebote são de outro mundo!
A maneira como ele reajusta constantemente o posicionamento é fenomenal. A cada movimento de um jogador do CAP, se recoloca e prepara para explodir.
Compare com Lomba. O goleiro colorado só se prepara para defender no último momento. Resultado: nem pula
Ele é muito grande, mas parece um grande boxeador, sempre com um jogo de pernas afiado, sempre calibrando a distância e perfeitamente atento a cada pequeno movimento do adversário. Tem um tempo de reação absurdo por isso.
Até aqui, uma trajetória absolutamente impressionante!
Aí entra uma questão sobre o nosso julgamento em cima dos goleiros. Normalmente, a gente diz que "ele não teve culpa no gol".
O problema é que quando essa se torna a única métrica, a gente normaliza atuações medianas. Neneca pega as que tem que pegar e as que "não teria culpa".
E, ainda por cima, tem isso aqui...
É um moleque humilde, sério, que sabe o tamanho do sonho que carrega e o tamanho do clube que defende.
O Flamengo errou duas vezes na saída de bola, acabou cedendo dois gols ao Inter e despertou mais uma vez o debate sobre a saída de bola no futebol brasileiro.
Há quem ame, há quem odeie, mas minha sincera impressão é que daí nasce um debate que precisa ainda ser aprofundado.
Esse tipo de situação, a bola roubada lá na frente que gera perigo, não é novidade para o torcedor rubro-negro. A diferença é que nos acostumamos a ver o Flamengo do outro lado, sendo o time que faz a pressão e força o jogo a entrar em um ciclo perene.
Em 2019, isso era comum. Em 2020, o Flamengo se impôs contra o Corinthians, na semana passada, pressionando bastante no campo de ataque. Com um pós-perda muito organizado, o time parecia um enxame de abelhas. Apertava, recuperava e seguia atacando.
Assim que Domenec Torrent colocou a caneta no papel e assinou com o Flamengo, temi que um possível debate sobre o tal jogo de posição ficasse totalmente perdido.
Tentei, por isso, dar a minha singela contribuição lá atrás.
Um dos pontos importantes, inclusive, é esse: os analistas parecem ser mais dogmáticos que os próprios treinadores.
Domenec adapta suas ideias? Sim.
Isso é surpreendente? Claro que não.
Uma das características de quem quer trabalhar em alto nível é saber se adaptar.
Portanto, é muito estranha essa noção de que às vezes (normalmente quando dá errado), ele "manteve suas convicções" e em outras vezes (quando dá certo), ele "abriu mão do que acredita".
As falas do próprio Domenec antes de chegar ao Fla indicavam um caminho de adaptação...
Com o time praticamente titular, gramado excelente, alguns jogadores mais descansados e opções no banco, o contexto um pouco mais favorável fez o Flamengo nadar de braçada contra o Corinthians.
Nenhum rubro-negro ficou feliz com o empate contra o Red Bull Bragantino. Dentro de um contexto surreal, os três pontos e a liderança provisória seriam importantes para a sequência que vem a seguir...
Desde a viagem para o Equador, há exatamente um mês, o rubro-negro não teve um dia de paz. O surto de coronavírus, uma série de lesões, uma sequência insana de jogos, convocações...
Em uma temporada já atípica, o Flamengo viveu um mês de pandemônio.
Neste mês, o Flamengo conseguiu seis vitórias e dois empates. Resultado exemplar, até acima do esperado com tantos problemas.
Mesmo assim, não dá para deixar os resultados mascararem o desempenho: o time teve maus momentos em todos os jogos e mostrou que ainda precisa evoluir.
Ufa! O Flamengo sofreu, mas conseguiu vencer o Goiás no último lance.
Ou melhor… O Flamengo criou, martelou, mas a bola cismou de não entrar até o último lance. Assim é o futebol. O sofrimento foi mais pelo resultado (até o fim) do que pela performance em si.
Vamos à análise!
Antes do apito inicial, havia uma dúvida sobre qual seria o time, uma vez que o Fla está no meio de uma agenda insana. Domenec teve que fazer um exercício de escalação condicional: o time e as substituições planejadas na terça dependiam também do planejamento para quinta.
Isso porque, segundo o próprio Domenec, o pico de desgaste dos jogadores se dá 48h após a partida. Ou seja, provavelmente ele não pensa em repetir (quase) ninguém nos dois jogos.
Talvez contando com a volta dos convocados para quinta, colocou o que tinha de melhor no momento.