Assim que Domenec Torrent colocou a caneta no papel e assinou com o Flamengo, temi que um possível debate sobre o tal jogo de posição ficasse totalmente perdido.
Tentei, por isso, dar a minha singela contribuição lá atrás.
Um dos pontos importantes, inclusive, é esse: os analistas parecem ser mais dogmáticos que os próprios treinadores.
Domenec adapta suas ideias? Sim.
Isso é surpreendente? Claro que não.
Uma das características de quem quer trabalhar em alto nível é saber se adaptar.
Portanto, é muito estranha essa noção de que às vezes (normalmente quando dá errado), ele "manteve suas convicções" e em outras vezes (quando dá certo), ele "abriu mão do que acredita".
As falas do próprio Domenec antes de chegar ao Fla indicavam um caminho de adaptação...
O tal jogo de posição é uma maneira específica de pensar e sistematizar o jogo. Parte de uma série de princípios e métodos para resolver os problemas do jogo.
É apenas uma de tantas formas de jogar. E não é estanque. Cada treinador, claro, tem a sua cabeça, a sua versão.
Sinceramente, nem gosto tanto desse debate porque acho que, muitas vezes, não ajuda o torcedor a entender melhor o jogo.
Não adianta pausar um frame específico de um lance específico e dizer "isso é isso" ou "isso não é aquilo".
Em geral, não quer dizer nada.
Afinal, não dá para compreender padrões dinâmicos por frames parados. Não dá para mergulhar em filosofias de jogo por lances pinçados.
Muitas vezes, inclusive, não dá para olhar de fora e entender tudo que se passa dentro. Sistemas complexos são assim.
Infelizmente, o temor inicial se confirmou. O assunto escapou até mesmo do nicho tático do Twitter e chegou à grande mídia.
Infelizmente, virou um papo sem pé nem cabeça, que não ajuda a transmitir conhecimento... Tô fora...
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O Flamengo errou duas vezes na saída de bola, acabou cedendo dois gols ao Inter e despertou mais uma vez o debate sobre a saída de bola no futebol brasileiro.
Há quem ame, há quem odeie, mas minha sincera impressão é que daí nasce um debate que precisa ainda ser aprofundado.
Esse tipo de situação, a bola roubada lá na frente que gera perigo, não é novidade para o torcedor rubro-negro. A diferença é que nos acostumamos a ver o Flamengo do outro lado, sendo o time que faz a pressão e força o jogo a entrar em um ciclo perene.
Em 2019, isso era comum. Em 2020, o Flamengo se impôs contra o Corinthians, na semana passada, pressionando bastante no campo de ataque. Com um pós-perda muito organizado, o time parecia um enxame de abelhas. Apertava, recuperava e seguia atacando.
Com o time praticamente titular, gramado excelente, alguns jogadores mais descansados e opções no banco, o contexto um pouco mais favorável fez o Flamengo nadar de braçada contra o Corinthians.
Nenhum rubro-negro ficou feliz com o empate contra o Red Bull Bragantino. Dentro de um contexto surreal, os três pontos e a liderança provisória seriam importantes para a sequência que vem a seguir...
Desde a viagem para o Equador, há exatamente um mês, o rubro-negro não teve um dia de paz. O surto de coronavírus, uma série de lesões, uma sequência insana de jogos, convocações...
Em uma temporada já atípica, o Flamengo viveu um mês de pandemônio.
Neste mês, o Flamengo conseguiu seis vitórias e dois empates. Resultado exemplar, até acima do esperado com tantos problemas.
Mesmo assim, não dá para deixar os resultados mascararem o desempenho: o time teve maus momentos em todos os jogos e mostrou que ainda precisa evoluir.
Ufa! O Flamengo sofreu, mas conseguiu vencer o Goiás no último lance.
Ou melhor… O Flamengo criou, martelou, mas a bola cismou de não entrar até o último lance. Assim é o futebol. O sofrimento foi mais pelo resultado (até o fim) do que pela performance em si.
Vamos à análise!
Antes do apito inicial, havia uma dúvida sobre qual seria o time, uma vez que o Fla está no meio de uma agenda insana. Domenec teve que fazer um exercício de escalação condicional: o time e as substituições planejadas na terça dependiam também do planejamento para quinta.
Isso porque, segundo o próprio Domenec, o pico de desgaste dos jogadores se dá 48h após a partida. Ou seja, provavelmente ele não pensa em repetir (quase) ninguém nos dois jogos.
Talvez contando com a volta dos convocados para quinta, colocou o que tinha de melhor no momento.
Há quem acredite, há quem discorde. Fato é que o Flamengo foi lá e venceu, mesmo sem jogar. Aliás, mesmo em um jogo pouco jogado. Uma exibição fraca e cheia de erros, mas suficiente para garantir três pontos importantíssimos.
Mas clássico se joga? Se vence? O excelente @csguimaraes escreveu na semana passada sobre essa frase. O texto é sobre o Gre-Nal, mas vale para Flamengo x Vasco também.
Flamengo e Vasco vivem trajetórias inversas no campeonato. Um começou oscilando e vem se afirmando, o outro começou voando e vem caindo. Na verdade, ambos começam a gravitar suas posições "naturais" na tabela.
Não é surpresa para quem vinha prestando atenção nos números…
Logo no início do campeonato, um assunto começou a chamar a atenção: a falta de pontaria do Flamengo vinha incomodando. Mergulhei profundamente no tema para entender onde estava o problema.
De fato, o Flamengo ainda não era completamente dominante (como ainda não é) nos jogos, mas já era um time que ficava bom a bola, conseguia progredir razoavelmente, criava chances, finalizava... A bola simplesmente não entrava. Faltava o toque final.