Assim que Domenec Torrent colocou a caneta no papel e assinou com o Flamengo, temi que um possível debate sobre o tal jogo de posição ficasse totalmente perdido.

Tentei, por isso, dar a minha singela contribuição lá atrás.

Um dos pontos importantes, inclusive, é esse: os analistas parecem ser mais dogmáticos que os próprios treinadores.

Domenec adapta suas ideias? Sim.
Isso é surpreendente? Claro que não.
Uma das características de quem quer trabalhar em alto nível é saber se adaptar.
Portanto, é muito estranha essa noção de que às vezes (normalmente quando dá errado), ele "manteve suas convicções" e em outras vezes (quando dá certo), ele "abriu mão do que acredita".

As falas do próprio Domenec antes de chegar ao Fla indicavam um caminho de adaptação...
O tal jogo de posição é uma maneira específica de pensar e sistematizar o jogo. Parte de uma série de princípios e métodos para resolver os problemas do jogo.

É apenas uma de tantas formas de jogar. E não é estanque. Cada treinador, claro, tem a sua cabeça, a sua versão.
Sinceramente, nem gosto tanto desse debate porque acho que, muitas vezes, não ajuda o torcedor a entender melhor o jogo.

Não adianta pausar um frame específico de um lance específico e dizer "isso é isso" ou "isso não é aquilo".

Em geral, não quer dizer nada.
Afinal, não dá para compreender padrões dinâmicos por frames parados. Não dá para mergulhar em filosofias de jogo por lances pinçados.

Muitas vezes, inclusive, não dá para olhar de fora e entender tudo que se passa dentro. Sistemas complexos são assim.
Infelizmente, o temor inicial se confirmou. O assunto escapou até mesmo do nicho tático do Twitter e chegou à grande mídia.

Infelizmente, virou um papo sem pé nem cabeça, que não ajuda a transmitir conhecimento... Tô fora...

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