Prometi, ontem, postar comentários sobre o levantamento que minha equipe fez das pesquisas de intenção de voto em capitais e cidades-polo do Nordeste, Sudeste e Sul do país. Vou postar agora. Segue o fio.
1) Primeiro, algumas advertências. Fizemos um levantamento em virtude do acesso a pesquisas de intenção de votos. A seleção de cidades-polo, portanto, não segue um critério político, mas de acesso aos dados. Em segundo lugar, não se trata de vaticínio, mas de leitura de dados
2) Comecemos pelas capitais do Nordeste. As pesquisas não indicam uma região exatamente marcada pelo voto progressista. E também não indicam uma relação com o cenário nacional ou até mesmo com o governo estadual de plantão.
3) Das 9 capitais, a direita está à frente em São Luís e Salvador (bem à frente), além de Fortaleza. Três capitais cujo Estado é governado pela centro-esquerda (PT e PCdoB). A centro-esquerda se destaca em Recife, Maceió e Aracaju e vai ao segundo turno em Fortaleza
4) O centro (ou centro-direita) aparece bem em João Pessoa, Natal e Teresina (neste caso, mais um Estado governado pelo PT cuja eleição da capital não tem o candidato do governador á frente)
5) A região sudeste possui algumas peculiaridades importantes nesta eleição municipal. A equipe do Instituto Cultiva destacou dados sobre as 4 capitais e 11 cidades-polo da região (Contagem, Itaúna, Niterói, Duque de Caxias, Cabo Frio, Anchieta, Vila Velha, Campinas ...)
6) E, ainda: São Bernardo do Campo (SP), Mogi das Cruzes (SP) e Santo André (SP). Comecemos pelos destaques de Minas Gerais, os dois fenômenos eleitorais: Kalil (BH) e Marília Campos (Contagem).
7) No Rio de Janeiro e em São Paulo, o centro-esquerda aparece disputando a segunda vaga para o segundo turno, tendo candidatos de centro-direita à frente. A candidatura de Boulos é a que mais chama a atenção neste momento, indicando uma importante renovação na esquerda
8) PT aparece bem em Vitória, Guarulhos, Contagem, Diadema e Mogi da Cruzes. São cidades muito importantes no cenário político estadual. Em São Paulo, o PSDB vai bem em São Bernardo do Campo e Santo André, bastiões do movimento sindical dos anos 1980, que forjou o PT
9) O gráfico que ilustra esta nota indica a disputa pelo segundo turno nas cidades em tela. A direita aparece com vantagem sobre a esquerda no segundo turno (onde ocorrer).
10) Finalmente, a região Sul do país. O que fica claro é que Paraná e Santa Catarina estão dominadas (ao menos, nas cidades que analisamos), pela direita. Analisamos os dados das 3 capitais e 11 cidades-polo (Londrina, Maringá, Cascavel, Araucária, Chapecó, Criciúma ...
11) ...Caxias do Sul (RS), Canoas (RS), Santa Maria (RS), Alvorada (RS) e Passo Fundo (RS).
12) Já no Rio Grande do Sul, o centro-esquerda aparece bem em Porto Alegre (Manu, PCdoB), Caxias do Sul (Pepe Vargas, PT), Alvorada (Stela Farias, PT) e Passo Fundo (com disputa acirrada entre PDT, PSB e PCdoB).
13) Por esta amostra, percebemos que não há exatamente um predomínio de uma força partidária ou ideológica nessas eleições, com exceção do Paraná e Santa Catarina, nas 3 regiões que analisamos. Para as forças progressistas, não é um dado ruim porque indica que o pior já passou.
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Bom dia. Farei um pequeno fio sobre minha fala na live da Coletiva, a candidatura da médica Sônia Lansky à Câmara Municipal de Belo Horizonte em que 9 lideranças sociais se apresentam como co-vereadores dela. Falei sobre a "nova sociedade" que necessita de uma "nova política".
1) Sobre a nova sociedade: a marca prática da nova sociedade é a provisoriedade. Aquele compromisso social e a fidelidade política do século XX para com alguma organização vem decaindo rapidamente. Agora, o avatar propicia múltiplas personalidades, dúvidas e mudanças de rumo
2) Hoje é possível deslizar na opinião a respeito de qualquer coisa podendo aceitar um argumento no grupo de whatsapp e discordar do mesmo argumento em outro. E ninguém o cobrará pela incoerência. Na ação social, temos a substituição de movimentos sociais por mobilizações sociais
Prometi um fio sobre os como os eleitores brasileiros expressam grande desencanto com a política e o Brasil e uma possível revisão em relação à aposta na renovação política. Lá vai.
1) Nas eleições municipais passadas e na eleição de 2018, houve consenso entre analistas políticos que o eleitorado brasileiro se inclinava para a renovação radical como fator decisivo para seu voto. Daí a eleição de candidatos do Partido Novo e do PSL.
2) Conduto, uma análise mais criteriosa e apurada da renovação real na Câmara de Deputados indicava um índice muito baixo. A despeito da imprensa divulgar um percentual de renovação superior a 45%, minha equipe chegou a um índice muito menor: 17%
Bom dia. Hoje, vou retomar uma tese que defende há tempos: o fim do Senado no Brasil. São muitos países que possuem sistema unicameral. Segue o fio
1) Comecemos pelos países que possuem estrutura unicameral: China, Portugal, Suécia, Finlândia, Islândia, Dinamarca, Israel, Estônia, Croácia, Cuba, Venezuela, Peru, Equador, Angola, Líbano, Grécia, Guatemala, Honduras, Turquia, Sérvia, Hungria, Coreia do Sul, Ucrânia ....
2) No sistema bicameral tupiniquim, o Senado, em especial, possui uma lógica neopatrimonialista, tal como sugere Simon Schwartzman: a existência de uma racionalidade de tipo técnica onde o papel do contrato social e da legalidade jurídica seja mínimo ou inexistente.
Bom dia. Retomo o fio sobre o neopetismo, a queda de qualidade das direções petistas contemporâneas e a permanência do PT como partido âncora do sistema partidário brasileiro. Segue o fio.
1) No fio de ontem, procurei retratar como as direções petistas foram se afastando do projeto socialista, se tornaram pragmáticas e parlamentarizadas, perderam o foco na mudança da sociedade e na disputa de valores, se acomodando ao status quo e, daí, subordinadas ao marketing
2) Uma das características desta mudança profunda no perfil das direções petistas é a acelerada transição para o que a literatura especializada denomina de "partido cartel". Trata-se de partido que independe do eleitor ou da base social, vivendo dos recursos públicos
Prometi um fio sobre o neopestismo e o paradoxo entre o PT ter as piores direções de sua história e se manter como principal partido do sistema político nacional. Segue uma análise sobre este paradoxo
1) Começo explicando o que denomino de neopetismo. Trata-se da geração que emerge à direção do PT (e dos filiados) do pós-2002, ou seja, com o advento do lulismo. Gente que não vivenciou o período de adversidades e ataques da construção de um partido que se definiu socialista
2) Em relação aos dirigentes neopetistas, seu perfil passou a ser pragmático, marcado pela lógica rebaixada do marketing (que não se propõe a disputar, mas meramente absorver o ideário popular, mesmo que contrário à linha partidária) e "parlamentarizada"
Farei um breve comentário sobre a avaliação IBOPE sobre avaliação dos cidadãos de Belo Horizonte sobre os governos Bolsonaro, Zema e Kalil. Segue microfio
1) 74% dos moradores de BH aprovam o governo de Alexandre Kalil. O que Kalil tem de tão especial? Ele fez uma composição no governo que foi clássica no governo Sarney: nas políticas sociais, se apoiou na esquerda; em outras áreas, no centro. E assumiu uma postura firme e franca
2) Sobre o governador Zema: 33% de avaliação positiva e 26% de negativa. 37% acham sua gestão razoável. Uma avaliação que indica um governo morno, mais para medíocre (que está no meio, regular). Tem relação com a imagem simplória que ele plantou