O neoliberalismo se apoia na premissa de que o ambiente econômico pode ser recortado em fatias individuais sujeitas a um preço. O que superar os limites de um contrato, o Estado pode cuidar. Esta visão continuará tentando ampliar seu domínio sobre o coletivo. 👇
É uma guerra longa contra os resquícios imaginários da ameaça soviética. Por meio de privatizações, ou de sua variante adocicada (PPPs), esta "nova razão do mundo" vai ganhando espaço sobre o coletivo, prometendo purificar o que o Estado demonizado maculou: a eficiência! 👇
Seus tentáculos ousaram ameaçar o principal mecanismo de proteção contra a pandemia: o SUS. Bolsonaro é apenas o político funcional que faz o trabalho sujo desta insensatez coletiva. Ele recuou, mas não desistirá. O desmonte avançará sobre os "palácios do povo" 👇
Saúde, educação, meio ambiente, ciência e tecnologia, controle de epidemias, saneamento básico, Correios etc. são manifestações do espaço coletivo, terreno de externalidades mais ou menos individualizável. Os efeitos desta dimensão coletiva continuam afetando o individual. 👇
Depois o empresário reclama da falta de qualificação, da frequência das licenças médicas, da baixa produtividade e da dificuldade de aprendizagem produtiva. Emprega menos e paga menos impostos, sob a desculpa de não alimentar a corrupção. Imposto é, afinal, um roubo legalizado.👇
A verdade é que a elite não quer pagar pelo acesso do povo aos serviços "customizados" que condomínios e camarotes privados lhe garantem. Querem pagar pela Universidade apenas enquanto seus filhos estiverem lá. Gostam do SUS apenas qdo seu plano de saúde não cobre sua demanda.👇
A diferença na qualidade das instituições entre países desenvolvidos e atrasados reside também no espírito cívico de suas elites. Não é caridade, não é bondade. É inteligência, esta capacidade humana de "inter-ligar" aspectos que se escondem dos nossos cinco sentidos. 👇
As elites tendem a se transformar em plutocracias avessas ao que é coletivo. A dinâmica centro-periferia agrava a degeneração. As patologias que ocorrem no centro se transmitem à periferia com mais intensidade, tendo as elites por agentes transmissores. 👇
Há sempre alguma "filosofia de aluguel" que dá ordem e sentido aos impulsos mais primitivos da territorialidade que herdamos de nossa condição de mamíferos. O avanço do coletivo sobre o familial, o clã, a tribo gera ressentimentos nesta "memória biológica" mais restrita.👇
A civilização nos convida a encontrar formas de ampliar o espaço do coletivo dentro da nossa individualidade. A elites que deveriam dar o exemplo refugam perante esta porta estreita. Reproduzem no espírito a pobreza que amarga a vida material do povo.👇
Sua filosofia é a meritocracia com amnésia seletiva. Heranças de riquezas tangíveis e intangíveis são ocultadas em favor se a uma virulenta carga de fantasias mobilizando o que há de mais profundo no indivíduo: seu senso de realização pessoal.👇
Não surpreende a força que a escola austríaca vem ganhando. Ela dá estrutura analítica e verniz acadêmico e filosófico a quem desdenha de tudo isso qdo o conhecimento é aplicado ao que transcende a esfera individual. Pq Olavo é filósofo e professor se estes títulos são inúteis?👇
O coletivo enriquece nossas elites num plano espiritual superior (no sentido de Hegel): capacidade de compartilhar. Sozinhas elas não conseguirão. A força dos impulsos é dominante. Freud e Keynes mostraram diferentes dimensões deles. O Estado pode direcionar estes impulsos👇
A provocação sobre o uso do SUS pode invertida pelo espírito coletivo acima.
A regra: quem acha que não usa os benefícios do Estado não tem o direito de reduzi-lo, sufocá-lo ou minimizá-lo.
Pode continuar usando. A gente não se importa. Estamos nessa juntos.
Bom fds 😉
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Passei 2 anos lendo tudo que pude da escola austríaca. Com 3 gdes caixas de textos e livros, escrevi minha dissertação. Minha conclusão: a teoria perdeu validez qdo a sociedade de pequenos produtores em livre concorrência que ela retrata deixou de existir... já no séc XIX.
Isso não significa que não haja contribuições interessantes, como o triângulo de Hayek e a produção indireta de Bohm-Bawerk, a teoria dos preços e da evolução da moeda de Menger, e a teoria da firma de Israel Kirzner, dentre outros legados que o mainstream absorveu à sua maneira.
O curioso pra mim é que de td o que a escola austríaca produziu, os austríacos brasileiros (eu sei, eu sei) escolhem o que há de mais raso e panfletário. O sucesso deles no Brasil pode ser, ironicamente, explicado pelo viés ideológico que eles veem apenas nos detratores.
As crises sistêmicas estão exigindo maior protagonismo do Estado. A Reforma Tributária precisa ser ajudada por um adensamento tecnológico da matriz produtiva. Maior eficiência na não implica arrecadar o suficiente para lidar com os desafios climáticos e sanitários adiante. 👇
A Lei de Wagner aponta para um crescimento "quase natural" do peso do gasto do Estado no PIB, em função da prestação de serviços fundamentais cuja qualidade é menos sensível a melhorias tecnológicas do que bens manufaturados. Serviços são caros mesmo em qualquer lugar do mundo.👇
O predomínio de externalidades negativas como pandemias e as mudanças climáticas requer um deslocamento maior de fundos da sociedade para financiar de decisões coletivas de prevenção e de atendimento aos efeitos destas calamidades. 👇
Em 1850 os deputados brasileiros protegeram a riqueza fundiária das elites por meio das terras devolutas do Estado. Alegavam que ninguém trabalharia para eles se terras fossem distribuídas à população e aos imigrantes. Era preciso proteger sua riqueza. 170 anos mais tarde... 👇
A riqueza da elite é financeira e imobiliária. Sua proteção requer uma disciplina fiscal particular, que iniba o acesso do povo à riqueza coletiva: saúde, educação e infraestrutura públicas e, principalmente, a moeda estatal. O que ocorreria se esta riqueza for compartilhada? 👇
O principal efeito de uma democratização do orçamento público seria encarecer o preço do trabalho e diluir a riqueza da elite: 1) esta teria de pagar os tributos proporcionais à sua prosperidade relativa. 2) os filhos de diaristas e pedreiros teriam outras metas profissionais.
1- Os gráficos mostram maiores rendimentos associados ao rentismo cartorial (monopólio estatal) e o capital patrimonial de que falou Piketty (2014). A concentração dos rendimentos no poder judiciário evidencia a república de bacharéis que ainda caracteriza nossa sociedade.
2- Diferencial público-privado causa espanto e aguça rejeição a servidores públicos. Porém, quais são as causas do baixo avanço dos rendimentos do setor privado? A desigualdade de salários é imensa e, como @PSGala1 e eu discutimos em nosso livro, decorre da incapacidade...
Sai o marasmo da renda fixa; entram as turbulências diárias da renda variável! Com tanta liquidez, quem não aprender a nadar, vai sofrer!
Reportagem do FT sobre o novo momento da economia brasileira: inflação e juros baixos implicam uma mudança no financiamento do investimento.
Como mostra o gráfico a seguir, há muito recurso ainda a fugir dos baixos rendimentos da renda fixa (linha azul), conforme este títulos forem vencendo. O potencial de crescimento (linhas vermelha e azul clara) é enorme.
Os brasileiros já dominam o volume de ativos na B3, mostrando este deslocamento de recursos da renda fixa para a renda variável.