Já falei muito sobre o jogo de ontem lá no Telegram. Infelizmente não terei tempo para escrever aqui.
O resumo é: como sempre, pontos positivos e pontos negativos. Mesmo em jogos seguros, o Flamengo ainda tem falhas importantes que dificultam muito o jogo.
Obviamente, a grande preocupação continua sendo a defesa. Acho que um bom resumo é o último texto que publiquei antes do jogo.
Ontem, especialmente no primeiro tempo, a defesa até ficou menos exposta. Mas os erros de saída de bola levaram muito perigo...
O futebol é o "jogo de uma bola". Um erro capital tem um peso muito diferente do vôlei e do basquete, por exemplo.
Às vezes, uma única bola coloca tudo a perder.
Ontem, só no primeiro tempo, foram três
Erros técnicos parecidos com os que renderam gols ao Inter. O Fla precisa melhorar a saída, simplificar e errar menos. Todo mundo está vendo isso, quem está lá dentro vê também.
Mas nem sempre a solução é tão simples quanto "quebrar lá pra frente"
Bruno Henrique chegou ao Flamengo como aposta. Terminou 2019 sendo eleito o melhor jogador do Campeonato Brasileiro. Em um time cheio de estrelas em grande fase, há quem diga que foi o jogador mais importante do ano. De fato, não é nenhum absurdo.
Segue o fio aí…
Gerson ganhou o apelido de “coringa”, pela versatilidade demonstrada logo nos primeiros jogos, mas talvez a alcunha caísse ainda melhor em Bruno Henrique. Com Jorge Jesus, o atacante atuou consistentemente em cinco posições diferentes. Foi bem em todas!
O Mister variava bastante as formações entre os jogos e também dentro das partidas. Era comum começar com uma estrutura e mudar — às vezes mais de uma vez — o posicionamento durante os 90 minutos, mesmo sem substituições. BH era fundamental para isso.
A defesa do Flamengo vem mal e isso não é segredo para ninguém. Um time que pretende ser campeão não pode levar 25 gols em 19 jogos. Há muitas falhas individuais e muitos problemas coletivos. O sistema defensivo não se acerta.
Por quê?
Vamos a um breve mergulho...
É impossível desconsiderar o contexto atípico dessa temporada. Já sabíamos que seria um processo difícil, com pouco tempo, muitos jogos, muitas lesões, convocações, covid, verão e ausência de torcida. Uma receita inédita.
Isso tudo tornou o Campeonato Brasileiro, que já é meio maluco por natureza, ainda mais aleatório. Não parece ser coincidência que nesse ano tenhamos o “campeão do primeiro turno” com a menor pontuação neste formato de torneio.
Criticar as atuações individuais hoje é chover no molhado. Jogo terrível do Flamengo em todos os aspectos. Além dos muitos erros, um tanto de azar e coisas inexplicáveis como dois pênaltis MUITO mal batidos e assistência de goleiro.
Na verdade, acho que dá pra dividir o jogo em quatro momentos distintos.
Nos primeiros 15 minutos, o Flamengo foi superior, conseguiu manter a bola, controlar o São Paulo e variar a saída curta e longa. Abriu o placar merecidamente e continuou fazendo seu jogo...
Mesmo assim, um problema persistia. O mesmo problema de sempre. A compactação defensiva, é claro.
Quando não tinha a bola, o time subia para pressionar, mas a defesa não acompanhava ou até recuava. Ficava, como tem ficado, um buraco. A questão era o São Paulo saber explorar.
É claro que o pênalti consagra o goleiro, é a cereja do bolo.
Mas essa defesa aqui é a mais impressionante. É o que define Neneca com perfeição.
A primeira defesa é incrível. O reflexo, seriedade, precisão e explosão pro rebote são de outro mundo!
A maneira como ele reajusta constantemente o posicionamento é fenomenal. A cada movimento de um jogador do CAP, se recoloca e prepara para explodir.
Compare com Lomba. O goleiro colorado só se prepara para defender no último momento. Resultado: nem pula
Ele é muito grande, mas parece um grande boxeador, sempre com um jogo de pernas afiado, sempre calibrando a distância e perfeitamente atento a cada pequeno movimento do adversário. Tem um tempo de reação absurdo por isso.
Até aqui, uma trajetória absolutamente impressionante!
O Flamengo errou duas vezes na saída de bola, acabou cedendo dois gols ao Inter e despertou mais uma vez o debate sobre a saída de bola no futebol brasileiro.
Há quem ame, há quem odeie, mas minha sincera impressão é que daí nasce um debate que precisa ainda ser aprofundado.
Esse tipo de situação, a bola roubada lá na frente que gera perigo, não é novidade para o torcedor rubro-negro. A diferença é que nos acostumamos a ver o Flamengo do outro lado, sendo o time que faz a pressão e força o jogo a entrar em um ciclo perene.
Em 2019, isso era comum. Em 2020, o Flamengo se impôs contra o Corinthians, na semana passada, pressionando bastante no campo de ataque. Com um pós-perda muito organizado, o time parecia um enxame de abelhas. Apertava, recuperava e seguia atacando.