Artigo recente da Nature sobre distanciamento, reabertura e seu impacto. Leitura essencial, mas bastante complexo.

Vou tentar simplificar aqui.

nature.com/articles/s4158…
Grande banco de dados dos EUA.

Primeiros achados já foram demonstrados em dados alemães (science.sciencemag.org/content/369/65…). De qquer forma, importante validar:

O TIMING é tão importante quanto a intensidade do distanciamento (figura) e mais uma vez países erram atrasando intervenções. Image
*** A grande novidade que todo mundo pergunta: Onde é maior a chance de pegar COVID-19? ***
Epidemiologicamente, restaurantes, seguidos de academias, cafes e lanchonetes, depois hoteis e espacos religiosos. A medida não é por visita / pessoa, e sim reabrir vs. não reabrir. Image
Segunda coisa importante, abrir com redução de capacidade tem muito impacto. Se a capacidade máxima for de 20% o fluxo dos estabelecimentos cai 50% mas as infecções nestes locais caem 80% e a relação não é linear. Image
Terceiro achado que deve replicar muito bem no Brasil, a diferença no risco de contaminação de acordo com a renda é gigantesca, assim como a diferença racial (altamente correlacionadas). Na figura 10% mais pobres vs. 10% mais ricos, de 3 a 50x mais infecções. Image
Apesar de esperado, o estudo demonstra que este efeito $ e racial não tem nada de genético, a diferença existe pela capacidade de distanciar entres os grupos, renda baixa frequenta mais os locais de maior risco, além de circular mais em geral. Image
Ainda, o estudo mostra que com reabertura parcial a diferença entre os grupos $ persiste em todos os níveis de reabertura. Image
Minha interpretação:
1. Reabertura não é sim vs. não, tem timing, intensidade e forma.
2. Lugares de maior risco devem ser os últimos a reabrir.
3. A Abrir com capacidade limitada é essencial.
4. As diferenças socioeconomicas se explicam pela capacidade de distanciar.
Ou seja, existem forma inteligentes de se pensar na estratégia de reabertura, nem é fecha tudo para sempre, nem é gripinha, nem já acabou.

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12 Nov
Hoje fui procurado por muitas pessoas para comentar o aumento da ocupação de leitos. Achei que era um reflexo da reportagem da folha de hoje. Talvez não seja so isso, realmente estamos com sinais incômodos da progressão da pandemia, e não é so em SP.
Segue o que consegui.
A partir de 12/10 houve reversão de tendencia, parou de reduzir o numero de casos, internações e mortes e voltou a aumentar em vários locais.
Primeiro o que todos perguntaram, leitos privados em SP.
Clara revesao no meio de outubro. Banco limitado, mas sao 7 hospitais privados. Image
A ocupacao dos leitos municipais também mudou a tendencia, mas a queda mudou para estabilidade. Image
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23 Oct
The nitazoxanide randomized study advertised as a gamechanger by the Brazilian Ministry of Health is out as a preprint.
I have to say I am really disappointed.

Here is why

medrxiv.org/content/10.110…
TL/DR:
Not really blinded
Negative primary and secondary outcomes
Did not respect intention to treat
Large loss to follow up for a 2 week study (20%) (primary outcome 5 days
Inconsistent primary outcome fidings
No multiple comparison adjustment for 30 2a outcomes
The study is a "double-blind placebo controlled trial" of 392 outpatints with COVID-19 randomized to nitazoxanide or placebo.
Primary outcomes according to clinicaltrials.gov (NCT04552483) are Days with fever, cough and asthenia (3 separate ones)
Secondary outcomes: 30!!!
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27 Sep
#SegundaOnda, existe? esta acontecendo? Vai ser pior que a primeira?

Não existe uma definição objetiva para #SegundaOnda, mas é algo que pode ser definido visualmente.
De forma simplista, #SegundaOnda seria um aumento de casos após um controle inicial da epidemia.
O conceito de ondas vem da pandemia da Russia em 1889-92.
01/1890: primeira onda, durou 3 semanas
05/1891: segunda onda, durou 8 semanas e foi mais letal.
01/1892: terceira onda, durou 8 semanas, também mais letal.
1893: quarta onda.

sciencedirect.com/science/articl…
Muito mais clássica e conhecida, a gripe espanhola tem 3 ondas com a segunda onda muito mais letal que a primeira.

wwwnc.cdc.gov/eid/article/12…
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19 Sep
Uma das perguntas que mais me fazem é se o lockdown funciona. As pessoas pensam como algo binário, lockdown vs tudo normal. Aí comparam países como se fosse sim ou não. Nenhum país está completamente “normal”. A intensidade das medidas varia e tem muito mais. Segue:
Por exemplo, a polêmica Suécia que muitos colocam no não lockdown. Eles tiveram acertos e erros, como todos os outros. O maior acerto foi entender que a luta é uma maratona e não 100m rasos. Em maio o PM foi claro em dizer que não estava tudo normal google.com/amp/s/www.forb…
Sugiro também a entrevista com Anders Tegnell sobre a estratégia Sueca. Destaco: “it is not going to be a short-term kind of thing, ... we’re going to have to handle for a long time into the future and we need to build up systems for doing that” ft.com/content/5cc92d…
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7 Sep
Não me parece suficiente para dizer que acaba com a ideia de subdiagnóstico.
Vou responder aqui pois não cabe em um tweet.
Estamos contando mortes demais por COVID-19?
Num gráfico assim pode parecer que sim, mas sempre acho melhor ter cautela antes de concluir.
O registro civil tem atrasos importantes que chegam a meses em alguns estados. Em outros não é confiável. Idealmente ARPEN e DATASUS seriam iguais, como no RJ abaixo. Vários tem problemas de subcontagem na ARPEN, BH é o pior lugar, ver figura.
Fonte: princeton.edu/~fujiwara/pape… ImageImage
Se o número de casos tem atraso, o excesso (casos 2020 - 2019) tem o erro exacerbado por isso.
Exemplo, se 2019 tem 100000 óbitos, 2020 tem 110000, mas tem 5% atrasado o excesso cai de 10 mil para 4,5 mil. Se tínhamos 6 mil COVID-19 a relação vai de 0,6 para 1,33.
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24 Aug
Atualização da ocupação de leitos da cidade de SP. Após um aumento no começo de julho, voltamos a ter tendência de queda na ocupação dos leitos. A queda é lenta, gradual, porém persistente.
Leitos nos hospitais municipais, depois de chegarmos a quase 2000 leitos ocupados, agora estamos com 1000 leitos ocupados.
A variabilidade da para ver melhor com gráficos de delta. Ficou negativo (queda) no começo de junho, voltou a ficar positivo no começo de julho (aumento), novamente em queda e agora a redução de ocupação mais lenta.
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