Hoje fui procurado por muitas pessoas para comentar o aumento da ocupação de leitos. Achei que era um reflexo da reportagem da folha de hoje. Talvez não seja so isso, realmente estamos com sinais incômodos da progressão da pandemia, e não é so em SP.
Segue o que consegui.
A partir de 12/10 houve reversão de tendencia, parou de reduzir o numero de casos, internações e mortes e voltou a aumentar em vários locais.
Primeiro o que todos perguntaram, leitos privados em SP.
Clara revesao no meio de outubro. Banco limitado, mas sao 7 hospitais privados.
A ocupacao dos leitos municipais também mudou a tendencia, mas a queda mudou para estabilidade.
Curiosamente, a ocupação de leitos municipais de UTI tambem indica aumento. O mesmo eh visto no numero de pessoas em ventilação mecânica nos leitos municipais.
Chequei o site da seade e o padrão de novas internações na grande SP é o mesmo, claramente em aumento. Hoje foi o maior valor desde 30/09.
Para avaliar a consistência dos dados, chequei o numero de testes e a positividade dos RT-PCR no estado de SP. Como praticamente so testamos sintomáticos que procuram hospital, eles se correlacionam com o numero real de casos. Volta a aumentar na mesma data. (Site do governo).
Graças a ajuda do @jamus_marcelo achei a positividade mês a mês, persistentemente acima de 20%, quando o recomendado eh abaixo de 5%, sao muitos casos.
Na figura dados do Lutz central.
Em resumo, aumenta sim a ocupação de leitos privados, mas também muda a tendencia de ocupação de leitos públicos, UTI, uso de ventilação mecânica e numero de casos confirmados por RT-PCR na cidade e estado de SP.
Infelizmente não parece ser algo da cidade de SP.
Aumenta também em Sao Jose dos Campos.
Blumenau - SC.
A qualidade do dado eh muito boa, aqui casos ativos e positividade dos testes, nota-se claramente a correlação entre positividade e aumento de casos.
Mais discreto no ES:
Discreto aumento no PR, também a partir do 12/10.
Criciuma:
Jaragua do Sul - SC:
Porto Alegre - RS:
Fica muito claro que de12/10 para ca pioram as métricas na cidade e grande SP. Também pioram incidência de casos novos nos estados do ES, PR, SC e RS, alem do estado de SP.
Nao acabou nem esta sob controle, a transmissão progride mais devagar, mas ainda acelerando nestas regiões.
Agradeço ao @generosoMD que trabalhou mais que eu nestes dados. Também agradeço a todos que mandam voluntariamente dados de hospitais e cidades para auxiliar na analise.
O TIMING é tão importante quanto a intensidade do distanciamento (figura) e mais uma vez países erram atrasando intervenções.
*** A grande novidade que todo mundo pergunta: Onde é maior a chance de pegar COVID-19? ***
Epidemiologicamente, restaurantes, seguidos de academias, cafes e lanchonetes, depois hoteis e espacos religiosos. A medida não é por visita / pessoa, e sim reabrir vs. não reabrir.
The nitazoxanide randomized study advertised as a gamechanger by the Brazilian Ministry of Health is out as a preprint.
I have to say I am really disappointed.
TL/DR:
Not really blinded
Negative primary and secondary outcomes
Did not respect intention to treat
Large loss to follow up for a 2 week study (20%) (primary outcome 5 days
Inconsistent primary outcome fidings
No multiple comparison adjustment for 30 2a outcomes
The study is a "double-blind placebo controlled trial" of 392 outpatints with COVID-19 randomized to nitazoxanide or placebo.
Primary outcomes according to clinicaltrials.gov (NCT04552483) are Days with fever, cough and asthenia (3 separate ones)
Secondary outcomes: 30!!!
#SegundaOnda, existe? esta acontecendo? Vai ser pior que a primeira?
Não existe uma definição objetiva para #SegundaOnda, mas é algo que pode ser definido visualmente.
De forma simplista, #SegundaOnda seria um aumento de casos após um controle inicial da epidemia.
O conceito de ondas vem da pandemia da Russia em 1889-92.
01/1890: primeira onda, durou 3 semanas
05/1891: segunda onda, durou 8 semanas e foi mais letal.
01/1892: terceira onda, durou 8 semanas, também mais letal.
1893: quarta onda.
Uma das perguntas que mais me fazem é se o lockdown funciona. As pessoas pensam como algo binário, lockdown vs tudo normal. Aí comparam países como se fosse sim ou não. Nenhum país está completamente “normal”. A intensidade das medidas varia e tem muito mais. Segue:
Por exemplo, a polêmica Suécia que muitos colocam no não lockdown. Eles tiveram acertos e erros, como todos os outros. O maior acerto foi entender que a luta é uma maratona e não 100m rasos. Em maio o PM foi claro em dizer que não estava tudo normal google.com/amp/s/www.forb…
Sugiro também a entrevista com Anders Tegnell sobre a estratégia Sueca. Destaco: “it is not going to be a short-term kind of thing, ... we’re going to have to handle for a long time into the future and we need to build up systems for doing that” ft.com/content/5cc92d…
Não me parece suficiente para dizer que acaba com a ideia de subdiagnóstico.
Vou responder aqui pois não cabe em um tweet.
Estamos contando mortes demais por COVID-19?
Num gráfico assim pode parecer que sim, mas sempre acho melhor ter cautela antes de concluir.
O registro civil tem atrasos importantes que chegam a meses em alguns estados. Em outros não é confiável. Idealmente ARPEN e DATASUS seriam iguais, como no RJ abaixo. Vários tem problemas de subcontagem na ARPEN, BH é o pior lugar, ver figura.
Fonte: princeton.edu/~fujiwara/pape…
Se o número de casos tem atraso, o excesso (casos 2020 - 2019) tem o erro exacerbado por isso.
Exemplo, se 2019 tem 100000 óbitos, 2020 tem 110000, mas tem 5% atrasado o excesso cai de 10 mil para 4,5 mil. Se tínhamos 6 mil COVID-19 a relação vai de 0,6 para 1,33.
Atualização da ocupação de leitos da cidade de SP. Após um aumento no começo de julho, voltamos a ter tendência de queda na ocupação dos leitos. A queda é lenta, gradual, porém persistente.
Leitos nos hospitais municipais, depois de chegarmos a quase 2000 leitos ocupados, agora estamos com 1000 leitos ocupados.
A variabilidade da para ver melhor com gráficos de delta. Ficou negativo (queda) no começo de junho, voltou a ficar positivo no começo de julho (aumento), novamente em queda e agora a redução de ocupação mais lenta.