Ao acordar, o imperador recebeu de seu criado particular o telegrama que o Visconde de Ouro Preto havia enviado de madrugada, do Arsenal da Marinha a respeito da indisciplina do exército.
Mas isso não o incomodou o suficiente para decidir descer para a cidade naquele horário.
Seguiu o ritmo das suas manhãs indo para o seu banho nas Duchas na avenida Piabanha, esquina da rua Kopke. Seguia para lá com Mota Maia e o seu camarista, o conde de Aljezur. Depois, retornando ao palácio, passou pela estação da estrada de ferro.
Ali procurou averiguar se, caso fosse necessário, seria possível atrelar o vagão imperial ao próximo comboio que descesse para a capital em destino a estação de São Francisco Xavier. Diante da resposta afirmativa do chefe, seguiu para encontrar-se com a imperatriz. Iam junto à
igreja matriz antiga, hoje demolida, que ficava diante do palácio. Era dia da missa em intenção à alma de d. Maria II, que falecera naquela data há 36 anos.
Durante o ofício religioso, Cândido José Freire apareceu com o segundo e último telegrama de Ouro Preto. Ali, o imperador
era informando da queda do gabinete cercado pelas tropas de Deodoro no Quartel Geral do Exército. O imperador, imperturbável, continuou a assistir ao ofício religioso, mas deu ordens para que preparassem o coche e o trem. Na saída, tomou a imperatriz pelo braço e a avisou que
desciam naquela hora para a corte. D. Teresa Cristina ainda quis ir ao palácio pegar as suas joias, mas o imperador não permitiu.
João Duarte da Silveira lembraria, quarenta anos depois, do episódio que havia sido testemunha ocular. Em 1889, aos 24 anos, ele era um dos poucos
republicanos da cidade e trabalhava como despachante da antiga Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará. Ele, àquelas horas, já sabia do que acontecera no Rio, pois tinha amigos entre os republicanos que haviam tomado a central dos telégrafos na corte. Foi ele quem despachou o trem
que levou d. Pedro II para a sua última viagem ao Rio de Janeiro.
"Seriam dez horas quando um portador do palácio [...] chegou à estação com a requisição do trem. Dos funcionários da estrada nenhum deu maior importância do fato, exceto eu (...) que estava a par do que sucedia.
E eu próprio fiz a requisição do trem, que se encontrava na estação do Alto da Serra. [...]
O trem Imperial verdadeiramente não era digno deste nome. Era um carro salão vulgar, com cadeiras de espaldar e assento de couro, dispostas ao logo do carro, e com um avarandado simples.
Acompanhava-o sempre um carro de bagagem.
Após alguns minutos, modesto coche com molas de couro chegava à estação transportando diretamente da igreja os imperantes, ele de casaca e cartola e a imperatriz vestida sobriamente em traje escuro.
Eu me encontrava na plataforma e
presenciei toda a cena que passo a relatar ouvindo verdadeiramente consternado, apesar das minhas convicções republicanas o diálogo que se travou entre suas majestades. A imperatriz [...] demonstrava grande nervosismo, a torcer as mãos, exclamando por diversas
vezes:
- Está tudo perdido!
Ao que, em dado momento, respondeu o imperador:
- Não há de ser tanto assim. Senhora! Eu lá chego tudo se acomodará.
Apesar da firmeza com que o imperador se exprimia, lia-se na sua fisionomia um grande abatimento. Não era o mesmo homem que, dias
passados, tinha se dirigido á minha pessoa, pedindo, democraticamente, que fizesse o favor de o pesar, na mesma balança usada para as encomendas. Atendendo a sua majestade, naquele dia, verifiquei que, apesar de emagrecido, d. Pedro pesava 97 quilos.
Foi triste a última viagem
do imperador. A estação estava quase deserta. Nem pompas oficiais, nem clarins, nem personalidades... Ninguém sabia daquela viagem inesperada, que seria a última. [...]
No trem viajavam alguns empregados do palácio, poucos. A bagagem dos imperadores só seguiu no dia seguinte.
Nesse tempo, o trem seguia até Mauá, onde os passageiros eram obrigados a tomar barcas até o cais Pharoux. Nesse dia, porém, o imperador desceu em São Francisco Xavier. Se tivesse seguido por mar e se asilado em algum navio, talvez os acontecimentos tivesse tomado outro rumo.
Segundo relato do padre Belchior, parente dos irmãos Andradas, testemunha ocular dos acontecimentos de 7 de setembro, d. Pedro, além de cartas de José Bonifácio e de d. Leopoldina e da decisão da separação do Conselho de Estado, havia recebido mensagens também de Chamberlain,
diplomata inglês no Rio de Janeiro, a quem chamava de “espião”, e de d. João VI. Assim como d. Leopoldina, que se utilizava somente de pessoas confiáveis quando enviava suas cartas para parentes e aí sim desabafava sobre a vida no Brasil, pois tinha certeza de que, em primeiro
Depois de passar a colina da Penha, uma outra, mais ao longe, ostentava as torres de oito igrejas, dois conventos e três mosteiros. Passando pela Várzea do Carmo, um verdadeiro pântano onde hoje encontra-se o Parque D. Pedro II, Pedro I subiu a atual Rangel Pestana em direção ao
então núcleo urbano da cidade, desenvolvido ao redor do Colégio dos Jesuítas e confinado entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí.
Uma das primeiras coisas que D. Pedro deve ter notado foi a taipa paulista. Diferente dos nossos atuais arranha-céus, a morada paulista da época era
Se D. Pedro I impôs uma constituição ao Brasil por que não acabou com a escravidão?
Analisando a Constituição de 1823 e a de 1824 outorgada por D. Pedro I, vemos que a segunda era mais liberal em diversos pontos. Por exemplo #abolicao#monarquia#historia#Brasil#escravidao
qualquer comunidade não católica tinha direito de ter seu local de culto. Quanto ao quesito de direitos invioláveis das pessoas e propriedades, a Constituição de 1824 listava 34 pontos a respeito, enquanto que a de 1823 mencionava somente 6.
Um ponto deixado de fora e que
chama a atenção foi a questão da escravidão no Brasil, contra a qual D. Pedro I já havia se pronunciado. Com a oportunidade nas mãos de fazer algo, ele não apresentou nenhum artigo a respeito do assunto. D. Pedro teria sufocado os seus fortes sentimentos a respeito pois
D. Pedro II e o processo da abolição
Em 1866 d. Pedro II recebeu uma carta da Junta de Emancipação Francesa, o instando a libertar os escravos no Brasil. Alguns acreditam que só depois dessa carta é que o imperador se envolveu na causa #DomPedroII#abolicao#historia#cultura
mas as atitudes e medidas pessoais de d. Pedro a respeito da questão datam de antes da chegada dela carta.
Era comum o imperador escrever aos Presidentes do Conselho de Ministros, quando esses tomavam posse, informando o que ele esperava que o governo
fizesse. Em 1864, antes da eclosão da Guerra da Tríplice Aliança, nos seus “Apontamentos” para o então Presidente do Conselho de Ministros, Zacarias de Góis, o imperador mencionou a questão da libertação dos escravos, tendo em vista o que estava ocorrendo nos Estados Unidos,
A época em que à imprensa se respondia com a imprensa. Ataques contra d. Pedro II.
No início da década de 1860, surgiu na imprensa nacional diversos artigos contrários ao casamento da herdeira do trono com um príncipe português. #imprensa#DomPedroII#censura#LiberadeDeExpressao
Quarenta anos após a independência, a ideia de uma aproximação dinástica entre as coroa portuguesa e a brasileira causou asco. Os artigos, publicados no Jornal do Comércio no Rio de Janeiro entre 3 a 11 de janeiro de 1862 foram assinados sob o pseudônimo de Cévola.
Os ataques familiares deixaram o imperador contrariado mas não a ponto de tomar qualquer atitude. A era da pós verdade que o transforma em um ser despótico e absolutista claramente achará uma desculpa para coloca-lo nesse patamar, apensar da reunião dele com o presidente do
D. Pedro II e a escravidão.
Em meio as visitas de praxe, questões envolvendo a abolição e o tratamento dado aos escravos em São Paulo em 1886, chamaram a atenção do imperador durante sua passagem pelas cidades da província. #DomPedroII#escravidao#abolicionismo
Além de contribuir financeiramente para comprar alforrias e assinar os Livros de Ouro com os quais comitês abolicionistas o saldavam nas estações ferroviárias, aumentando ainda mais as dívidas da deficitária Casa Imperial, o imperador exerceu uma espécie de fiscalização.
D. Pedro II passou a conferir de perto como a polícia era usada pelos senhores de escravos. O jornalista Múcio Teixeira o acompanhou e deixou registrado em artigos enviados para jornais no Rio algumas cenas que presenciou.
Na cadeia de Taubaté o imperador viu um alçapão: