Thread by @leoffmiranda

Rony é o melhor jogador do Palmeiras, semifinalista da Libertadores.

É quem mais cresceu com Abel Ferreira, que melhorou o time no resultado, desempenho e nos detalhes.

Sim, detalhes, como a posição do corpo do Rony ao receber a bola, explicam essa crescente. Segue o fio 👇

Quando a gente assiste um jogo, por diversão ou não, é natural olhar só a bola. Ela é o centro do jogo! Valorizamos o que ele faz, como maneja e controla.

Mas lembrem: futebol é interação. Quem tem a bola depende de quem não a tem para o time continuar o jogo e chegar ao gol.

Vamos fazer um teste?

O que você espera desse lance aqui? Que o Veiga, que tá com a posse, faça algo de mágico: drible todo mundo, dê um super lançamento ou ao menos uma troca de passes rápida que torne o time bonito, certo?

Agora, se você olhar longe da bola, vai ver que o Rony e o Verón estão com o corpo em diagonal, virados para o gol e olhando para o Veiga.

Eles fazem isso porque estão se antecipando e colocando em prática o principal conceito tático de Abel Ferreira no Palmeiras: infiltrações.

Esse deslocamento de quem está perto do gol, na cola dos zagueiros e com cuidado para não ficar impedido, é o que faz a gente não saber dizer o que é o time do Palmeiras...não é time de posse como o São Paulo, nem é aquela verticalidade do Felipão.

É um time de infiltração!

E a consequência dessas infiltrações é que o Palmeiras fica direto. Rápido. Vertical. Três passes e tá no gol.

Porque quando é feita no timing certo, a infiltração dá uma opção de passe para quem está com a bola quase que na frente da defesa. Os zagueiros entram em pane!

E não é só o Rony que infiltra. É todo mundo. Porque todo mundo treina isso. Porque há trabalhos que estimulam os jogadores a olharem para lá longe no campo e darem corridas curtas. E a preparação faz piques curtos para prepará-los a executar o movimento.

Tudo conectado!

Tem dois gols do Rony que são puras infiltrações. O primeiro é o que fechou o caixão do Libertad.

Rony, sem saber se vai receber ou não o passe, coloca o corpo em diagonal e corre. Assim ele empurra a linha do Libertad para trás e abre espaço para a condução do Menino.

Quando a jogada se define, ele começa a infiltrar nas costas do zagueiros que ele mesmo empurrou para trás. Aproveita que o zagueiro tá olhando a bola e não conseguirá, por uma questão de visão periférica, atentar ao que acontece em suas costas.

Não subestimem os detalhes!

O outro gol é o GOLAÇO contra o Bahia. Você não verá o Rony no lance, só vai ver o zagueiro que ele deixou para trás fazendo uma infiltração super rápida.

Isso não apenas quebra a linha defensiva. Indica também onde é o melhor ponto futuro da bola para o companheiro. Interação!

Como o zagueiro ficou dividido, o Rony recebe a bola com mais conforto para pensar no que fazer. Com mais espaço para dominar.

TODO MUNDO tem um talento, escondido ou não, em si.

Esse talento depende DO TIME para aparecer.

Antes não aparecia. Agora o talento do Rony aparece.

Com Luxemburgo, Rony era muito mais um ponta de jogada pessoal, de receber a bola na ponta, partir para cima e fazer o cruzamento. É a dele também. Mas ele tinha que enfrentar a pressão de dois ou três, ficava inseguro e tentava tanto que errava muito. E a torcida sabia disso.

Bem verdade que essa mudança não começou só com o Abel. Ela também é fruto do Andrey Lopes, que tem três anos de Palmeiras. Conhece o clube.

Sabe que Verón e Rony rendem mais assim. Sabem também que Scarpa, Veiga e Lima podem crescer quando atuam abertos e flutuando por dentro.

Ter esse tempo de clube faz ele conhecer mais detalhes, pormenores e saber passar isso ao técnico. Tudo é processo. Cada vitória tem a colaboração de muita gente.
globoesporte.globo.com/blogs/painel-t…

Por isso é tão importante respeitar o tempo, o processo...e os detalhes.

São pequenas coisas, como uma simples posição corporal, que transformam um jogador como o Rony e mudam um time da água para o vinho como o Palmeiras, agora um dos quatro melhores times da América.