Esse artigo que escrevi com meu amigo @davidmagalhaes é um dos + importantes que escrevemos.
Nele, buscamos responder à seguinte pergunta: o que permitiu que populistas continuassem sendo populistas diante de uma crise sanitária, mesmo colocando em risco a saúde das pessoas? 👇🏼
Nossa resposta passa por 2 conceitos:
1) Populismo médico: uso de retórica divisiva p/reduzir responsabilidades durante a crise e transferi-las p/outros atores;
2) Ciência alternativa: rede de suporte ao populista que propõe soluções pseudocientificas c/verniz de legitimidade👇🏼
Analisando a promoção da cloroquina no Brasil e nos EUA, percebemos que Bolsonaro e Trump optaram por lidar com a crise não de forma abertamente negacionista, mas pretensamente científica, c/argumentos amparados por uma rede de médicos, jornalistas e influenciadores de direita👇🏼
A ciência alternativa foi a cortina de fumaça que permitiu aos populistas continuar politizando o debate sanitário e oferecendo soluções simples ao problema complexo da pandemia. Talvez isso explique o contínuo apoio de parte da população a políticas perigosas e irresponsáveis.
Para quem quiser ler o artigo completo (em inglês), na Revista de Administração Pública:
Primeiro, golpe simbólico: o bolsonarismo veio à sombra do trumpismo, imitou suas táticas, importou suas narrativas. Bolsonaro terá que se agarrar a outros referenciais daqui em diante.
Mas a maior vítima é a política externa 👇🏼
Já disse, aqui, que o comportamento irresponsável de Bolsonaro coloca o 🇧🇷 em posição de fragilidade.
Nenhum presidente deveria fazer campanha em eleições alheias. Isso é óbvio e está na CF-88.
Além de torcer pra Trump, comprou, sem ressalvas, a narrativa de fraude eleitoral 👇🏼
E a cereja do bolo é a demora em reconhecer a vitória do democrata, ao passo que praticamente todos os países já o fizeram - inclusive aliados 🇭🇺🇮🇳🇮🇱
A diplomacia é feita de sinalizações. Os democratas sabem que terão um presidente hostil e terrivelmente trumpista por aqui 👇🏼
Há 1 razão fundamental p/um presidente não fazer campanha p/outro, além do óbvio respeito à boa diplomacia: se a torcida der errado, colocam-se as relações bilaterais em risco.
Bolsonaro quis ser cabo eleitoral de Macri 🇦🇷, Bibi 🇮🇱 e Trump 🇺🇸. Ele não costuma dar muita sorte 👇
O + surpreendente é Bolsonaro dobrar a aposta, mesmo quando a estatística joga contra ele.
A implicância c/o governo "socialista" do país vizinho levou ao pior período das relações 🇧🇷🇦🇷 em 4 décadas.
O caso 🇺🇸 é ainda + estranho. Bolsonaro segue em campanha aberta por Trump 👇
Já seria suficientemente ruim se Bolsonaro tivesse se calado semanas atrás, quando disse que torcia por Trump.
Com a menção inédita e pouco elogiosa no debate à política ambiental brasileira, Biden deixou clara sua insatisfação com o Trump tropical.
Às vésperas da eleição norte-americana, possivelmente a mais decisiva da nossa geração, gostaria de (novamente) recomendar algumas arrobas que entendem MUITO do assunto e poderão ajudá-l@s a decifrar a loucura do sistema eleitoral e da política 🇺🇸 👇
Mais uma #UNGA , mais 1 discurso presidencial, mais 1 tonelada de matéria bruta para entendermos as narrativas políticas do governo.
Esse fio é pra comentar algumas (grandes) inconsistências do discurso de Bolsonaro, tão defensivo e quase tão agressivo quanto o do ano passado 🧵
"É uma honra abrir esta Assembleia c/os representantes de nações soberanas, num momento em que o mundo necessita da verdade p/superar seus desafios"
Era previsível que abrisse o discurso c/as 2 palavras + banalizadas desse governo: "soberania" e "verdade". Não significam nada.
"A covid-19 ganhou o centro de todas as atenções ao longo
deste ano e, em 1º lugar, quero lamentar cada morte ocorrida"
Finalmente ele lamentou "cada morte ocorrida" sem culpar governadores, imprensa ou o PT! Mas será que ele está falando das 971.879 no 🌎 ou das 137.445 do 🇧🇷?
Sou fã incondicional da música dos anos 80 - década em que o brega virou tendência, os sintetizadores ocuparam o lugar das guitarras e a bateria era de mentirinha.
Mas faço essa thread aleatória para falar de 1991, um marco absoluto da história do rock, em 10 pontos 📀🎸🎵:
1) Primeiro, o lado dramático: 1991 viu o último grande álbum de 1 gigante do rock clássico, Queen.
As maiores bandas dos anos 70 não sobreviveram à "década perdida".
Com Innuendo, Queen conseguiu 1 disco acima da média para a época.
E Freddie morreria em novembro daquele ano.
2) 1991 também foi o canto do cisne para o rock progressivo. Genesis, que passou por várias mutações depois da saída de Peter Gabriel, lança seu último disco c/Phil Collins.
Com sólida carreira solo entre o pop e o jazz, o baterista-vocalista tinha ficado maior que a banda.