Em 1969, a Chrysler revolucionou a NASCAR trazendo inicialmente o Dodge Charger Daytona e posteriormente o Plymouth Superbird. Dois dos carros mais icônicos que já passaram pela categoria. Conto a história nessa thread:
Em 1969, a Ford trouxe para a categoria o Torino Talladega, esse era uma evolução do Torino Cobra, que em 1968 tinha conseguido finalmente desbancar a Chrysler, que corria com o Dodge Charger R/T e o Plymouth Belvedere.
Foram 21 de 49 vitórias, sendo que 16 dessas vitórias foram do campeão, David Pearson, que terminou a temporada 126 a frente de Richard Petty “The King”, estrela da Plymouth. E o Talladega só vinha aumentar ainda mais o domínio da marca.
É preciso lembrar que existia outra marca da Ford Motor Company na categoria: a Mercury, que corria com o modelo Cyclone. E a rivalidade entre as duas grandes montadoras de Detroit era acirrada na época. Mesmo tendo outras marcas com menor participação na categoria
Ainda em 1968, a Chrysler contra-atacou no meio da temporada, lançando o Dodge Charger 500 e o Plymouth RoadRunner, esse primeiro acabou sendo uma versão modificada do Charger R/T, o 500 era por conta da quantidade necessária para homologação. De qualquer forma ambos fracassaram
Em 1969, a Ford lançou o Talladega, uma homenagem ao circuito recém-criado no Alabama, até hoje o maior oval do mundo. A Mercury trouxe o Cyclone Spoiler II. Ambos tinham uma frente mais aerodinâmica, o nariz era mais inclinado, o que diminuía significante a resistência do ar
Mas já no início do ano a Dodge anunciou o corrente revolucionário, o Charger Daytona para o meio da temporada, uma homenagem ao circuito mais tradicional da NASCAR. Esse foi o primeiro carro americano desenvolvido em túnel de vento e com suporte computacional
Richard Petty, estrela da Plymouth, se animou com a ideia, após ver um desenho do Dodge na Daytona 500 daquele ano. Ele fez questão de ligar para seu pai para perguntar se a montadora também iria ter uma versão igual a da marca irmã
Porém ao receber a noticia que a Plymouth não teria um carro igual, Petty se irritou a abandonou a marca de qual era garoto propaganda, com apenas duas corridas na temporada. Agora o maior astro da época estaria na Ford, e isso foi um duro golpe para a Chrysler
A versão Chcarger Daytona ganhou 25 polegadas a mais na frente, com um bico pontiagudo, na traseira um aerofólio imponente, que era menor, mas foi ajustado em testes no Michigan, com Bobby Isaac, estrela da marca, testando o protótipo
O motor era o Chrysler Hemi 426, um motor potente de 426 polegadas cubicas, 7.0 convertendo para litros, com 8 cilindros em V. Ele tinha 425 cv em 5000 rpm e 664 N.m de torque máximo, a 4000 rpm.
Foram produzidos apenas 503 unidades da versão de rua, para homologação, esse contava com motores Hemi em apenas 70, as outras eram equipadas com motores Magnum 7.2 V8, esse apesar de ser maior que o Hemi, era menos potente, chegava a apenas 375 cv
Ele contava com cambio manual de 4 velocidades. A estreia do Charger Daytona foi exatamente na pista que dava o nome ao carro da grande rival: Talladega, o impressionante foi que o carro chegou a 322 km/h, uma grande marca até então inimaginável para a época
Richard Brickhouse que pilotava o carro 99 ganhou a prova, depois disso foram mais seis vitórias nas dez últimas etapas. O Charger Daytona era realmente um carro muito imponente e revolucionário para aquela época
Mas foi insuficiente para buscar o título naquele ano, David Pearson da Ford venceu o campeonato com 4170 pontos, contra 3813 do vice, Richard Petty. E falando em Petty, a Plymouth queria recuperar o Rei, e resolveu mudar de ideia e apostou no mesmo conceito do Charger Daytona
Para isso ela pegou o RoadRunner, fez modificações, aumentando a dianteira em 19 polegadas , com um bico pontiagudo mais refinado e um aerofólio traseiro maior e mais inclinado que o Daytona. Com isso, ela conseguiu trazer seu garoto propaganda de volta para casa
O carro foi batizado de Superbird (Super Pássaro), já que RoadRunner se refere ao pássaro com nome científico de Geococcyx californianus, mais conhecido no Brasil como Papa-léguas, aquele mesmo do desenho, que na vida real consegue correr a 30 km/h, com apenas 56 cm de altura
O Superbird teve 2.783 unidades produzidas para a rua, mais de cinco vezes a quantidade do Charger Daytona, a nova formula da NASCAR definia a quantidade de unidades por uma nova formula. Desses 135 contavam com motores Hemi, igual a versão de corrida.
A temporada de 1970 foi um sucesso para a Chrysler, foram 36 vitórias contra 10 da Ford. O Superbird venceu 21 vezes e o Charger Daytona 17. Petty venceu 18 vezes, mas teve 11 abandonos, o que deixou ele apenas em quarto no campeonato.
O campeão foi o número 71, Bobby Isaac, da Dodge, com 11 vitórias. Bobby Allison também da Dodge foi vice-campeão, com 3 vitórias. O terceiro foi James Hylton da Ford, com apenas 1 vitória.
A NASCAR acabaria com a ideia dos carros aerodinâmicos, com a introdução de uma regra que limitava modelos assim a motores de apenas 3.5 litros, para 1971. O que fez Ford e a Chrysler desistirem. Até por isso foram carros que se limitaram a ser produzidos apenas de 1969 até 1970
Em 1971, o campeão da temporada de 1970 levou o Charger Daytona a Bonneville, um deserto de sal localizado em Utah, ele conseguiu a velocidade de 350 km/h aproximadamente, sem nenhuma modificação para ter mais velocidade.
Hoje em dia é muito difícil de se ver um Charger Daytona a venda, mas Superbird existem, nenhum por menos de 100 mil dólares (515 mil reais na cotação atual).
O Superbird nunca teve outras versões. A Plymouth encerrou suas atividades em 2001.
Já o Charger Daytona teve novas gerações, a segunda foi produzida de 2003 até 2006, a terceira em 2013, e a quarta em 2017 e voltou a ser produzido em 2020, em edição limitada
Mesmo que não tenha sido campeão com o Superbird, Richard Petty escolheu ele para o representar no filme "Carros", com o nome de Strip Weathers. Que assim como ele na vida real, ganhou sete campeonatos.
Uma curiosidade que em três países ele foi dublado por outros pilotos: na versão alemã por Niki Lauda, na versão dinamarquesa pelo nove vezes campeão de Le Mans, Tom Kristensen e na versão finlandesa, por Mika Hakkinen.
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Há exatos 85 anos, nascia Lorenzo Bandini, piloto italiano que teve uma grande passagem pela Ferrari, em uma época aonde as corridas de endurance eram os eventos principais, infelizmente acabou morrendo muito jovem em um acidente em Mônaco, eis a thread:
Para quem assistiu Ford vs. Ferrari, Bandini foi grande rival de Ken Miles na disputa das 24 Horas de Le Mans de 1966, até seu carro quebrar, a história é até interessante, mas infelizmente fictícia, já que a Ferrari de Bandini nem chegou perto de ameaçar os carros da Ford
Bandini nasceu em uma cidade da Líbia chamada Al Marj, na época uma colônia da Itália, já muito jovem se mudou para Itália, na pequena cidade de Brisighella. Ele perdeu seu pai com apenas 15 anos, começou como mecânico, teve passagem pelas motos, mas se encontraria no Sportscar
Há exatos 10 anos, Sebastian Vettel conquistava seu primeiro título mundial, no GP de Abu Dhabi. Na temporada mais disputada da história da F1, onde quatro pilotos chegaram na última etapa com chance de título. Conto a história nessa thread:
Durante a temporada de 2010, Hamilton, Alonso, Webber, Button e Vettel disputaram o título, desses cinco, apenas Button chegou a Abu Dhabi sem chance de conquistar o campeonato
Pelo lado da Red Bull, Vettel e Webber fizeram uma temporada disputadíssima.
Vettel sofreu com três problemas mecânicos: no Bahrein, Austrália e Coréia, o que lhe custou 63 pontos, e se envolveu em dois acidentes evitáveis: na Turquia com Webber e na Bélgica com Button. Foram 4 vitórias e 10 pódios. Ele chegou na última etapa com 231 pontos, em 3° lugar
O Toyota TS020, mais conhecido como GT-One, foi o modelo da marca japonesa que levou o conceito de achar brechas no regulamento ao extremo. Conto a história do projeto feito para vencer as 24 Horas de Le Mans nessa thread:
Nunca foi segredo que para as marcas japonesas, vencer Le Mans era o objetivo principal no automobilismo. Nissan e Toyota tentavam a tão sonhada vitória desde os anos 80. Mas sem carros competitivos com Porsche, Sauber-Mercedes e Jaguar.
A Toyota não abandonou a categoria mesmo em um momento de crise. Mesmo em 1992, Quando o WSC (WEC) acabou. A Toyota bateu na trave em 1992 e 1994, sendo segunda em ambos. Em 1995, a Toyota entrou na Classe LMGT1, através da SARD.
Muitas vezes quando um carro de F1 é muito ruim, é comum falar que ele é um trator. Mas na Rothmans 50000 de 1972, Se teve talvez a corrida prelimitar mais excêntrica de todas, uma verdadeira corrida de tratores. Conto a história desse fato inusitado nessa pequena thread:
Como quase tudo no automobilismo, isso envolveu um fator marketing, vindo da Ford. Os tratores da marca americana eram bem populares no território britânico. A Rothmans 50000 não foi uma prova oficial, foi promovida pela própria marca de cigarros e realizada em Agosto de 1972
A corrida foi em Brands Hatch, aonde se tinha uma forte presença de agricultores, a Ford se aproveitando do fato resolvendo apresentar seu novo modelo: Ford 5000, fazendo uma corrida de 10 voltas, eram 12 pilotos, ou até mais, os nomes que se tem certeza que correram foram:
Ontem fez 12 anos que Lewis Hamilton conquistou seu primeiro título mundial, em uma temporada cheia de reviravoltas e com um final cinematográfico. Conto a história da F1 em 2008 nessa thread:
A F1 vinha de uma temporada conturbada, Kimi Raikkonen da Ferrari era o atual campeão, em um final surpreendente. Hamilton estava 17 pontos a frente do finlandês faltando duas corridas, e ele conseguiu tirar essa diferença
A McLaren foi excluída dos construtores, após um escândalo de espionagem que envolvia a Ferrari ser revelado, o pivô da revelação foi Fernando Alonso, que estava inconformado com seu tratamento no time, pois queria preferencia.
Toto Wolff sair da Mercedes seria algo complicado, ele foi fundamental na manutenção do corpo técnico, pegando pessoas da Ferrari (depois de serem demitidas) e não deixando ninguém sair para adversários fortes, como foi o caso de Aldo Costa e Lowe.
James Allison, atual DT e Lorenzo Sassi atual gerente de motores vieram da Ferrari, que por sua vez sofreu com uma má administração de Sergio Marchionne nessa questão, ele nunca devia ter se metido. Ele queria implantar uma estrutura mais horizontal.
Depois de sua morte, Camilleri mudou essa politica. As mudanças na estrutura da Ferrari já são significativas, voltando para uma estrutura mais vertical. Uma equipe de F1 precisa de estabilidade e trazer grandes nomes.