Cientificamente, é sempre difícil estabelecer um nexo etiológico entre 2 eventos. Afirmar que feminicícios aumentam ou diminuem em função de X ou Y é o que, na ciência, chamamos de hipótese.
É fácil levantar hipóteses. Difícil é testá-las e comprová-las, com rigor metodológico.
É fácil levantar hipóteses. Difícil é testá-las e comprová-las, com rigor metodológico.
https://twitter.com/Larissa__Pinho/status/1344259892991942659
• Para um armamentista de direita, armas diminuem feminicídios
• uma feminista de esquerda (aliás, segundo a Professora Lola Aronovich, isto é um pleonasmo) responsabilizaria o patriarcado
• Um psiquiatra forense poderia falar em psicopatia ou esquizofrenia paranoide
• uma feminista de esquerda (aliás, segundo a Professora Lola Aronovich, isto é um pleonasmo) responsabilizaria o patriarcado
• Um psiquiatra forense poderia falar em psicopatia ou esquizofrenia paranoide
• Um sacerdote eclesiástico talvez apontasse a "falta de Deus" ou até mesmo possessão demoníaca.
• Um pedagogo poderia depositar suas expectativas na Educação como instrumento emancipatório.
• Conservadores, no recrudescimento da lei penal e na atrofia das garantias.
• Um pedagogo poderia depositar suas expectativas na Educação como instrumento emancipatório.
• Conservadores, no recrudescimento da lei penal e na atrofia das garantias.
Mesmo em um único ramo do saber, não haveria consenso. O ponto de vista de Michel Landry, notável Professor de Perícia Médico-Psiquiátrica em Paris, certamente destoaria de Guido Palomba, um dos mais experientes psiquiatras brasileiros.
Existe uma verdade incômoda e constrangedora sobre crimes e criminosos. É difícil saber, ao certo, as motivações de um delito. A Criminologia se ocupa disso e os milhares de estudos empíricos são controversos.
Arrisco o palpite de que simplesmente ainda não sabemos.
Arrisco o palpite de que simplesmente ainda não sabemos.
Há alguns dados curiosos. Tocantins e Amazonas são estados menos desenvolvidos do que São Paulo. Talvez até mais patriarcais. Neles, há menos feminicídios que em São Paulo.
Alagoas, por sua vez, tem muitos feminicídios. Acre também. Há algo a ser decifrado?
Alagoas, por sua vez, tem muitos feminicídios. Acre também. Há algo a ser decifrado?
Na minha profissão, vi de tudo.
Por exemplo, agricultores analfabetos, extremamente machistas e possessivos, que jamais matariam alguém.
Mas vi também pessoas com este mesmo perfil que eram perigosíssimas: uma bomba-relógio para suas companheiras.
Por exemplo, agricultores analfabetos, extremamente machistas e possessivos, que jamais matariam alguém.
Mas vi também pessoas com este mesmo perfil que eram perigosíssimas: uma bomba-relógio para suas companheiras.
Em 2020, as pessoas estão absolutamente contaminadas pela polarização político-ideológica. Isso prejudica qualquer análise séria e sóbria, inclusive nos domínios criminológicos.
Exemplifico.
Exemplifico.
Em 1999, um estudante de Medicina entrou em um cinema com uma metralhadora e matou pessoas. Na época, as pessoas se perguntavam por que isso ocorreu. Hoje, elas se perguntariam em quem ele votou.
Ingenuidade.
Pra Lombroso, o crânio. Pro brasileiro de 2020, a urna.
Ingenuidade.
Pra Lombroso, o crânio. Pro brasileiro de 2020, a urna.
É preciso pesquisar. Políticas públicas dependem de dados íntegros, atualizados e confiáveis. Mas, sobretudo, é preciso AGIR.
Humildemente, eu diria que não sei por que feminicídios ocorrem desta maneira e gostaria de descobrir. Tenho algumas poucas certezas.
Humildemente, eu diria que não sei por que feminicídios ocorrem desta maneira e gostaria de descobrir. Tenho algumas poucas certezas.
Quando se trata de feminicídio, é esta imagem que se me afigura: o pai que vela o corpo da filha, imortalizada pelo pincel do artista polonês Jan Alojzy Matejko.
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