Você já parou para pensar como que técnicos, analistas e jogadores trabalham for do jogos?
Como que é o dia-a-dia quando ninguém está vendo?
O técnico Maurício Barbieri eu uma pista dessa rotina: é feita de estudo e treino visando unicamente uma coisa: a vitória. Segue o fio 👇
Todo mundo no futebol quer vencer. Não existe uma única alma que não se empenhe ou entre em campo para perder.
Vencer é o que nos move. Todos querem, só que só tem pra um time.
Então o que resta é tentar. Chegar perto. Fazer o máximo para alcançar os três pontos.
O futebol não seria apaixonante se ele não fosse tão subjetivo assim. No fim você não tem muita fórmula ou jeito de fazer as coisas certas. Você tem que unicamente tentar.
E uma das formas de tentar é estudar o adversário e procurar, antes do jogo, formas de vencê-lo.
Começa aí o trabalho invisível no futebol: ver jogos.
Reprises, lances de bola parada, gols....muita gente vê o mesmo jogo para tentar procurar algo, um caminho, uma brecha que seja para vencer o adversário.
O que é um padrão? É algo que se repete. Algo feito sempre, não importa a consequência.
No caso do RB Brasil, Barbieri disse no Seleção SporTV, respondendo ao PCV, que o São Paulo concentra muita gente no setor de bola e que começou aí a pensar a estratégia pra partida.
Esse padrão foi identificado porque, enquanto o RB jogava ou viajava, um monte de gente já pensava no São Paulo. Os analistas viram vários jogos e identificaram essa concentração ao setor da bola como algo que se repetia.
Contra o Flu, por exemplo, aconteceu no primeiro minuto.
E voltou a acontecer aos 11 minutos.
Aconteceu o jogo inteiro. Logo, é um padrão. Uma repetição.
Identificar padrões não tem nada a ver com ver a eficácia deles....um time pode ter um padrão de jogo e ainda assim jogar mal. O maior exemplo disso é o Flamengo do Rogério Ceni.
O trabalho é identificar padrões para entender como anulá-los. Se o jogo é caótico, então a repetição coletiva é o que há de maior valioso para controlar aquele jogo.
No caso do RB, anular essa concentração do São Paulo anularia a posse de bola bem trabalhada do Diniz.
Essa é a primeira parte do trabalho. A segunda parte é elaborar o treino para anular o padrão.
Há várias formas de fazer isso, e o próprio Barbieri disse que executou a proposta do RB em dois treinos: um sem adversário (treino fantasma) e outro com adversário (o coletivo).
No treino fantasma, os jogadores foram dispostos no campo, a bola foi colocada no lugar e provavelmente o técnico explicava como queria o time posicionado.
"Se a bola estiver no lado, os seis do meio-campo têm que encurtar e ir para aquele lado".
Seria muito simples se fosse assim. Basta distribuir colete, falar o que fazer e pronto, o time venceu!
Não é assim por um motivo: entra a variável humana no jogo. Não basta falar o que precisa ser feito. É preciso convencer. Treinar. Estimular. EXECUTAR.
Por isso o que ganha jogo não é ideia...é a execução.
A ideia do RB contra o SP, de anular a saída de bola, é excelente. Outros times fizeram a mesma coisa e não tiveram sucesso. O que muda é o trabalho, nos poucos dias de treino, para pegar do papel e colocar nos jogadores.
A execução do RB foi tão boa que eles, de fato, exerciam essa superioridade numérica com seis jogadores na saída do São Paulo, anulando um dos principais padrões do Diniz.
Mas quando falamos em execução, falamos também em identificar cenários e se adaptar.
O RB só pressionava na frente quando um dos zagueiros ou laterais tinham a bola. Se ela caía com Daniel Akves ou Tchê Tchê, o time imediatamente recuava.
Aqui o vence a pressão e toca pro Dani. O RB não pressiona, recua e se posiciona no bloco defensivo.
Sabe por que isso? Porque Barbieri não queria correr o risco de pressionar um jogador como Dani Alves, que sabe passar a bola pressionado ou não, que gira muito bem, que acha soluções no jogo.
Em suma, ele não queria que o talento do Dani deixasse a equipe dele desprotegida.
Então a pressão era só em quem não tinha tanto esse talento, como Igor Vinícius. Tinha que criar superioridade sim, mas só em quem as chances de perder a bola eram maiores, como aqui, que o lateral recebe e o RB já sobe todo para neutralizar a saída.
O Igor dá um passe mais lento ao jogador de meio, que é imediatamente pressionado. Sem tempo para dominar e girar, ele perde a bola e Claudinho faz o gol.
E o RB tem seis jogadores contra cinco do São Paulo...
Olha o nível de detalhe e de situações que o treinador pensou com sua comissão nas semanas antes do jogo e quebrou a cabeça para montar num treino...
Estamos falando do RB porque deu certo.
Mas TODOS os técnicos no mundo têm essa mesma rotina. Todos os analistas de desempenho.
Aconteceu o mesmo com o Palmeiras contra o River: tudo o que Abel e sua comissão pensou deu certo na Argentina. A linha de cinco defensores para neutralizar a concentração na entrelinha do River, como expliquei aqui. globoesporte.globo.com/blogs/painel-t…
O trabalho de todas as comissões no mundo é mais ou menos parecido. Os analistas trabalham muito. O técnico tá sempre de cabeça quente. A imprensa tá sempre em cima. O torcedor tá sempre pressionando.
O que muda são os detalhes que levam ao resultado. E o resultado em si...
Se o RB não fizesse os gols, não estaríamos falando da pressão. Mesma coisa do Palmeiras.
Penso que nem cá, nem lá. Futebol é resultado sim, não tem como separar. Mas tem como explicar como os times chegam a esse resultado.
E essa explicação está em campo.
Por isso é tão importante ver cada vez mais o que acontece em jogo e não nessas narrativas malucas e comparações bestas que transformam futebol num reality show.
Tudo gira em torno do jogo.
Da faxineira ao técnico, do jogador ao presidente: o jogo é o que existe. Falemos dele.
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Quando um time joga mal, um clichê comum é dizer que "falta padrão de jogo". Que o time é uma bagunça.
É o que acontece no Flamengo.
Mas não é pelo tal do padrão. O Flamengo tem uma ideia de jogo, até que bem clara. Só que ela não tá sendo executada como deveria. Segue o fio👇
Primeiro de tudo, o que é esse tal de padrão de jogo?
Diz o dicionário que o termo "padrão" significa "Aquilo que serve para ser imitado como modelo; protótipo".
Logo, padrão é algo a ser seguido. Algo para se espelhar e REPETIR ao longo do tempo.
Padrão é algo para você se basear.
Um padrão de jogo é um posicionamento ou movimentação que os jogadores devem seguir nos momentos do jogo (ataque, defesa, transição) para todo mundo chegar no mesmo objetivo: a vitória.
Como você lida com as coisas: impõe seu jeito ou se adapta à situação?
O Palmeiras se adaptou.
E saiu da Argentina com uma vitória construída a partir de um ajuste de Abel Ferreira: uma linha de cinco defensores.
Como Abel chegou nessa ideia? Por que deu certo? Segue o fio 👇
Quando você procura se adaptar às situações da vida, o mais importante é ler bem o momento. Entender o adversário e mapear seus pontos fortes e fracos.
Analisar.
Esse jogo não começou ontem. Começou nas reprises que Abel Ferreira e sua comissão assistiram nos últimos dias.
Nas reprises, Abel viu que o River tem um ponto muito forte. Um mecanismo que cria diversas situações de gol.
São as tabelas por dentro. Ignazio, Suárez, Borré, De La Cruz e Carrascal jogam próximos, tocam rápido e giram para tirar um zagueiro de lugar e abrir espaço na área.
Rony é o melhor jogador do Palmeiras, semifinalista da Libertadores.
É quem mais cresceu com Abel Ferreira, que melhorou o time no resultado, desempenho e nos detalhes.
Sim, detalhes, como a posição do corpo do Rony ao receber a bola, explicam essa crescente. Segue o fio 👇
Quando a gente assiste um jogo, por diversão ou não, é natural olhar só a bola. Ela é o centro do jogo! Valorizamos o que ele faz, como maneja e controla.
Mas lembrem: futebol é interação. Quem tem a bola depende de quem não a tem para o time continuar o jogo e chegar ao gol.
Vamos fazer um teste?
O que você espera desse lance aqui? Que o Veiga, que tá com a posse, faça algo de mágico: drible todo mundo, dê um super lançamento ou ao menos uma troca de passes rápida que torne o time bonito, certo?
É o que separa a atuação do São Paulo contra a LDU, que custou vaga na Libertadores, do 4 a 0 no Botafogo que reforça a liderança do Brasileirão.
O elenco é o mesmo, o técnico é o mesmo....
Sabe o que mudou?
O tempo. Logo ele, que teimamos desrespeitar. Segue o fio👇
Para muitos, futebol é um exercício simples onde 22 pessoas chutam uma bola até fazer o gol. Então basta contratar as melhores pessoas em cada tarefa dentro de campo (que são as posições), juntá-las e pronto! O time vence. Não é errado pensar assim, parece uma conclusão lógica.
Só que precisamos lembrar que o futebol é uma atividade humana. Seria muito mais fácil se não tivessem pessoas na equação, com suas diferenças, visões e mentalidades diferentes. Então não basta simplesmente juntar os bons. É preciso que eles formem um time.
A expectativa não foi exatamente cumprida de imediato. Rogério perdeu três clássicos em quatro meses com o Fortaleza, sendo dois deles na final do Cearense de 2018.
A torcida pediu a imediata demissão de Rogério, chamado de estagiário e inexperiente.
Hoje é a 1º vez que técnicos portugueses se enfrentam no Brasileirão.
Para muitos é uma prova de como os brasileiros estão defasados...
Não é isso. Ninguém tá olhando para o que importa: educação. Nacionalidade não torna ninguém melhor. Ter lugar pra estudar sim. Fio👇
Você já parou pra entender como um país tão pequeno que é possível percorrê-lo de costa a costa em 4 horas e com pouco mais de R$ 10 milhões de habitantes (menor que São Paulo e Rio de Janeiro) exporta técnicos tão bons ao mundo?
Bom, tudo começa numa viagem em 1935.
Cândido Oliveira, membro da comissão técnica da Seleção na época, queria melhorar o time para classificar os portugueses para a Copa de 1938.
Ele viajou para Londres para um estágio no Arsenal, onde não chegou a trabalhar com Herbert Chapman, mas viu todo seu legado.