Reclama da cloroquina, mas acha que existe "alopatia". Estamos de olho.
Explicando: a divisão "homeopatia" vs "alopatia" foi inventada pelos homeopatas para tentar diferenciar "cura pelo semelhante" e "cura pelo oposto". Mas a medicina moderna nunca se baseou em "cura pelo oposto", o termo "alopatia" é completamente vazio de significado. 👇
Os dois princípios basilares da medicina moderna são éticos: o da beneficência (fazer o bem) e não-malevolência (procedimento não pode fazer mal injustificado ao paciente ou outros). Medicina Baseada em Evidência é só um jeito sistemático de descobrir o que faz bem e quanto.
Isso faz a medicina moderna muito pragmática. Não só não exige "cura pelo oposto", como não exige sequer conhecimento dos pormenores dos mecanismos de causa e efeito de todo tratamento. Há tratamentos recomendados e aprovados que nem se sabe explicar exatamente como funcionam.
Assim, "homeopatia" tem como referente tentativa de "cura pelo semelhante" uns defendem, mas até hoje sem eficácia em estudos clínicos. Já "alopatia" não tem referente, princípio alegado não é defendido. Medicina moderna aceitaria homeopatia - se ela demonstrasse que faz bem.
Em resumo, aceitar que existe "alopatia" já é conceder demais aos homeopatas. Se as concentrações usadas nesses remédios funcionassem seria uma revolução na física e na química, mas se mostrassem que faz bem a medicina aceitaria antes da física ou da química. Não mostraram.
Quem quiser saber mais, agência nacional de saúde e medicina australiana fez uma revisão sistemática de literatura com mais de 1.800 estudos sobre eficácia da homeopatia e concluiu que não existe condição médica para a qual ela seja recomendada. nhmrc.gov.au/about-us/resou…
Correção: quando falei "os dois princípios basilares" pode ter dado impressão que são só 2, mas não. Destaquei os mais relevantes para o tópico. Artigo sobre: bmj.com/content/309/69…
Governo Federal @govbr emitiu uma nota oficial "explicando" por que não fizeram acordo com a Pfizer. Segue ponto a ponto as mentiras, erros lógicos, falta de bom senso, omissões e crimes dessa grande FARSA dessa nota. Segue o fio👇
Logo de início somos brindados com uma hipocrisia sem igual. Governo alega que chegariam poucas doses com acordo da Pfizer e isso geraria frustração. Bem, É ÓBVIO que sem acordo teremos AINDA MENOS DOSES. É ridículo acharem que isso é motivo razoável! gov.br/saude/pt-br/as…
Agora começa a nova das "cláusulas abusivas" que o governo tem reclamado sempre que pressionado. Vamos ver o que eles dizem...
A história de laboratórios de vacinas Covid buscando não se responsabilizar por efeitos adversos deixou muitos com pé atrás. Parece suspeito, mas é só complexo. Escrevi longo texto no @JotaInfo explicando por que você não precisa se preocupar. Quer entender rápido? Segue o fio 👇
O 1º ponto a saber é que a não-responsabilização por efeitos adversos raros não é novidade das vacinas novas. Na verdade, essa regra já vigora para todas as vacinas em países desenvolvidos há décadas. Brasil, países pobres e em desenvolvimento é que ainda têm regulação antiga.
À primeira vista parece algo contra intuitivo ou até absurdo, porém há boas razões para ela existir. Vamos entender as razões para essa cláusula. Para isso precisaremos de um pouco de direito, economia, estatística e também de história.
Em economia temos conceito de bem comum, que é um bem rival e não-excludente. Exemplo: vagas na rua. Vacinas não são bem comum porque são excludentes. Se elas não tivessem propriedade da exclusão, não conseguiríamos criar a lista de priorização que diz quem pode recebê-las antes.
Dizer que vacinas são bem comum provavelmente se deve a uma confusão com a saúde dos outros ser bem público (não-rival e não-excludente). Viver numa população imunizada contra uma doença traz benefícios individuais que são não-rivais e não é possível excluir alguém de recebê-los.
Isso explica, por ex, por que é tão difícil lidar com movimento antivacina. Eles recusam a vacina, mas pegam carona (free-ride) no bem público que a vacina gera que é a imunidade coletiva. Se esse comportamento se generaliza, acaba destruindo o bem público da imunidade coletiva.
Oferta de vacinas pelo setor privado em uma pandemia é muito polêmico. Além da saúde pública, toca questões morais e políticas sensíveis. Há risco grave de cairmos em respostas simples que só prejudicarão combate ao Covid. Um pouco de análise econômica pode ajudar. Segue o fio👇
Antes de termos uma resposta, é preciso definir devidamente o problema. No caso são vários, vou numerar:
1 Maior nº de acordos de vacinas
2 Maior nº de doses
3 Máxima velocidade
4 Máximo impacto preventivo
5 Máximo impacto na redução do contágio
NÃO há resposta simples e fácil.
Vou apresentar duas respostas simples, fáceis e erradas que acredito que terão maior adesão no Brasil porque nós costumamos gostar muito desse tipo de resposta errada. Apresentarei a intuição e em seguida por que não é uma boa. Pode não caber no mesmo tweet então segue lendo.
As vacinas mRNA (da Pfzer-BioNTech e da Moderna) são brilhantes no nível da ciência que têm por trás. O @WheatNOil fez um fio divertido em inglês explicando como elas funcionam, segue aqui minha tradução e entenda essa tecnologia INCRÍVEL 👇🧵
A primeira coisa a saber é como o seu sistema imune funciona. Basicamente, suas células de imunidade atacam qualquer coisa estranha que entra no seu corpo. Se elas veem uma proteína, um vírus, ou uma bactéria ou qualquer coisa que elas não reconhecem, elas lançam um ataque.
Por exemplo, se sistema imune está lutando contra vírus, ele demora para ter contra-ataque completo. Precisa entender qual parte do vírus atacar e então aumentar produção do que ele precisa para atacar essa parte. Pode levar dias. Enquanto isso, o vírus se multiplica e expande.
Com ciência e tecnologia, coisas que aterrorizavam nossos antepassados não existem mais. Daí alguns que sempre viveram no conforto esquecem do que esse bem-estar depende, por ex de VACINAS. Prepare o estômago e segue o fio para saber das doenças que matavam milhões antes delas 👇
VARÍOLA - a doença
Matava por volta de 30% dos infectados pelo vírus. Apenas no século 20, estima-se que a varíola tenha matado mais de 300 MILHÕES de pessoas. Crianças eram principais vítimas.
Na foto de 1901, criança não-vacinada (esq.) ao lado de criança vacinada.
VARÍOLA - a vacina
A 1ª vacina foi descoberta por Edward Jenner em 1796. Jenner investigou por que mulheres que tiravam leite de vacas não contraiam varíola. O gado sofria com variante menos letal da doença e se expor a essa variante criava imunidade contra a varíola humana.