O primeiro deles é: "a ciência ainda não concluiu de maneira definitiva se existe benefício ou não com o uso desses fármacos." O argumento é falso e ignorante.
É ignorante porque qualquer um que entenda minimamente o que é a ciência sabe que ela não tem respostas 'definitivas'.
É falso porque a ausência de evidências de benefício neste momento é justamente a precisa razão que deveria impedir que um médico prescrevesse o tratamento.
O segundo argumento negacionista é que os supostos opositores do CFM "dão opiniões [...] com cunho político e ideológico".
A posição da atual gestão do CFM - como aliás, qualquer gestão de qualquer conselho de classe - não tem como não ser política. Não há posicionamento que não seja ideológico. Este artigo, como é comum nas manifestações do CFM, é fortemente corporativo. Isso também é ideologia.
Em agosto de 2020, já com 100 mil mortos por covid-19, o presidente do CFM estava no @Estadao questionando o 'timing' das medidas de isolamento social, em consonância com o que dizia o Governo Bolsonaro. Não haveria 'cunho político' nestas declarações? politica.estadao.com.br/blogs/coluna-d…
Para manter o status quo, basta classificar o pedido por mudança como 'ideológico'.
Quando ouviremos o repúdio do @Medicina_CFM às atitudes irresponsáveis e criminosas do presidente da república em relação à Saúde Pública?
Silenciar sobre isso é uma opção política e ideológica.
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Acaba de sair um artigo científico brasileiro que avança um passo no sentido de demonstrar uma potencial proteção a formas graves da covid-19 pela infecção prévia com o vírus da dengue.
Segue o cordel para entender essa rinha de vírus.
Vou resumir os achados do artigo abaixo, publicado por cientistas brasileiros da UFAC, Unicamp e UFPR, e um infectologista da Harvard. O artigo se chama 'Previous dengue infection and mortality in COVID-19' e saiu na revista Clinical Infectious Diseases.
Essa ideia já tinha sido proposta há 3 meses em um pré-print (artigo ainda não publicado em revista científica) do neurocientista @MiguelNicolelis, em um estudo que é mais preliminar, por ter usado dados populacionais e não individuais (estudo ecológico). medrxiv.org/content/10.110…
Você viram o abaixo-assinado de mil psiquiatras contra o revogaço nas políticas públicas de saúde mental que o governo Bolsonaro quer fazer com o conluio da Associação Brasileira de Psiquiatria?
Aqui está a prova de que há psiquiatras que não concordam com isso. Segue o cordel.
Apenas alguns dias depois da notícia de que o governo brasileiro quer deletar e reescrever a política de saúde mental que vem sendo construída desde 1991, saiu um manifesto assinado por mil psiquiatras que é contrário à decisão. medium.com/@leipsi/manife…
Apesar da ABP dizer que representa os cerca de 12 mil psiquiatras no Brasil, a entidade tem não mais que cerca de 1/3 desse número. Quando mil psiquiatras se juntam e dizem que não concordam, o argumento corporativista da entidade perde força. www1.folha.uol.com.br/equilibrioesau…
Em primeiro lugar, a narrativa clássica do bolsonarismo de que a notícia de que queriam mudar as portariasde saúde mental e extinguir serviços eram 'fake news' já cai por terra.
O próprio Ministério da Saúde admite que tinha a intenção de revogar portaria.
Está na proposta:
1. Extinguir o Programa de Volta para Casa, que facilita o retorno de moradores crônicos de hospitais psiquiátricos para a comunidade;
2. Acabar com os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) para tratamento de problemas relacionados ao uso de álcool e drogas;
Mas afinal de contas, o que é que o Governo Bolsonaro está querendo fazer com a rede pública de Atenção à Saúde Mental do Brasil?
Vou explicar nesse cordel porque o que estão tentando fazer não parece ser nada republicano ou democrático. Segue aí pra entender.
Tudo começou com o vazamento de informações sobre uma reunião virtual do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (@CONASSOficial) que aconteceu do dia 3 de dezembro último.
Na pauta da reunião, uma proposta de mudança drástica nas políticas de saúde mental no país.
Em uma apresentação se explicava que, baseado em um documento capitaneado pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e um grupo de trabalho instituído pelo Ministério da Saúde, se pretenderia 'rever a atual política de saúde mental e a RAPS [Rede de Atenção Psicossocial]'.
Hoje a Comissão sobre Narcóticos da ONU, decidiu reclassificar a maconha no documento internacional que norteia a política internacional de drogas, a Convenção Única sobre Entorpecentes, ou Convenção de Viena. O Brasil de Jair Bolsonaro votou contra.
Leia o cordel aí e entenda.
Até hoje, a maconha era classificada na lista IV. Isso significa que ela estava acompanhada da heroína, uma substância sem propriedades terapêuticas e alto risco de uso.
Diante das evidências dos riscos associados e de seu potencial terapêutico, essa classificação era absurda.
Só para se ter uma ideia, a morfina, uma substância também com grande potencial de vício, mas com evidentes propriedades médicas, está classificada em outra lista, a lista I.
O documento tem repercussão para todos os países membros e dificulta o uso terapêutico e científico.
Eu gostaria de dirigir algumas palavras sobre Diego Armando Maradona e seu problema com drogas.
A linha fina deste cordel de tuítes é: “Julgar Maradona por sua dependência química e medi-lo somente pelo estigma”.
Quem me conhece sabe que sou muito pouco afeito ao futebol. Não tenho time, o que me deixa um pouco à parte do universo - majoritariamente masculino e ainda bem homofóbico - de se zoar e ser zoado pelas afiliações futebolísticas.
Mas aí está, a morte de Maradona me faz escrever sobre ele. Nasci em 1972 e não vi Pelé jogar ao vivo em seu auge. Mas Maradona sim, eu vi, pela TV. Vi o dia da forra pelas Malvinas. Vi o gol de mão mais famoso da história. E como sudaca e latinoamericano, vibrei.