Publicamos no passado no "OGLOBO" mas o tema está em quente novamente
O custo do acordo sobre o diesel terá de ser pago por alguém. Infelizmente, você
No acordo sobre o Diesel que vemos com os caminhoneiros é mais do mesmo! Um grupo sendo privilegiado, não querendo pagar os custos de uma crise e transferindo a conta para o restante da sociedade.
A crise dos caminhoneiros tem ensinado mais sobre economia do que muitas horas de sala de aula. A lições do passado não foram aprendidas, muitas pessoas parecem ainda não entender a dinâmica de formação de preços e muito menos quem pagará a conta do populismo econômico.
Qualquer que seja o privilégio para um grupo, essa é a primeira pergunta que deve ser respondida: “Quem pagará essa conta e a quem beneficiará esse acordo”?
Benesses e concessões nunca vêm sem custos. De um lado, um grupo de caminhoneiros terá menos impostos sobre o diesel. Do outro, o restante dos 207 milhões de brasileiros terá aumento da carga tributária para compensar esse desequilíbrio.
Os custos são difusos e os benefícios concentrados. Por isso há grande pressão para medidas como essa.
A decisão do governo de passar para o Tesouro o custo de compensar a Petrobras pelos reajustes mensais do diesel será cara: quase R$ 5 bilhões.
Essa conta será repassada a todos, com mais impostos, mais dívida pública e menos serviços. Não apenas hoje, mas no futuro.
A ideia dos custos difusos e benefícios concentrados é debatida há tempos. E começou com Mancur Olson, economista e cientista social, no livro “A lógica da ação coletiva”: algumas decisões econômicas afetam grupos de maneira diferente.
Mais hábeis, os grupos menores são mais eficientes em apresentar demandas. Grupos bem organizados, como o dos caminhoneiros e transportadoras, coordenam-se mais facilmente em lobbies e ações.
Eles têm incentivos para isso. Já os brasileiros que pagarão a conta de forma difusa têm menos incentivos para se organizarem. Na prática, a pauta da minoria domina a da maioria.
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A segunda pergunta é: “os caminhoneiros têm motivos para reclamar da alta de preços?” Desde 2017, os combustíveis variam conforme a cotação do petróleo no mercado internacional. Sendo que, por motivos, diversos o preço do petróleo subiu no mundo todo.
Mas, no caso dos caminhoneiros eles sentem mais, pois o gasto com combustível equivale a quase metade do valor do frete.
Subsidiar o diesel poderia, a princípio, beneficiar a economia, por reduzir custos de logística e frete. O problema está na solução encontrada.
Na guerra de quem grita mais, o Planalto recuou e vai ceder à pressão para reduzir o preço do combustível. O governo vai compensar a Petrobras pelo prejuízo e só reajustar o diesel uma vez por mês, além de reonerar a folha de pagamento para 28 setores.
Criou-se um subsídio para um pequeno grupo ao custo da carga tributária maior para os demais. Os custos do acordo, de R$ 25 por brasileiro, foram impostos a todos, mas estão dispersos. O efeito difuso é incapaz de criar a mesma mobilização.
Além de toda a sociedade pagar esse custo através de impostos, podemos esperar menor receita para o governo. Vai sobrar para o investimento que será menor. É uma conta que não fecha.
A terceira pergunta é: “como reduzir o preço dos combustíveis e o custo logístico?” Ora, em uma economia livre, se há uma oferta grande de gasolina, o preço tende a cair; se a demanda aumenta, o preço tende a subir. A
Alguns países, como Argentina e Venezuela, já tentaram mexer no preço de maneira artificial, e não deu certo.
Não que estejamos contra os caminhoneiros. Ao contrário. Nós, como economistas, dedicamos nossas vidas a analisar como aumentar o bem-estar da população.
Mas é preciso entender a lógica da formação de preços. Deve-se buscar preços menores pelos caminhos corretos e não por meio de populismo.
E um dos problemas está na gestão. Empresas e setores subsidiados não primam por uma gestão eficiente.
O governo não discute seus gastos, buscando apenas cobrir um benefício com impostos.
Não pode tudo virar um jogo do “quem grita mais”, com cada classe reivindicando a sua pauta e chantageando o governo para obter privilégios.
Indivíduos buscando benefícios próprios quando outros pagam esta conta prejudicam a sociedade no longo prazo .
Cobrar o preço que valem pelos bens ajuda a promover seu uso racional. As pessoas utilizam estes bens de maneira mais racional. Não existe almoço grátis.
O custo do acordo sobre o diesel terá de ser pago por alguém. Nesse caso, o preujuízo é teu, Amadeu
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Breve manual para você entender o que está rolando com a GameStop e o Reddit" Segue o fio
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Isso não impediu as ações da empresa de registrarem uma das altas mais impressionantes nas bolsas americanas em janeiro. Mais de 1.700% desde 31 de dezembro.
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Na China, a jornada de trabalho mais comum é chamada de 996. Principalmente no setor de tecnologia, o mais procurado, trabalha-se das 9 da manhã às 9 da noite, seis dias por semana.
São 72 horas por semana, o que muitos críticos enxergam como exagero. No país, como no Brasil, a jornada de trabalho oficial é de 44 horas.
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Falta de oxigênio também é fruto do caos tributário
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A ideia é ótima: subsidiar a gasolina para que a população possa se locomover de maneira barata.
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