Como seria a mortalidade por COVID-19 de outros países se eles tivessem a pirâmide etária do Brasil?
Após padronização, aqui feita pelo economista Marcos Hecksher, o Brasil foi muito mal até aqui, infelizmente.
Tendo o Brasil como referência (1), o mundo é 0.27.
Itália 0.59.
E dentro do Brasil? este relatório que deverá sair em breve online como artigo também mostra isso. Olha a inversão da taxa de mortalidade por micro-região no país ao ajustar por idade.
Essa forma de padronização é clássica e se ajusta a taxa de mortalidade bruta para mortalidade padronizada por idade e sexo. Neste caso, foi calculado a relação entre mortalidade observada vs esperada (SMR) . E usou-se a pirâmide etária do Brasil como referência. No caso,
a relação é mortes observadas por COVID-19 no país, divido pelas esperadas caso a faixa etária do país fosse a do Brasil. Na Itália, 0.59, o número de observadas é menor que as esperadas se fosse como no Brasil e assim por diante. Mesmo com tantos idosos lá, ainda assim morreu
muita gente de covid no Brasil. Eu e @lslbastos fizemos para a Itália x Brasil e os dados são muito parecidos.
Vale a pena estudar direct/indirect standardization. Depende do dado que vc tem. E qual população vc quer padronizar como referência.
Também se pode usar uma população "universal" da OMS. E vc ajusta os países como se fossem aquela população.
Temos limitações pelos óbitos não confirmados/subnotificação e sempre interpretar de acordo com o tempo da pandemia. Em geral usamos calendário ano ou se padroniza para
Ensaio de neutralização com anticorpos de 12 participantes pós vacina BBIBP-CorV (Sinopharm, também vírus inativado, ou seja, muito similar à CoronaVac) na variante da África do Sul:
- Mantém poder neutralizante (queda 1.6x, não significativa)
No gráfico acima temos a variante do vírus "selvagem", inicial, a mais frequente global (D614G) e a da África do Sul, que tinha mostrado escape em soros de convalescentes e uma queda em vacinas de RNA.
Também testou soro de 12 participantes com anticorpos pós vacina ZF2001 (proteína da spike), que teve uma certa redução com a variante da África do Sul.
Num pre-print, 109 pessoas com 2 doses, a resposta de quem já teve COVID (bolinhas laranjas) foi ótima após 1 dose, ajudando a resposta imune a se organizar melhor e aperfeiçoar (a produção e aperfeiçoamento da produção dos anticorpos é uma das coisas mais bonitas do corpo, imho)
Como esperado, quem já tinha infeção teve um pouco mais de sintomas, mas muito semelhante à segunda dose das vacinas nos trials. Aqui falo de vacinas de mRNA.
Precisamos de 200 mil pessoas de todas as regiões do país para o estudo #NutriNetBrasil, que serão acompanhadas para identificar características da alimentação brasileira que aumentam ou diminuem o risco de doenças crônicas. Participe!
É o maior estudo científico sobre alimentação e saúde já realizado no país. A pesquisa é liderada por pesquisadores da Universidade de São Paulo (@nupensusp) e recebe o apoio de diversas universidades e centros de pesquisa.
O NutriNet Brasil acontece 100% online e, para participar, basta fazer um cadastro no site do estudo (nutrinetbrasil.fsp.usp.br). Qualquer adulto residente no Brasil pode participar.
Quanto tempo duram as alterações de olfato e paladar da COVID-19?
Vou resumir um pouco o que já sabemos usando 3 revisões sistemáticas (1🇧🇷)
-Início após 4/5 dias de sintomas
-40/45% reportaram diminuição do olfato (77% se avaliado por método objetivo)
-30% alteração no paladar
A revisão brasileira, que seguiu todos os passos, inclusive registro do protocolo na base PROSPERO (visite se vc não conhece), perguntou quanto começa e quanto duram. Ela analisou 17 estudos e já foi publicada. A maioria dos estudos são da China, pois a pesquisa foi feita em Maio
Não foi possível realizar uma meta-análise, isto é, juntar os valores considerando o peso de cada estudo, pela grande variabilidade de métodos, etc.
A duração dos sintomas foi no geral 1 semana. Se ñ houve melhora em 1 semana, depois de 2 semanas, a melhora é importante (~80%)
Descrição dos primeiros 250 mil pacientes com COVID-19 hospitalizados no Brasil no @LancetRespirMed
➡️Idade média 60 anos, um terço <50 anos
➡️39% na UTI / 23% ventilação invasiva
➡️2 em cada 5 morreram. 3 em cada 5 se foi para UTI
⬆️Diferenças regionais
Com a base de dados SIVEP-Gripe, do início da pandemia até meados de Agosto, selecionamos para a análise principal os pacientes com ≥20 anos, COVID-19 confirmado com PCR e hospitalizados. Em uma análise de sensibilidade, analisamos todos os pacientes com COVID-19 (PCR + outros)
Descrevemos os casos do Brasil e estratificado por cada uma das 5 regiões. No geral, as características dos pacientes são semelhantes à relatada quanto a sintomas e comorbidades. A idade foi similar entre as regiões, exceto mais pacientes ≥80 anos no Nordeste.
Para a aprovação de vacinas nas agências regulatórias, desde que seja segura, temos critérios já estabelecidos historicamente. Cada agência tem alguns detalhes, mas a ANVISA usa o clássico:
Eficácia ➡️ pelos menos 50% (≥50%)
Limite inferior do intervalo de confiança: ≥30%
No próprio protocolo do Butantã, para o cálculo de amostra, isso foi estabelecido. Nos protocolos da Pfizer, Moderna, também, todos buscando se adequar ao que diz principalmente o FDA e OMS.
O trial esperava garantir um mínimo de 30% e estimava 60% como medida.