O Coronavírus está no ar - há muito foco nas superfícies. Infectar-se pelo coronavírus a partir das superfícies é raro. A Organização Mundial da Saúde e as agências nacionais de saúde pública precisam esclarecer seus conselhos.
Este é o início do editorial da Nature do dia 02/02
Antes que alguém venha dizer que eu estou sendo irresponsável e falando que não precisa mais usar álcool em gel ou desinfetar superfícies, deixa eu esclarecer o que diz o editorial:
- É plausível que pessoas se contaminem por superfícies, mas o risco real é a contaminação PELO AR
E por que é importante falarmos sobre isso?
Porque vejo muita gente altamente preocupada em ficar limpando tudo, passando álcool o dia todo e não usando corretamente a máscara, não mantendo distanciamento e não ventilando adequadamente os ambientes.
Ou seja: você está direcionando seus esforços àquilo que dá menos resultado. Eu sempre peço pra usarmos a racionalidade científica aqui e sempre fico com receio quando algo vira "protocolo". Ninguém mais questiona, ninguém atualiza. E o Coronavírus não se importa com protocolos.
A mensagem precisa ser mais clara: devemos sim nos preocuparmos com a possibilidade de transmissão por superfícies. Mas precisamos direcionar o foco dos esforços e dos recursos para mitigar a transmissão pelo ar!
Dito isso, o MÍNIMO que você pode fazer é usar a sua máscara DO JEITO CERTO e manter distanciamento sempre que possível. É o mínimo da educação, é o mínimo do senso de coletividade, é o mínimo de bom senso. E traz mais resultado do que ficar se benzendo com álcool o dia inteiro..
Dito isso,
- Não é pra usar máscara com nariz de fora
- Seu queixo não precisa de máscara.
- Você não precisa abaixar a máscara pra mandar seu audião no zap
- Aquela "máscara" que é um pedaço de plástico na frente da boca nem é máscara. Por favor não passe essa vergonha.
- "Face shield" é complemento para máscara, não é máscara.
- Você não vai morrer asfixiado com máscara, então não, você não tem direito de tirar a máscara na academia onde a ventilação já não colabora...
- Nem preciso falar de máscara de crochê ou de lantejoula né?
Do ponto de vista dos estabelecimentos, deve-se prezar pra que esse uso correto e distanciamento sejam cumpridos e principalmente investir em um bom sistema de ventilação. Passar álcool nas mesas e usar termômetro no pulso, achando que tá tudo bem, é só pra alívio de consciência.
Pra não deixar dúvidas:
Não estou dizendo que higienizar superfícies é dispensável. Estou dizendo que gostaria que a mesma atenção que se tem dado a isso no decorrer da pandemia, fosse dada ao uso de máscaras, distanciamento e ventilação adequados.
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Hoje fui fazer alguns ajustes ergonômicos na minha bike, com o @CarlosPitrosky . Enquanto o Carlos fazia as diversas medidas antropométricas, as medidas na bike e observava as angulações da minha postura e movimentos, pensei em como isso se relacionava com as vacinas pra COVID-19
- Tá maluco, André?
Na verdade, me veio à cabeça que a ciência é de fato algo para ser usada no dia a dia. Na minha cabeça de ciclista iniciante, pra pedalar bastaria apenas subir em uma boa bicicleta com freios em dia e pneu calibrado.
Mas após observar um pouco da biodinâmica envolvida em tudo isso, foi possível entender por que meu joelho e meus pulsos doíam. Os ajustes deixaram a bike bem mais confortável e com melhor rendimento.
Quando afirmo a necessidade de ensaios clínicos randomizados (inclusive durante a pandemia) para demonstrar eficácia de medicamentos, eu ouço:
"André, é antiético usar placebo em um dos grupos". Ou "É antiético ficar parado e 'deixar o paciente morrer' ".
Será? Segue o fio..
Existe uma confusão enorme aí. A primeira é que assumiu-se ARBITRARIAMENTE que certos medicamentos funcionam. Ou seja, mesmo sem demonstração de eficácia, disseminou-se que ivermectina ou hidroxicloroquina eram eficazes. E já sabemos que isso é a inversão do método científico.
Como no imaginário popular do senso comum (que inclui muito profissionais da saúde 😢) foi popularizada a hipótese de que esses medicamentos funcionam, criou-se a falsa sensação de que fazer estudos com placebo ou não utilizar esses medicamentos na prática médica seria antiético.
Estudos científicos são o melhor modo de nos aproximarmos de verdades na área da saúde e a melhor forma de fazer essas verdades serem reconhecidas.
E foi empregando o raciocínio científico que uma jovem enfermeira revolucionou o sistema de saúde vitoriano.
Vamos de historinha!
Na primavera de 1820 nascia Florence Nightingale, em uma privilegiada família britânica. Ao contrário do que se esperava de uma dama inglesa da época, Florence dedicou-se à enfermagem
Chocando ainda mais a sociedade (e os pais), foi trabalhar nos hospitais da Guerra da Crimeia
Em 1854, administrando como voluntária um hospital da Turquia, desconfiou que a sujeira, falta de saneamento e a comida estragada eram mais responsáveis pela morte de soldados do que os ferimentos de guerra.
Parece loucura, mas na época, ninguém pensava muito nisso...
"Eu tive COVID-19 e me recuperei graças ao tratamento com Kit-Covid".
Sinto informar que que a frase está incorreta. O certo seria: "Eu tive COVID-19 e me recuperei, APESAR do tratamento com Kit-Covid"
A boa notícia é que você é um duplo vencedor. Venceu a Covid e a iatrogenia.
Iatrogenia: alterações patológicas derivadas de intervenções médicas. No caso do uso de medicamentos, são os efeitos adversos e consequências negativas não intencionais.
Se tem uma coisa que aquele ensaio clínico da Colchicina nos mostrou (volta lá no meu feed ver o vídeo) é que no grupo placebo (que não tomou medicamento nenhum), apenas 6% dos pacientes foram hospitalizados e 0,04% foram a óbito sem utilizar medicamento (ou kit-covid nenhum).
R: É aquela que está sendo aplicada no seu bracinho.
Ficar comparando eficácia é tão infantil quanto comparar o tamanho de órgão genital. Pode parecer divertido, pode às vezes impressionar mas, no final, o que importa é saber usar.
Explicando melhor, obviamente a eficácia é importante. Mas como sempre tenho dito aqui, uma vez atingidos os requisitos mínimos para registro, o tamanho do efeito das vacinas serve muito mais para orientar o plano de imunização do que para ficar comparando.
As vacinas não são tratamentos individuais. Não estamos tratando cada pessoa que é vacinada. Vacina é um empreendimento coletivo. Nessa perspectiva, o paciente deixa de ser eu ou você. O paciente passa a ser uma população chamada Brasil. E esse "paciente" precisa ser vacinado.
Vamos falar desse artigo que blogueirinhos, médicos "fodões" e defensores ferrenhos da "terapia precoce" andam "enchendo a boca" pra citar como demonstração de eficácia...
Tradução "Base fisiopatológica e (Ir)racional para o tratamento precoce de Sars-Cov-2. O "(Ir)" é meu rs.
Esse é um artigo de "Revisão Narrativa".
André, o que é isso?
Artigos de Revisão são uma forma de pesquisa que tenta revisar um determinado tema e sintetizar o resultado de diversos estudos, com o objetivo de fundamentar melhor um determinado objetivo. Existem 2 tipos básicos:
1) Revisão Sistemática (RS): Tipo de revisão planejada para responder uma pergunta específica e que utiliza métodos explícitos e sistemáticos para identificar, selecionar e avaliar criticamente os estudos, e para coletar e analisar os dados destes estudos incluídos na revisão.