E tu? Conhece o spray de Israel? Muitas pessoas vêm perguntando ao longo dos dias sobre esse fármaco. Acompanha então o mini fio abaixo falando um pouco sobre ele!
O spray nasal que está sendo testado em Israel consiste numa solução com a molécula EXO-CD24. Vamos por partes:
O CD24 é uma pequena proteína que fica na superfície das células ligado a outras moléculas, com papel na adesão celular. Está presente em diferentes células do corpo
Um dos papéis do CD24 é promover a maturidade e proliferação dos linfócitos T (CD4 e CD8), além da ação moduladora da inflamação em contextos como doenças autoimunes, sepse, entre outros.
O CD24 tem seus níveis alterados em uma variade de cânceres, como no câncer de ovário. Nesse contexto, os exossomos (relevantes pra comunicação entreas células, p.ex.), poderiam fornecer uma estratégia de diagnóstico, prognóstico e tratamento.
Daí a ideia do EXO-CD24 como uma alternativa para essas doenças. Para esses estudos com câncer, essas moléculas são capazes de modular a resposta imunológica.
E, potencialmente por esse conjunto de benefícios na modulação do sistema imunológico, que pesquisadores israelenses em Tel Aviv proporam um estudo em fase 1 para investigar os efeitos do EXO-CD24 na COVID-19
De acordo com o estudo clínico acima, essa abordagem poderia "suprimir a tempestade de citocinas, além de serem entregues diretamente ao órgão alvo usando exossomos como um veículo de entrega"
Um ponto relevantíssimo: é um estudo de fase 1, ou seja, muito inicial, com 30 participantes divididos em 3 grupos que receberão doses diferentes de EXO-CD24 em uma formulação de spray nasal.
Não fica claro a idade dos participantes, mas no ClinicalTrials, é mencionado que de 18 a 85 anos são elegíveis para o estudo.
O que encontraram?
29 dos 30 pacientes com casos moderados a graves de COVID-19 tratados com EXO-CD24 tiveram uma recuperação completa em cinco dias
Antes de tudo, LIMITAÇÕES:
- O estudo não tem placebo, ou seja, cientistas não podem afirmar com certeza se o medicamento está por trás da rápida recuperação dos pacientes.
- 30 pessoas é um nº amostral muito baixo para qualquer conclusão para a situação atual
- Não está claro se os pacientes também estavam recebendo outros medicamentos ou tratamento.
- Não está claro a idade dos pacientes (se são mais jovens, mais velhos.. tudo isso influencia)
- Os dados não foram publicados em periódico ou preprint
É importante seguir investigando nas fases 2 e 3, e chegando em fase 3, contar com a participação brasileira pode ser também interessante. Mas afirmar que "tem tudo pra dar certo", neste momento, é muito precoce num estudo de 30 pessoas sem placebo
Portanto, vamos seguir acompanhando, assim como estamos acompanhando outros fármacos e tratamentos como os citados abaixo, que também são preliminares, mas que, com mais dados, podem tornar-se promissores
Pfizer mostra que sua vacina é 85% eficaz após 1 única dose, podendo ser armazenada em freezers comuns, segundo novos dados! Mas quero discutir uma coisa com vocês, em especial, sobre as variantes P1 e B.1.351
ANTES DE TUDO: é um estudo com pseudovírus, in vitro, NÃO É UM DADO DE EFICÁCIA e sim de ação neutralizante. Ou seja, temos que interpretar com calma, e não sair batendo o martelo até ter dados de eficácia dessas vacinas, com 1 e/ou 2 dose(s), sobre essas variantes
[ATUALIZAÇÃO DO FIO] - Dados de ação neutralizante sobre as VOCs (variantes de atenção) aqui do Brasil: P1 e P2 em relação às vacinas da Pfizer/BioNTech e Moderna
[ATUALIZAÇÃO DO FIO] Foram publicados na @NEJM
estudos com soro de pessoas que foram imunizadas com as vacinas da @pfizer/@BioNTech_Group e da @moderna_tx em relação à variante B.1.351 (primeiramente descrita na África do Sul)
Primeiro, o da Pfizer/BioNTech:
Soro de 20 participantes foram testados para 3 diferentes vírus recombinantes com as mutações:
- K417N, E484K, e N501Y
- B.1.351-RBD+D614G
- Todas as mutações encontradas no gene S da variante B.1.351
Traduzi uma imagem compartilhada pelo @EricTopol muito interessante sobre diferentes ações das vacinas: é possível que, mesmo após a vacinação, possa haver a transmissão do vírus, ainda não sabemos se as vacinas levam a imunidade da mucosa (1/n)
Segundo Eric Topol, a probabilidade pode aumentar com o tempo após a vacinação (com menos níveis circulantes de IgA, que conferem proteção a mucosa) e com variantes que aumentaram a transmissibilidade (como B.1.1.7).
Existem alguns ensaios clínicos para vacinas intranasais, mas ainda muito iniciais (fase 1), como esse da Índia:
Tive o prazer de contribuir em uma matéria do @Estadao da @marihallal sobre um fármaco que está sendo testado para a COVID-19, o EIDD-2801, também conhecido como Molnupiravir
Muita gente me pergunta: o que é a COVID longa? quais sintomas podem permanecer, mesmo após a recuperação da COVID-19?
Vou trazer algumas infos aqui, mas já deixo claro que este fio será atualizado continuamente - dado que, dia a dia, vamos aumentando nosso conhecimento!
Bora?
A maravilhosa @rafa_rosarib me mandou essa metanálise aqui, e junto dela e de outras referências, vamos entender melhor essa história da COVID longa medrxiv.org/content/10.110…
Escrevemos pela Rede @analise_covid19, em 2020, um texto sobre COVID longa da autoria do incrível @FernandoKokubun - recomendo a leitura!