[ATUALIZAÇÃO DO FIO] - Dados de ação neutralizante sobre as VOCs (variantes de atenção) aqui do Brasil: P1 e P2 em relação às vacinas da Pfizer/BioNTech e Moderna
A ação neutralizante foi avaliada a partir de 48 amostras de soro de participantes dos ensaios da Pfizer (BNT162b2) e Moderna (mRNA-1273), contra pseudovírus contendo a proteína spike de 10 variantes de SARS-CoV-2.

Pseudo...vírus? Te explico!
Um pseudovírus é uma partícula viral que possui todas as propriedades do vírus, com a diferença que ele não infecta as células, permitindo que se estude aprofundadamente a eficácia de um fármaco no vírus real, ou a neutralização de sua ação nas células

www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/if…
No estudo, pessoas que receberam 1 ou 2 doses da vacina da Pfizer ou da Moderna tiveram seus soros testados em pseudovírus que continham as alterações encontradas nas VOCs para observar o quanto as vacinas conseguiam neutralizar esses pseudovírus
Alguns pseudovírus que "imitam" algumas VOCs estudados no trabalho:
- B.1.1.7 (UK)
- B.1.1.298 (Dinamarca)
- B.1.429 (EUA)
- P1 e P2 (Brasil/Japão)
- B.1.351 (África do Sul)

entre outros
Para muitas dessas variantes, a ação neutralizante das vacinas é bem parecida com a do pseudovirus "controle" (aquele que não tem as mutações que simulam o que encontramos nas variantes).

Porém, para 5 deles, a ação neutralizante foi menor.
Aqui, novamente, mostrou-se que a ação neutralizante para variantes como a B.1.351 foi menor. Ontem, quando fiz a atualização do fio com os dados da @NEJM para as duas vacinas, já estavamos vendo algo similar:

Variantes contendo as mutações E484K, K417N/T, N501Y no RBD (como a P1 e a B.1.351), foram as que tiveram níveis de ação neutralizante reduzidos significativamente pelas vacinas de RNA mensageiro estudadas (ESPECIALMENTE naqueles que receberam apenas 1 dose).
Isso sugere que uma única dose de vacinas de mRNA existentes pode ser insuficiente para induzir respostas de anticorpos de neutralização em indivíduos previamente não infectados
Observando a redução da ação neutralizante, podemos ver que as maiores reduções foram para as três versões da variante B.1.351. Essa variante tem mutações parecidas com a P1 (exceto a K417N) e outras mutações adicionais fora do RBD.
/nota da mell: essas versões foram criadas baseadas em 86,2% das sequências GISAID disponíveis desta linhagem, que abrigam essas mutações (próximas na região S1 da Spike) em três padrões distintos representados por B.1.351 v1 (46,6%), v2 (31,6%) e v3 (8,0%).
Para as versões v2 e v3 da B.1.351, a ação neutralizante foi ainda mais reduzida, quando comparamos com outros coronavírus mais distantemente relacionados (SARS-CoV e WIV1-CoV. Essa redução da ação neutralizante não é em decorrência de variações na expressão da Spike
Outro dado interessante: pessoas que tiveram COVID-19 e se vacinaram tiveram uma boa resposta/ação de anticorpos neutralizantes contra as variantes!

Mais um indicativo de, quem teve COVID-19, que se vacine!!
Para explorar quais mutações poderiam estar contribuindo pra esse escape da resposta imunológica pela B.1.351, o artigo traz um estudo sobre essas mutações dentro e fora do RBD
Os ensaios de neutralização realizados com soros de 22 indivíduos que receberam a vacina de 2 doses da Pfizer revelaram que a neutralização de B.1.351 v1 e v2 na AUSÊNCIA de mutações RBD foi comparável à de D614G
O que isso significa? embora as mutações RBD contribuam com a maior parte do escape observado da neutralização induzida por vacina, elas são mais eficazes quando no contexto de mutações adicionais, particularmente aquelas encontradas nas variantes B.1.351 v2.
Apesar de os estudos serem limitados pelo tempo de acompanhamento relativamente curto após a vacinação e pelo nº de amostras avaliadas, os dados apóiam a importância dos regimes de 2 doses para atingir títulos, e talvez amplitude, para aumentar a proteção contra novas variantes.
Essas descobertas são importantes a serem consideradas no contexto de propostas para administrar uma única dose de vacina em um número maior de indivíduos, em vez de usar doses para reforçar os destinatários anteriores.
Outro aspecto importante que não foi contemplado nesse estudo: imunidade celular. E no fio de ontem (e no anterior) venho destacando que precisamos entender o papel das células nisso tudo.

PS: referência de qualidade essa imagem
P.ex., a imunidade das células T não seria restrita apenas para a Spike, mas também de outras proteínas mais abundantes, como o nucleocapsídeo. Poderíamos supor que a imunidade mediada por células T induzida pela infecção permaneceria muito intacta para variantes como a B.1.351.
E ai entram as vacinas de virus inativado, que tem um potencial imenso para isso, uma vez que diferentes partes do vírus são usadas para montar essa resposta!

O próprio @otavio_ranzani trouxe um fio super legal mostrando dados da Sinopharm
Para vacinas + específicas, que usam a proteína Spike, p.ex., os autores destacam a possibilidade de atualização para essas variantes, no intuito de aumentar a ação neutralizante.

Mas é possível que benefícios clínicos possam ser vistos, mesmo com menor ação neutralizante!
Por isso, VACINE-SE! Precisamos vacinar a população numa velocidade muito maior do que a atual, e aderir às medidas de enfrentamento para segurar a transmissão acelerada do vírus.

NECESSITAMOS de adesão das pessoas às vacinas e às medidas de enfrentamento. É indiscutível.
Link do preprint: medrxiv.org/content/10.110…

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20 Feb
Acho muito triste que, em pleno 2021, defender medidas restritivas já é diretamente associado a 'lockdown'. Gente, existe um espectro de medidas restritivas existentes e *necessárias*. A medida que a situação agrava, mais medidas vão sendo somadas.

Fio a vista. 👇
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19 Feb
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19 Feb
Pfizer mostra que sua vacina é 85% eficaz após 1 única dose, podendo ser armazenada em freezers comuns, segundo novos dados! Mas quero discutir uma coisa com vocês, em especial, sobre as variantes P1 e B.1.351

Acompanhe os tuítes abaixo!
Ontem publiquei uma atualização do fio das vacinas x VOCs (variantes de atenção) trazendo alguns dadaos da Pfizer e da Moderna

Se tu perdeu, confira aqui!
ANTES DE TUDO: é um estudo com pseudovírus, in vitro, NÃO É UM DADO DE EFICÁCIA e sim de ação neutralizante. Ou seja, temos que interpretar com calma, e não sair batendo o martelo até ter dados de eficácia dessas vacinas, com 1 e/ou 2 dose(s), sobre essas variantes
Read 8 tweets
17 Feb
[ATUALIZAÇÃO DO FIO] Foram publicados na @NEJM
estudos com soro de pessoas que foram imunizadas com as vacinas da @pfizer/@BioNTech_Group e da @moderna_tx em relação à variante B.1.351 (primeiramente descrita na África do Sul)

Bora dar uma olhadinha

Os artigos:
- Pfizer/BioNTech: nejm.org/doi/full/10.10…

- Moderna: nejm.org/doi/full/10.10…
Primeiro, o da Pfizer/BioNTech:
Soro de 20 participantes foram testados para 3 diferentes vírus recombinantes com as mutações:
- K417N, E484K, e N501Y
- B.1.351-RBD+D614G
- Todas as mutações encontradas no gene S da variante B.1.351
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17 Feb
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17 Feb
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agenciabrasil.ebc.com.br/politica/notic…
O spray nasal que está sendo testado em Israel consiste numa solução com a molécula EXO-CD24. Vamos por partes:

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link.springer.com/article/10.100…
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