Acho muito triste que, em pleno 2021, defender medidas restritivas já é diretamente associado a 'lockdown'. Gente, existe um espectro de medidas restritivas existentes e *necessárias*. A medida que a situação agrava, mais medidas vão sendo somadas.

Fio a vista. 👇
Existe uma questão bizarra acerca do lockdown que é em decorrência de sua implementação tardia. Quem segue o @schrarstzhaupt sabe que existe um momento para tu implementar, no geral é um momento antes da subida acelerada dos novos casos, por ex.

Muita gente que demoniza completamente o lockdown não está ciente disso e usa exemplos de locais que implementaram muito tarde.

Se eu tenho um foco de fogo na cozinha e uso um copo d'água o mais cedo possível, eu evito que o fogo cresça e se alastre.
Agora, quando o fogo já está muito intenso e se alastrando, e eu uso esse mesmo copo d'água, ele tem um resultado diferente do primeiro caso, não é?

Por isso o monitoramento é tão relevante, é importante estarmos atentos na obtenção de dados o + fiel possível a nossa realidade
Pois são esses dados que vão poder respaldar medidas assertivas, medidas que *realmente* terão um impacto na situação.

Mas sinceramente, nem era nesse assunto em específico que eu queria me ater, e sim, às medidas de enfrentamento.
Vocês já ouviram mil vezes neste perfil eu comentar sobre as variantes de atenção (VOCs) e mais outras infinitas vezes em perfis tão melhores quanto esse aqui, inclusive. São vários especialistas alertando que o cenário é diferente, e requer muito mais adesão no enfrentamento
Hoje mesmo uma nova variante foi descoberta no Japão, que contem a mutação E484K e já tem 91 pessoas infectadas na região de Kanto (!) alertando as autoridades para uma possível maior transmissibilidade dw.com/pt-br/jap%C3%A…
No Brasil, temos a P1, P2, a B.1.1.7 (UK), potencialmente outras tantas variantes aí que ainda estamos pra entender a sua prevalência, ou seja, o quão elas estão presentes na população infectada pelo SARS-CoV-2.

E no meio disso, temos as vacinas!
As vacinas salvam vidas, e irão ser nossa principal aliada para sair da pandemia. Mas temos uma limitação nesse momento de fornecimento e doses, IFAs, de ainda não termos feito a transf. de tecnologia (que está prevista) e enfim, faltam vacinas.
E nesse cenário temos o Carnaval, que uma GALERA resolveu esquecer que a pandemia existe (pena que a pandemia não esqueceu de nós também), e foi se aglomerar na praia ou no lugar que for. A situação hoje já é de extrema preocupação, e ainda NÃO É REFLEXO dos contatos do Carnaval.
UTIs aumentando sua ocupação no dobro de velocidade do que em cenários anteriores, uma aceleração que por si só já nos coloca num estado de alerta absurdo de um possível colapso que pode vir quando os casos do carnaval chegarem.
O que temos então:
🚨 subnotificação e pouca testagem
🚨 não sabemos a implicação das variantes no cenário
🚨 não sabemos o quão presentes (e quais) as variantes que estão circulando nos estados
🚨 muitas UTI em acelerado crescimento em ocupação
🚨 aglomerações
🚨 população com baixa adesão às medidas de enfrentamento (pessoas que não estão usando corretamente a máscara, praticando distanciamento físico, evitando aglomerações...)
🚨 negacionismo e gestores de alguns locais que defendem ações sem respaldo ou evidência científica
🚨 escassez de vacinas nesse momento para agilizar o processo de vacinação
🚨 volta às aulas em alguns locais em meio a um descontrole da pandemia, o que pode expor prof. da educação e as próprias crianças

Para tu que tá achando que tá tudo de boa: isso não te preocupa?
Um dos nossos instintos mais antigos é o da sobrevivência. Vivemos em sociedade e prezar pela saúde da sociedade também é instintivo em organismos que vivem em sociedade.

Ou essas pessoas não entendem que o perigo é real, ou existe algum delírio envolvido nessa percepção.
Está bem exposto, nos tuítes acima, a gravidade do perigo que estamos enfrentando. Da situação que está se estabelecendo diante de nós (e não é por falta de avisos).

Reflita consigo, com suas atitudes, ações, visões de mundo. O que você ganha fingindo que o perigo não é real?

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20 Feb
A @luizacaires3 fez um post sensacional sobre isso no seu Instagram (mesmo @ daqui) e o que ela ressalta lá é imprescindivel: temos que investir em vigilância epidemiológica e acompanhar a dinâmica desses vírus de relevância pra nós
Não significa (pelo menos ainda) uma epidemia nem nada do tipo. O que foi constatada foi a transmissão ave > humano, algo que ainda não havia acontecido para o H5N8, um vírus influenza A que tem sido identificado em surtos de granjas desde 1980
Esse vírus detectado apresenta mutações que podem estar relacionadas a essa capacidade de infectar humanos, o que chamamos de spillover

Expliquei um pouco sobre isso aqui no contexto da COVID-19
Read 8 tweets
19 Feb
E isso não é reflexo (ainda) do Carnaval.
Veremos as consequências do Carnaval daqui a algumas semanas.

Temos que agir agora. Ponto final.

Vamos esperar todas as métricas apontarem para o que estamos avisando há meses, ou vamos agir @SebastiaoMelo @maurosparta?
@EduardoLeite_ está fazendo uma live no facebook do @governo_rs agora, demonstrando que o crescimento das ocupações na UTI estão numa velocidade MUITO mais rápida do que anteriormente (+2x superior)
Leite pede a população que atenda às medidas de restrição e enfrentamento, mas isso precisa se traduzir em decretos, leis, fiscalização e principalmente, ações por parte dos gestores.

Não é com kit COVID que vamos resolver isso @SebastiaoMelo é com ciência.
Read 10 tweets
19 Feb
Pfizer mostra que sua vacina é 85% eficaz após 1 única dose, podendo ser armazenada em freezers comuns, segundo novos dados! Mas quero discutir uma coisa com vocês, em especial, sobre as variantes P1 e B.1.351

Acompanhe os tuítes abaixo!
Ontem publiquei uma atualização do fio das vacinas x VOCs (variantes de atenção) trazendo alguns dadaos da Pfizer e da Moderna

Se tu perdeu, confira aqui!
ANTES DE TUDO: é um estudo com pseudovírus, in vitro, NÃO É UM DADO DE EFICÁCIA e sim de ação neutralizante. Ou seja, temos que interpretar com calma, e não sair batendo o martelo até ter dados de eficácia dessas vacinas, com 1 e/ou 2 dose(s), sobre essas variantes
Read 8 tweets
18 Feb
[ATUALIZAÇÃO DO FIO] - Dados de ação neutralizante sobre as VOCs (variantes de atenção) aqui do Brasil: P1 e P2 em relação às vacinas da Pfizer/BioNTech e Moderna
Read 30 tweets
17 Feb
[ATUALIZAÇÃO DO FIO] Foram publicados na @NEJM
estudos com soro de pessoas que foram imunizadas com as vacinas da @pfizer/@BioNTech_Group e da @moderna_tx em relação à variante B.1.351 (primeiramente descrita na África do Sul)

Bora dar uma olhadinha

Os artigos:
- Pfizer/BioNTech: nejm.org/doi/full/10.10…

- Moderna: nejm.org/doi/full/10.10…
Primeiro, o da Pfizer/BioNTech:
Soro de 20 participantes foram testados para 3 diferentes vírus recombinantes com as mutações:
- K417N, E484K, e N501Y
- B.1.351-RBD+D614G
- Todas as mutações encontradas no gene S da variante B.1.351
Read 14 tweets
17 Feb
Traduzi uma imagem compartilhada pelo @EricTopol muito interessante sobre diferentes ações das vacinas: é possível que, mesmo após a vacinação, possa haver a transmissão do vírus, ainda não sabemos se as vacinas levam a imunidade da mucosa (1/n)
Segundo Eric Topol, a probabilidade pode aumentar com o tempo após a vacinação (com menos níveis circulantes de IgA, que conferem proteção a mucosa) e com variantes que aumentaram a transmissibilidade (como B.1.1.7).
Existem alguns ensaios clínicos para vacinas intranasais, mas ainda muito iniciais (fase 1), como esse da Índia:
Read 5 tweets

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