Boa tarde. Recebi um paper que trabalha o perfil de quem se autodefine esquerda e direita no Brasil. O título do paper é Dimensão e Determinantes do Pensamento Ideológico entre os Brasileiros, escrito por Pedro Henrique Marques. Farei um fio sobre os dados (interessantíssimos)
1) A base de dados que o autor usou foi a do Projeto de Opinião Pública da América Latina de 2017. São dois critérios empregados para definir a identidade ideológica: econômica e de costumes.
2) Trata-se de uma definição muito empregada nos EUA (em virtude do conceito de "liberal" por lá). Meio complicado para usar na América Latina, mas, sejamos maleáveis
3) Dimensão econômica da ideologia se relaciona com posições mais próximas da defesa da presença reguladora do Estado na economia é hoje mais associado à esquerda.
4) Já a dimensão ideológica dos costumes e valores morais tradicionais está relacionado com o papel da mulher, direitos LGBT e aborto
5) Aí começa nosso problema. O percentual dos que se dizem de direita e se alinham com a concepção liberal econômica é ínfima: 4,38%
6) Já os que se dizem de esquerda, a situação é bem melhor, mas não chega a ser encorajadora: 22% de todos os autolocalizados à esquerda tiveram um perfil atitudinal completamente consistente em relação à dimensão econômica
7) Embora quase ¼ tenha alcançado o ponto máximo de consistência, 24% dos autolocalizados à esquerda ainda tem mais opiniões antagônicas do que congruentes
8) Somados, os eleitores autolocalizados à esquerda e à direita que possuem sistemas de crenças ideologicamente estruturadas em relação à dimensão econômica, mal chegam a 23% da amostra total da população brasileira.
9) Vamos para os costumes. Entre os 21,9% daqueles que na amostra se autolocalizaram à direita, 61% são mais liberais nos costumes do que conservadores
10) Entre os 29,1% da amostra que se autolocalizou à esquerda do espectro ideológico, 65% destes (ou 18,9% da amostra total) apresentaram posições mais liberais em relação à dimensão dos costumes
11) Agora, o que achei ainda mais bizarro
O que define coerência da esquerda é ter preferência por algum partido político de esquerda. Não é idade, sexo ou renda
12) No caso da direita, estar no nível mais alto de escolaridade e dizer-se muito interessado por política aumentam as chances de se dizer de direita e ao mesmo tempo possuir um conjunto de crenças compatíveis com o ideário direitista no plano econômico
13) Um detalhe em relação à agenda de costumes. Para quem é de esquerda, há maior coerência em relação à agenda de costumes se for mulher e ter chegado aos níveis de escolaridade médios
14) Finalmente: Ser homem aumenta as chances de dizer-se de direita e ser conservador (FIM)
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Sofri um processo alérgico muito forte desde sábado. Pelos sintomas, por precaução, meu alergista pediu que fizesse o teste para Covid. O resultado saiu agora: negativo. Eu desconhecia os protocolos de convívio em casa para quem tem suspeita. Vou socializar aqui:
Você deve ficar num quarto isolado. Seus pratos, talheres, copos, bucha para lavar pratos passam a ser de uso específico. Quem lava tudo que usa é você.
Se andar pela casa, só com máscara. Só pode se sentar em cadeiras ou poltronas para seu único uso. Não chega a parecer um urso de circo, mas fica próximo disso.
Bom dia. Farei um breve fio sobre a fragmentação de "leituras obrigatórias" no meu campo de atuação: a sociologia. Formam-se bolhas de pesquisadores e leitores muito agressivos, movidos por uma espécie de fetiche. Lá vai.
1) Nos anos 1980, leitura obrigatória no campo progressista era Marx - com ampla vantagem para os textos do jovem Marx - e Gramsci.
2) No Brasil da lenta e gradual reconstrução democrática estava em curso a revisão da bibliografia histórica e sociológica oriunda das teses da III Internacional. Do conceito de "resquícios feudais" e "revolução de 30" emergia uma literatura cujo foco era a história dos vencidos
Vou fazer mais um fio neste domingo. Na verdade, um micro fio, que estabelece relação com o anterior. O Clube de Engenharia acaba de publicar uma nota sobre o preço do petróleo e a administração equivocada da Petrobrás. Vou reproduzir o miolo desta nota. Lá vai:
a) Antes, uma breve informação sobre o Clube: foi fundado em 24 de dezembro de 1880, por Conrad Jacob Niemeyer, para agregar engenheiros e técnicos com o objetivo de oferecer um espaço democrático para a discussão de questões relacionadas ao desenvolvimento nacional.
b) Vamos à nota, assinada pelo presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino:
"Preços dos Combustíveis e Interesse Nacional
(...) O histórico da PETROBRÁS é o de atender o mercado nacional aos menores preços possíveis. (...)
Bom dia. Farei um breve fio sobre o que aparentemente ocorre no interior das Forças Armadas (FFAA) brasileiras em relação ao alinhamento - parcial ou total - ao bolsonarismo. Consultei analistas, pesquisadores e interlocutores do Alto Comando. Lá vai:
1) O ideário e organização internos das FFAA brasileiras tem origem em cooperações com Alemanha e França. No início do século XX, militares se alinharam à concepção alemã. Uma comissão esteve na Alemanha e de lá trouxe a organização e ideário de defesa nacional.
2) A revista A DEFESA NACIONAL teria sido um dos resultados deste alinhamento, fundada por Euclides Figueiredo, Bertoldo Klinger, Genserico de Vasconcelos e Augusto de Lima Mendes
Bom dia. Farei o fio que prometi há pouco sobre as dificuldades para criarmos mobilizações mais constantes nos últimos dois anos. Tem relação com esta manchete do portal UOL que afirma que a oposição defende protocolarmente o impeachment, mas aposta no desgaste de Bolsonaro.
1) Desde abril de 2017, quando as centrais sindicais lideraram a maior greve geral da nossa história, as mobilizações do campo progressista brasileiro se tornaram intermitentes: mobilizações estudantis, carreatas, greve de trabalhadores de aplicativos ou manifestação das torcidas
2) Embora a provisoriedade seja uma marca das mobilizações e engajamentos sociais deste século XXI, o Brasil parece apresentar um sintoma mais agudo desse fenômeno: de 2017 para cá, as mobilizações populares são cada vez mais inconstantes e não geram uma liderança nacional
A Campanha Nacional Fora Bolsonaro apontou o domingo, 21 de fevereiro, como próxima data de mobilização nacional em defesa da vacinação para todos, da volta do auxílio emergencial, contra o desemprego e a fome e pelo impeachment de Jair Bolsonaro.
Capitais e cidades de todo o país deverão realizar ações no sábado, dia 20, ou no domingo, 21, buscando o diálogo com a população e a visibilidade da luta pelo fim do governo assassino de Jair Messias Bolsonaro, que já conta com 68 pedidos de impeachment protocolados na Câmara
A orientação da campanha, a exemplo das ações já realizadas neste ano, é de que sejam evitadas as aglomerações e sejam realizadas carreatas, bicicleatas e atividades simbólicas que dêem visibilidade para nossas bandeiras unitárias respeitando as regras de segurança sanitária.