A variante #B117 é já claramente a dominante em Portugal, representando 58.2% dos casos de Fevereiro.

Confirma-se domínio desta variante sobre todas as outras, mesmo sob confinamento restrito. insaflu.insa.pt/covid19/relato… 1/9
Enquanto em Janeiro a #B117 foi detetada em 16% das amostras, em Fevereiro representou 58.2% do total.

Em contraste, as variantes que eram anteriormente dominantes passaram de 54.7% para 23.5% e de 13.2% para 7% das amostras. 2/9
Era expectável de acordo com o observado em outros países, mas não deixa de ser motivo de preocupação.

Significa que, muito provavelmente, mesmo com o R geral ~0.7, o R só da B117 deve estar ~1 (ou >).

Seria interessante conhecer tais dados @DGSaude. 3/9
O dado positivo é que as medidas de confinamento são eficazes a conter o vírus, inclusive a variante B117.

O negativo é que o aumento de 50-70% de transmissibilidade desta variante é aquilo com que vamos ter de lidar como sendo o "novo normal". 4/9
Isto tem obviamente implicações no desconfinamento. Não podemos esperar uma evolução idêntica ao que aconteceu em 2020.

Seguindo qualquer aumento da mobilidade, o aumento da transmissão vai-se dar de forma muito mais abrupta.

O potencial para descontrolo é muito maior. 5/9
Qualquer reabertura trará efeitos notórios e por isso deve ser gerida com muita atenção e cuidado. Um planeamento gradual extremamente detalhado considerando:

- Temporização de aberturas/fechos
- Medidas específicas (rastreio, tracing, etc)
- Monitorização
- Linhas vermelhas 6/9
Precisamos de abrir, gradual e cuidadosamente, o que é prioritário, só passando para o passo seguinte depois de indicações claras de controlo da situação.

Olhar para a reabertura das escolas dos mais novos como uma oportunidade: 7/9
O pior erro seria abrir demasiado de uma vez. Levaria ao descontrolo e a uma nova vaga.

Estes dados indicam que será difícil reabrir grandes partes da sociedade até à vacinação começar a ter um efeito notório.

É urgente começar a ganhar a luta das variantes vs vacinas. 8/9
Nota para o excelente trabalho do @irj_pt em aumentar a sequenciação e divulgar prontamente os dados. É um passo muito importante para se conhecer a realidade e agir em conformidade.

Será crucial nos meses que aí vêm em relação aos efeitos desta e de outras variantes. 9/9

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More from @diogosimaolemos

24 Feb
Sobre a reabertura do pré-escolar, creches e escolas primárias.

Há múltiplos argumentos que defendem a necessidade de abertura das escolas antes da Páscoa. Um que me parece pouco frisado é do ponto de vista da própria saúde pública: 1/7 expresso.pt/politica/2021-…
A reabertura das escolas até à primária enfatizaria uma estratégia de reabertura gradual e de controlo. Algo também muito importante na comunicação.

Quanto mais se aguarda, mais a pressão aumenta para abrir múltiplos ciclos/serviços de uma vez, o que seria um erro grave. 2/7
A reabertura destas escolas seria também um caso de estudo privilegiado para monitorizar evolução e a aplicabilidade/eficácia das:

- Medidas de contenção local
- Rastreios regulares (incl. testes rápidos)
- Contact tracing direcionado
- Vacinação dos trabalhadores escolares 3/7
Read 7 tweets
23 Feb
Bom texto. As medidas propostas fazem sentido.

As escolas dos mais novos devem ser a prioridade na reabertura se salvaguardado o seu efeito previsível na evolução epidemiológica da pandemia.

Alguns estudos recentes para contribuir para a discussão: publico.pt/2021/02/23/opi…
Estudo do UK (15 Feb) que estima o impacto da reabertura das escolas no R(t):

"Reopening all schools could increase R from an assumed baseline of 0.8 to between 1.0 and 1.5, or to between 0.9 and 1.2 reopening primary or secondary schools alone." cmmid.github.io/topics/covid19…
Estudo do @imperialcollege (22 Feb) sobre diferentes cenários de reabertura no UK:

"Going from level 7 to level 6 (opening schools) will increase R_excl_immunity by an average +0.5 (+0.25 if opening only primary schools)." gov.uk/government/pub…
Read 7 tweets
5 Feb
Novo estudo de modelagem (pre-print) confirma que, independentemente do confinamento imposto, a variante #B117 será a dominante em Portugal já em Fevereiro.

Previsões para o desconfinamento também não são nada animadoras. 1/n
A variante #B117 deverá ser dominante (representativa de +50% dos novos casos) já na semana de 15 a 21 de Fevereiro, mantendo ou não o confinamento. 2/n
No final de Março, perto de 100% dos novos casos em Portugal serão atribuíveis à variante #B117. 3/n
Read 16 tweets
3 Feb
Portugal caiu no Ranking Democrático do @TheEconomist, de "Democracia Plena" para "Democracia Imperfeita", colocando-se agora no 26º lugar no mundo.

Fora comentários incendiários sobre uma headline certamente tentadora e esmiuçando um pouco: economist.com/graphic-detail… Image
França e EUA caíram com Portugal, estando abaixo de países como Uruguai, Chile ou Costa Rica. O ranking é liderado pela Noruega e países escandinavos. ImageImage
A explicação dada pelo @TheEconomist para a queda deste ano: "In Portugal, the frequency of parliamentary debates (through which the prime minister is held accountable) was reduced during the pandemic. This, coupled with the lack of transparency around the appointment...
Read 7 tweets
30 Jan
Projeções do @IHME_UW estimam que estejamos já a iniciar o período descendente na curva de novas infeções.

Segundo o modelo, o pico foi atingido nas ~45 mil infeções diárias (inclui os casos não testados). 1/n covid19.healthdata.org/portugal
A incerteza do modelo considera possível um pico com 70 mil infeções diárias, mas nunca inferior a 30 mil. 2/n
Estes dados são uma indicação sóbria de que o nº de novos casos divulgado diariamente representa apenas uma pequena proporção da realidade.

Continuamos a fazer muito poucos testes. A média móvel do rácio de testes/casos positivos é agora de 19,2% (@WHO recomenda <5%). 3/n
Read 12 tweets
30 Jan
O crescimento exponencial da #B117 em Portugal pelo @irj_pt:

• "No início de dezembro não passaria de um percentual mínimo de 1%"

• "À data de hoje, entre 35% e 40% dos casos totais"

• "Dentro de 3 semanas serão cerca de 65% de todos os casos" 1/5 visao.sapo.pt/visaosaude/202…
"Terão ocorrido 'imensas introduções' durante o mês de dezembro. Esses casos terão sido associados naturalmente com o massivo regresso dos nossos emigrantes a trabalhar no Reino Unido e também muitos turistas britânicos que vieram passar férias a Portugal." 2/5
Não é nada de novo, esses dados eram já conhecidos no início de janeiro: 3/5
Read 5 tweets

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